Nestes dois anos de pandemia, o caráter sistêmico da Covid-19, isto é, sua capacidade de afetar diversos órgãos, tem desafiado médicos e cientistas ao redor do mundo a entender a extensão dos seus efeitos no organismo – um deles é a possibilidade de alteração da glicemia mesmo em pessoas saudáveis, que não têm propensão a desenvolver diabetes.
Uma delas é o impacto direto do Sars-CoV-2 no pâncreas, órgão responsável pela produção de insulina, que é o hormônio encarregado de transportar a glicose no organismo.
“Temos visto pessoas que tinham um exame normal de glicemia antes da Covid e outro exame alterado pós-Covid. Mas não sabemos se são pacientes que já tinham tendência, nos quais o coronavírus precipitou o aparecimento do diabetes, ou se são pessoas sem tendência alguma. É difícil avaliar como eram os hábitos de vida delas antes da Covid, porque às vezes a glicemia era normal, mas as pessoas já tinham um fator de risco para desenvolver a doença, como estar acima do peso ou ser sedentárias”, explica a médica.
“Às vezes a pessoa é internada e durante a internação acaba descobrindo ocasionalmente que tem diabetes, [porque] qualquer quadro infeccioso pode descompensar a glicemia”, afirma.
Outra questão que pode desencadear o diabetes ou mesmo alterar a glicemia naqueles que têm a doença controlada é o tratamento administrado a pessoas que desenvolvem quadros graves de Covid-19 e precisam ficar internadas. Nesses casos, os pacientes recebem corticoides, um tipo de medicação que causa alteração no metabolismo da glicose.
Como evitar o diabetes
“Entre os fatores mais determinantes que podem piorar ou precipitar o aparecimento do diabetes estão o excesso de peso, o excesso de gordura corporal, o sedentarismo e a má alimentação. Então, quando já existe um parente de primeiro grau que tem diabetes, a pessoa precisa se cuidar um pouco mais do que o restante da população”, explica Mariana.
“Aquela gordurinha que se acumula na região do abdômen tende a se acumular dentro dos órgãos, causando gordura no fígado e no pâncreas; é uma gordura visceral que contribui para o desenvolvimento do diabetes”, ressalta.
“Toda vez que nos alimentamos, a glicose entra no nosso corpo e é distribuída entre os órgãos pela insulina, e o açúcar também é eliminado pela urina. No diabético há dificuldade nessa distribuição e na eliminação. Então a pessoa começa a ir ao banheiro várias vezes, porque o açúcar, que deveria estar nos órgãos, está no sangue”, explica Mariana.
“Entretanto, se não for iniciado um tratamento logo nessa fase em que há um leve aumento da glicose, ela vai aumentando [gradualmente] e então aparecem alguns sintomas que o corpo mesmo faz na tentativa de eliminar o açúcar no sangue”, destaca.