PREOCUPAÇÃO - 27/03/2022 09:48

Fim do uso de máscaras preocupa Saúde com chegada do frio em SC

Panorama da Covid-19 passou por alterações durante o percurso da doença em SC; no terceiro ano de pandemia, medidas sanitárias foram influenciadas pelas taxas de vacinação
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Há pelo menos dois anos uma das preocupações com a chegada das estações frias é o aumento da transmissão do vírus da Covid-19. Com as taxas de vacinação baixas ou inexistentes, como em 2020, a orientação das autoridades de saúde salientava a importância do uso de máscaras, distanciamento social e higienização das mãos. Dois anos depois, a pandemia não acabou, mas a orientação em Santa Catarina mudou.
É o que mostra o decreto publicado pela SES (Secretaria de Estado da Saúde) em 12 de março de 2022, oito dias antes do início do Outono. “O que era obrigatório, se torna uma recomendação de saúde pública”, afirma o documento do governo, que garante um cenário epidemiológico “estável”.
Na contramão, profissionais da saúde avaliam que o momento para a liberação pode ser precipitada. “Pelo fato do vírus ainda estar circulando e a cobertura vacinal dos grupos não estar totalmente completa, o risco, apesar de menor, ainda existe”, comenta o pediatra infectologista Tarcisio Crocomo.
Com a chegada das frentes frias, a preocupação aumenta. “O clima mais frio sempre favorece a transmissão das doenças infecciosas do aparelho respiratório, o que inclui a Covid-19, pela forma de transmissão. Todo cuidado deverá ser observado. De alguma forma, há o risco de surtos”, diz Crocomo.
Para a decisão que libera o uso do acessório, o governo do Estado levou em consideração o índice de vacinação contra a doença em Santa Catarina, que passa dos 82% de pessoas vacináveis com pelo menos duas doses na região, além de contar com a menor taxa de letalidade do Brasil, em 1,31%.
Controle parcial da doença
Para o epidemiologista Fabrício Augusto Menegon, também não está descartada a hipótese de um novo surto da doença, apesar de considerar que a situação é mais favorável, se comparado com períodos anteriores.
“Os surtos são sempre esperados quando se diminuem as camadas ou barreiras de proteção. Se eles vão realmente ocorrer, ainda não sabemos. Isso dependerá do comportamento da população”, avalia.
“Se as pessoas acreditarem na ideia de que a pandemia já acabou e voltarem a promover aglomerações em qualquer espaço, sem se preocuparem com o fato de que o vírus continua circulante em alta quantidade, isso poderá contribuir com o surgimento de surtos”, completa.
Liberação x prevenção
Há pouco menos de um mês desde a liberação, a dispensa da máscara já é um hábito para alguns. No entanto, alguns seguem receosos quanto a retirada do item. É o caso da estudante e estagiária Júlia Matos.
“Comecei meu estágio ainda em casa, mas começamos a fazer os programas da rádio toda sexta-feira [de forma presencial]. Então, eu vou até lá nesses dias. As entrevistas sempre foram feitas de máscara, mas, há um mês, mais ou menos, meu colega e os convidados começaram a tirar. Como a mesa de entrevista é grande e tem distanciamento, mantivemos pelo menos um metro entre os participantes”, lembra.
“Eu, por vontade própria, quis continuar. Agora, eu começo a repensar para fazer as entrevistas, por causa do decreto que foi publicado, mas continuo usando, preciso me sentir um pouco mais segura”, finaliza Júlia. O uso do item ainda é incentivado por profissionais da área.
“As medidas anunciadas sobre a não utilização das máscaras realmente trouxeram preocupações, mesmo com a diminuição do numero de casos, ainda estamos com casos da doença ocorrendo. A vacinação auxiliou muito para essa situação. O uso da máscara é uma medida também comprovadamente útil. Sem dúvidas a recomendação é manter o uso da máscara principalmente aos grupos prioritários”, pontua Crocomo.
Outro lado
Na contramão, àqueles que já se sentem a vontade para frequentar espaços sem o acessório, também explicam o porquê.
“Durante a pandemia não havia vacina, então, na empresa, usávamos máscara. Depois de vacinado, fui para uma função onde preciso usar minha voz, e, com a máscara, o áudio fica abafado, e ficava mais cansado também”, conta o jornalista Josué Maia.
“Estando vacinado, eu não estava usando a máscara, antes mesmo do decreto. Acho que um tanto de medidas são hipócritas, pois, às vezes, as pessoas trabalham juntas, de máscara, mas vão almoçar, sentam juntas em uma mesa, e estão sem máscara”, completa.
Anda assim, ele garante não ter abandonado totalmente o uso do equipamento. “Eu continuo usando máscara no transporte público ou mercado, mas, no trabalho, com grupo reduzido de pessoas e trabalhando com a voz, eu não utilizo”.
Conforme explica Menegon, o equilíbrio para a retirada do item é crucial para o momento. “Não era o momento de desobrigar totalmente o uso das máscaras. Em algumas situações, não usar máscaras até é admissível, como ao ar livre, ou nos ambientes abertos com boa ventilação. Melhor ainda se todos nestes locais estiverem com o esquema vacinal completo. Liberar de forma irrestrita é um erro, uma irresponsabilidade”, reforça o profissional.
Pandemia, endemia e vacinação em SC
Entre as polêmicas que cercam o atual cenário da doença viral, está a classificação do estágio da Covid-19. Após o interesse do Ministério da Saúde em “rebaixar” o status da pandemia para endemia, o tema veio à tona.
“Aqui no brasil, isso é um equivoco brutal do ponto de vista conceitual e epidemiológico. Quem decreta pandemia é a autoridade sanitária mundial, a OMS (Organização Mundial da Saúde). É pandemia porque extrapola os limites de um país, já a endemia é uma doença que se convive com ela, mas há mecanismos de conter, como o caso da malária, endêmica para a região Norte do Brasil”, comenta Menegon.
“O único mecanismos que nós temos para liar com a Covid-19 é a vacina, não há tratamento para a Covid-19”, reforça.
Em Santa Catarina, os índices de vacinação, pelo menos das doses iniciais, são altos. No Estado, 85,01% da população geral já recebeu a primeira dose, enquanto 77,82% estão com segunda dose ou dose única aplicada. Na contramão, o índice de pessoas imunizadas com a terceira dose não apresenta os mesmos números.
Apenas 38,46% dos catarinenses retornaram aos pontos de vacinação para receberem a dose de reforço, o que representa 2.143.487 de pessoas, num Estado com população em torno de 7.338.473 moradores, segundo estimativa de 2021 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A terceira dose está disponível para o público que já completou quatro meses da aplicação da segunda dose, conforme relatado no cartão de vacinação de cada paciente.
Fonte: ND mais - notícia do dia
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