ÁGUA CONTAMINADA - 09/03/2022 08:25

Cidade de SC teve água contaminada por substâncias que podem causar câncer

Duas substâncias com grande risco de gerar doenças crônicas foram detectadas na capital catarinense acima do limite permitido, de acordo com levantamento da ONG Repórter Brasil
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Entre 2018 e 2020, Florianópolis teve a água potável contaminada por duas substâncias tóxicas que podem causar doenças crônicas, como câncer, em níveis acima do limite de segurança. O levantamento foi realizado pela ONG Repórter Brasil e publicado na segunda-feira (7).
A capital catarinense obteve 26 testes de água com resultados acima do limite ideal em três anos, contendo substâncias que podem prejudicar a saúde da população. O número foi maior que de cidades como São Paulo (13) e Guarulhos (11).
Ao todo, 763 municípios brasileiros tiveram contaminações por produtos químicos além das quantidades permitidas por lei durante o período analisado pela Repórter Brasil.
Em Santa Catarina, dos mais de 157 mil testes, 370 análises estavam com mais substâncias perigosas que o tolerável. O Estado foi o terceiro que mais testou a água dos próprios municípios e o quarto em resultados negativos.
Gráfico demonstra número de testagem e amostras com substâncias químicas além do permitido nos Estados brasileiros. – Imagem: Reprodução/Repórter Brasil/Divulgação
No território catarinense, 28 municípios identificaram substâncias com maiores riscos de gerar doenças crônicas. Entre elas estão Balneário Camboriú (com 6 tipos das substâncias mais tóxicas), Benedito Novo (3), Sangão (3), Florianópolis (2), Vitor Meirelles (2) e São José do Cedro (2).
Outros componentes químicos que geram demais riscos à saúde foram encontradas em mais de 50 cidades catarinenses, como Laguna, Chapecó, Bom Retiro, Palhoça, São José, Brusque e Barra Velha.
Infográfico interativo representa municípios com amostras de água contaminadas. – Imagem: Reprodução/Repórter Brasil/Divulgação/
Para Fábio Kummrow, professor de toxicologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) ouvido pela Repórter Brasil, existe risco para quem bebe a água, e ele varia de acordo com a substância e com o número de vezes que ela foi consumida ao longo do tempo. O risco é maior para quem bebeu diversas vezes ao longo de anos.
Substâncias tóxicas em Florianópolis
No período analisado, duas substâncias prejudiciais ao organismo humano e que podem causar câncer a longo prazo foram encontradas na Capital: o 2,4,6 Triclorofenol e o nitrato.
O primeiro é um subproduto da desinfecção da própria água. Pode ser formado a partir do processo de limpeza, quando o cloro é adicionado à água. É utilizado como anti-séptico, agrotóxico para preservar madeira e o couro e como tratamento anti-mofo. A substância é classificada como provavelmente cancerígena pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos.
O segundo químico e seus derivados são usados na fabricação de fertilizantes, conservantes de alimentos, explosivos e pela indústria farmacêutica. É avaliado como provavelmente cancerígeno para humanos pela IARC (Agência Internacional de Pesquisa em Câncer).
Além desses, os ácidos haloacéticos total, formados quando o cloro é adicionado à água para matar bactérias e outros microorganismos, e os trihalometanos, compostos químicos e orgânicos derivados do metano, também foram encontradas acima dos níveis permitidos. Os dois podem causar diversos problemas à saúde e são produtos da desinfecção da água.
Segundo Vinícius Ragghianti, presidente da Acesa (Associação Catarinense de Engenheiros Sanitaristas e Ambientais), para evitar as contaminações é necessário ter uma fonte de água segura, preservada que não tenha matérias orgânicas, como algas, que podem reagir com o cloro.
Nesses casos de contaminação no processo de desinfecção, o ideal seria melhorar o processo de filtração, argumentou o engenheiro. Quando há a contaminação por agrotóxicos e metais pesados, a fonte é o ser humano.
“É sempre uma luta para conseguir uma água sem essas substâncias no ambiente. Esses casos referentes à Santa Catarina são situações, em teoria, normais. Faz-se análises para ver se estão aparecendo essas substâncias para ajustar as quantidades de produtos químicos e voltar a água para os padrões”, afirmou.
O nitrato e os ácidos haloacéticos foram encontrados acima do limite de segurança em amostras da Capital nos três anos analisados pela reportagem. Esse contexto ganha destaque dentro do Mapa da Água, considerado como alerta máximo.
Sobre o Mapa da Água
O especial da Repórter Brasil é resultado de um esforço interdisciplinar de pesquisadores, jornalistas de dados, programadores e designers. O Mapa da Água foi construído a partir de dados de 2018 a 2020 obtidos em novembro de 2021. A ferramenta não abarca atualizações e retificações feitas desde então.
De acordo com a ONG, os dados divulgados são resultados de testes feitos por empresas ou órgãos de abastecimento. Eles são enviados ao Sisagua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano), do Ministério da Saúde, por onde os profissionais tiveram acesso.
Posicionamento da Casan
A Casan vem a público tranquilizar a população sobre a qualidade da água distribuída no estado. A equipe técnica da Casan realiza um controle constante da água conforme os planos de monitoramento definidos pela Portaria de Potabilidade com aprovação das Vigilâncias Sanitárias municipais.
A Casan vem investindo para aperfeiçoar seu atual sistema integrado de qualidade para reduzir o tempo das ações corretivas, tomando as devidas providências nos casos pontuais de desconformidade.
As substâncias questionadas na reportagem possuem um aparecimento pontual e sazonal, acompanhando estiagens rigorosas e recorrentes, como as enfrentadas em Santa Catarina nos últimos 5 anos. A Companhia mantém-se em alerta e já está tomando providências para que o mesmo não ocorra novamente.
Quando são identificados resultados com valores acima do VMP (Valor Máximo Permitido), a Casan procura, de maneira rápida, agir com medidas a curto prazo. As primeiras são ações praticadas na rede de distribuição, como as descargas para limpeza das tubulações e troca da água presente em seu interior, por exemplo.
Além disso, a equipe técnica a CASAN faz uma avaliação, verificação e investigação no local a partir dos dados obtidos alertando os setores responsáveis sobre medidas operacionais que podem mitigar os problemas, como o uso de carvão ativado no tratamento e correções nas dosagens de cloro utilizadas.
Faz parte da política da CASAN e de sua rotina operacional a busca constante de melhorias nos sistemas de abastecimento de água e no controle de qualidade.
Além disso, a Companhia vem inovando na implementação de sistemas de automação no monitoramento operacional das Estações de tratamento de Água que permitem uma ação momentânea nas dosagens dos produtos utilizados no tratamento de maneira adequada e precisa, como é o caso do monitor de coagulante online, para controle automático do ponto de coagulação e sistemas de monitoramento operacional automatizado e on-line de cloro, turbidez, flúor, cor e pH.
A Casan também vem desenvolvendo um programa de vigilância e segurança da água, o qual irá permitir uma avaliação dos problemas que são identificados e definir as melhores estratégias e tomadas de ações para correções em todos o estado de Santa Catarina, tornando seu trabalho ainda mais confiável e transparente.
Por fim, é importante destacar que a CASAN está em alerta constante em relação as substâncias “potencialmente cancerígenas” que possam estar presentes na água seguindo com o monitoramento da água distribuída, água tratada e dos mananciais de abastecimento e em conjunto desenvolvendo novas ações e políticas para garantir a entrega de água segura aos cidadãos de Santa Catarina.
O que diz a Prefeitura de Florianópolis
A Prefeitura de Florianópolis, por meio da Secretaria de Saúde, informa que em 2019 emitiu um auto de intimação solicitando o relatório contendo as providências tomadas em relação à situação de desconformidade relativa aos parâmetros “ácidos haloacéticos totais” e “tri-halometanos” no sistema de distribuição referente ao Sistema Integrado e ao parâmetro “ácidos haloacéticos totais” na saída do tratamento e no sistema de distribuição referente ao Sistema Costa Sul/Leste.
A CASAN respondeu dentro do prazo do auto que, com relação ao Costa Leste, a instalação do flocodecantador o problema seria resolvido. Com relação ao Integrado, a CASAN argumentou que iria mudar o coagulante (de sulfato de alumínio para policloreto de alumínio).
Atualmente a Vigilância em Saúde vai avaliar os parâmetros de 2020 e primeiro semestre de 2021. Além disto, irá checar com a CASAN se realmente efetuaram as mudanças e, se for o caso, emitir nova intimação ou infração.

Fonte: ND mais - notícia do dia
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