
Bonadio pediu a prisão preventiva de Cristina, que, para acontecer, precisa ser aprovada pelo Senado de maioria peronista, segundo informa o diário "Clarín", que teve acesso à decisão. O magistrado, no entanto, afirma que só dará início ao procedimento para tirar o foro privilegiado da ex-presidente no Congresso quando o processo for "homologado pela Câmara federal de apelações".
Também foram processados vários ex-funcionários kirchneristas e empresários de setores como obras públicas, energia e transporte.
Para Bonadio, a investigação provou que um aparato complexo foi montado dentro do Estado, "uma organização criminosa constituída de funcionários públicos, que utilizam meios oficiais (incluindo veículos, funcionários, equipamentos de telefonia celular etc.) e comandados por aqueles que eram detentores do Poder Executivo Nacional (Néstor Carlos Kirchner e Cristina Elisabet Fernández) e o Ministério do Planejamento Federal, Investimento Público e Serviços (Julio Miguel De Vido), atuando entre 2003 e 2015 ".
Entenda o caso dos 'Cadernos das propinas'
O escândalo
A causa judicial se baseia em anotações feitas por um ex-motorista do Ministério de Planejamento, Oscar Centeno, em 8 cadernos escolares. Durante 10 anos, Centeno era o responsável pela entrega das sacolas com a propina.
Ele calcula ter transportado US$ 56 milhões em espécie.
Os envolvidos
Segundo o jornal “La Nación”, entre as empresas suspeitas de envolvimento no esquema estão: Techint, Electroingeniería, Impsa, Iesca, Isolux Corsán e o Grupo Roggio.
Nove empresários prestaram depoimento na condição de arrependidos – entre eles o primo do presidente Mauricio Macri, Ángelo Calcaterra, ex-dono da empresa Iesca. Alguns deles já fecharam acordo de delação premiada. Outros sete empresários estão presos.
As acusações
O apartamento de Kirchner em Buenos Aires, assim como a casa presidencial de Olivos e a Casa Rosada, sede do governo, aparecem nos cadernos do motorista Centeno como pontos de entrega das sacolas.
'Perseguida'
Cristina se considera uma "perseguida política" e assegura que o pedido para revistarem suas casas é "um show" midiático. Em suas redes sociais, disse que não faria comentários sobre o caso, e apenas negou a acusação de um empresário de que teria pagado à Cristina para assinar um decreto presidencial.
“Decidi não fazer comentários sobre motoristas ‘arrependidos’ que alegam ter me visto de pijama, nem sobre ex-funcionários da quarta linha, também ‘arrependidos’, que nunca fizeram parte das minhas duas presidências, mas que descrevem excursões quase turísticas no meu quarto”, disse a senadora em suas redes sociais.
Outros processos contra Cristina
Também no ano passado, um juiz federal pediu a prisão preventiva da ex-presidente sob acusação de acobertar criminosos iranianos envolvidos no atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia).