Hospital São José tem mais de 100 profissionais da área no quadro de colaboradores (Foto: Arquivo O Líder)
O novo piso salarial para os profissionais de enfermagem já foi aprovado no Senado e Congresso Nacional, no entanto segue gerando polêmica. Enquanto a categoria comemora o aumento salarial, gestores da saúde, especialmente dos hospitais filantrópicos se mostram preocupados com a falta de uma fonte de financiamento para a cobertura dos gastos.
Conforme a diretora do Hospital São José de Maravilha, Neiva Schaefer, o impacto anual na folha de pagamento deve ser superior a R$ 2,3 milhões para a entidade. Por mês, o aumento das despesas para pagar estes profissionais é de aproximadamente R$ 180 mil, com o novo piso.
O hospital de Maravilha tem contratados 29 enfermeiros, 77 técnicos de enfermagem e 2 auxiliares de enfermagem. Pela lei aprovada, o piso inicial para enfermeiros passa a ser de R$ 4.750,00. Para os demais profissionais o cálculo é proporcional, sendo 70% do piso para técnicos de enfermagem e 50% para auxiliares de enfermagem e parteiras.
Hospitais relatam déficit de décadas
Diretora Neiva Schaefer fala sobre dificuldades em arcar com o aumento dos gastos com folha (Foto: Divulgação)
Conforme Neiva, a preocupação com a elevação nos gastos não é apenas do Hospital São José. Ela ressalta que hospitais de todo país, especialmente os filantrópicos, estão preocupados com o futuro do setor. Ela reforça que os gestores defendem a equiparação salarial, mas alertam para a importância de liberação de recursos do Governo Federal para que os hospitais filantrópicos continuem com as portas abertas com a efetivação da lei.
Os gestores alertam para a possibilidade de um colapso na saúde do país, tendo em vista que mais de 70% dos atendimentos do SUS são realizados pelos filantrópicos. Eles reforçam ainda que há mais de duas décadas, acarreta-se uma crise de déficit entre os hospitais e o SUS, por falta de financiamento.
“Atendemos mais de 82% SUS, arcando com 60% do custo dos atendimentos pois a tabela praticada pelo sistema não é revista há anos. Atualmente, são os hospitais filantrópicos que estão arcando com a saúde pública, sem ter condições”, destaca Neiva.
Hospital de Maravilha avalia mudanças
A diretora Neiva Schaefer afirma que o impacto na folha de pagamento do Hospital São José, pode trazer mudanças duras para a entidade. “Teremos que rever nossos serviços, rever quadro de funcionários, para conseguirmos continuar de portas abertas caso não haja uma fonte de financiamento para que esse projeto seja realmente efetivado e os hospitais consigam cumprir com o que diz a lei”, reforça.
Governo municipal não deve ter impacto significativo na folha
Secretária de Saúde, Miriane Sartori, fala sobre o cenário no município (Foto: Divulgação)
A Secretaria Municipal de Saúde de Maravilha não deve ter impactos tão significativos na folha de pagamento com o novo piso da enfermagem. Conforme a secretária, Miriane Sartori, os enfermeiros contratados pelo município já ganham acima do piso aprovado. Os profissionais recebem R$ 5.513,62 como salário inicial.
Já os técnicos e auxiliares de enfermagem devem ter um aumento real no salário. Atualmente os técnicos de enfermagem recebem R$ 2.188,62 e os auxiliares de enfermagem R$ 1.568,00 como salário inicial ao serem contratados para atuar na Secretaria Municipal de Saúde. Pelo novo piso, técnicos passam a receber R$ 3.325,00 e os auxiliares R$ 2.375,00.
O município tem atualmente 15 enfermeiros contratados, 24 técnicos e um auxiliar de enfermagem. Assim o impacto mensal na folha, sem contar décimo e férias, seria de aproximadamente R$ 28 mil.