Foto: Estela Benetti/ Divulgação
Soluções inovadoras para segurança mas que podem ser usadas também em outras áreas foram destaques na II Expo Defense – Feira de Tecnologia e Produtos de Defesa, realizada na Base Aérea de Florianópolis. Entre as tecnologias apresentadas estão uma rede digital que consiste em um ‘Whatsapp’ exclusivo criado pela Dígitro; software para defesa que conecta até câmeras corporais lançado pela Intelbras; coturnos com nanotecnologia criados pela Viposa; gabinete odontológico portátil desenvolvido pela Olsen e robô do Instituto Senai Joinville.
A mostra foi visitada pelo vice-presidente Hamilton Mourão na sexta e pelos ministros da Defesa, Paulo Sérgio de Oliveira, e de Ciência, Tecnologia e Inovações, Paulo Alvin, na quinta. Eles foram recebidos pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiesc), Mario Cesar de Aguiar, e por Cesar Olsen, presidente do Comitê da Indústria de Defesa (Comdefesa) da federação, que organizou a mostra.
A Dígitro Tecnologia, de Florianópolis, aproveitou a feira para mostrar soluções de integração de informações e dados que colaboram para a geração de conhecimento para segurança nos setores público e privado, explicou o consultor de Inteligência e Estratégias da companhia, Humberto Garay. O executivo falou sobre como funciona o sistema Una, um tipo de ‘Whatsapp’ para organizações que precisam de sigilo na comunicação entre equipes e preservação de dados.
- O software Una faz quase tudo o que o Whatsapp faz, porém com criptografia, o que o whats também tem. Mas a criptografia do Una fica no servidor do nosso cliente, não na nuvem, como a do Whatsapp. Assim, a empresa ou instituição tem um total domínio dessa comunicação. Numa empresa onde os dados são importantes, estratégicos, essa contrainteligência usa uma rede específica para se comunicar com segurança – explica Garay.
A Intelbras, de São José, lançou na Expo um novo software exclusivo para o setor, denominado Defense IA. Com o uso de inteligência artificial, ele conecta gravações e imagens de câmeras, inclusive as corporais, reconhecimento facial, facilitando ações de serviços públicos de segurança.
Segundo o diretor de vendas da unidade de segurança, Washington de Freitas, a Intelbras foi autenticada em 2021 como uma Empresa Estratégica de Defesa (EED) pelo Ministério da Defesa, o que reconhece a qualidade de soluções da empresa ao setor. A companhia apresentou várias soluções de segurança eletrônica, incluindo câmeras portáteis, controles de acesso e redes. Também apresentou serviço para instalação de geração solar de energia.
Um equipamento desenvolvido para atendimento odontológico em condições extremas, o OdontoPortátil, foi o produto exposto pela Olsen, de Palhoça. Idealizado pelo fundador e presidente da Olsen, o industrial Cesar Augusto Olsen, esse item integra os equipamentos da base brasileira na Antárctica e também tem sido exportado.
Entre os produtos com tecnologia destinada às forças armadas, mas que podem ser acessados também pelos consumidores em geral, está um coturno que não tem aderência de água e não fica molhado. A novidade, que conta com nanotecnologia, foi apresentada pela indústria catarinense Viposa, de Caçador.
- Este foi um desenvolvimento exclusivo para os fuzileiros navais da Marinha do Brasil. É um calçado de couro hidrofugado. A fibra do couro é preenchida por óleo e consegue fazer a evaporação de água através da nanopartícula – explicou o técnico comercial da empresa, Luiz Fernando Biachi.
Essa mesma tecnologia está em calçados de segurança feitos pela empresa. E como as botas tipo coturno avançaram na moda, as vendas no e-commerce da Viposa cresceram 37% em 2021.
O Instituto Senai de Inovação em Sistemas de Manufatura, de Joinville, apresentou na Expo Defense nova versão de robô de pintura de plataformas offshore, para superfícies não planas. A primeira verão, para superfícies planas, já está em operação. O projeto foi desenvolvido em parceria com a Petrobras. Um diferencial do produto é que ele se fixa por imãs nas paredes para fazer o trabalho.
R$ 1,2 bilhão para defesa
Em palestra na Expo Defense, o diretor do Departamento de Ciência, Tecnologia e Inovação (Decti) do Ministério da Defesa, Carlos Eduardo Góes, disse que no período de 2019 a 2022, o Fundo está investindo R$ 1,2 bilhão em projetos de defesa. Segundo ele, entre os projetos estratégicos estão as Fragatas Classe Tamandaré, que serão fabricadas em SC, e os aviões Gripen, que estão sendo importados por portos do Estado.
De acordo com levantamento do Comdefesa Nacional, as atividades industriais voltada à defesa e segurança respondem por 4,4% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e gera 2,9 milhões de postos de trabalho, entre diretos e indiretos. O Comdefesa SC apurou que em 2021, indústrias do Estado venderam o equivalente a R$ 302,8 milhões ao setor de defesa. Nos últimos três anos, essas vendas acumularam alta de 20%.
O presidente do Condefesa SC tem incentivado para que mais empresas do Estado se tornem fornecedoras estratégicas das forças armadas. Além de atuar em mercado especial, elas precisam obter uma certificação de qualidade que ajuda a atender o mercado em geral.
