A Associação de Pais e Amigos dos Surdos (APAS), de São Miguel do Oeste,
conquistou um avanço importante: passou a funcionar oficialmente como Centro
de Atendimento Educacional Especializado (CAESP) voltado à surdez,
deficiência auditiva e ao público com implante coclear. A mudança
marca um novo momento para a instituição, que agora está vinculada à Fundação
Catarinense de Educação Especial (FCEE) e tem reconhecimento como
unidade de ensino.
Apesar de manter sua estrutura de associação, a APAS passa a atuar com diretrizes
pedagógicas próprias, ampliando sua capacidade de atendimento, acesso
a convênios e contratação de profissionais. Com isso, o centro reforça seu
compromisso com a educação bilíngue (Libras como língua
materna e o português como segunda língua), além de oferecer suporte completo
aos alunos e às famílias.

"Antes, não éramos considerados educação nem saúde. Agora temos
reconhecimento pedagógico e apoio do Estado, o que amplia o alcance do nosso
trabalho", explicou a diretora da APAS, Cláudia Mara Vizentin,
durante entrevista ao programa Atualidades.
Atualmente, a instituição atende alunos de 11 municípios da região,
com idades entre 5 e 76 anos. Para ser atendido, é necessário
apresentar laudo com diagnóstico auditivo. O centro oferece jornada
integral com três refeições diárias, além de um ambiente com
professores surdos e ouvintes, preparados para lidar com os diferentes perfis
de aprendizagem.
A assistente social Irma Lutz Wagner destacou que a
inclusão é um desafio diário, já que o processo de aprendizagem exige métodos
visuais e trilinguismo (imagem, Libras e português). “Cada aluno tem um jeito
único de aprender. Por isso, nossas estratégias precisam ser adaptadas a cada
realidade”, explicou.
Além da educação formal, a APAS desenvolve ações de inserção no
mercado de trabalho, acompanhando os alunos também fora da sala de
aula. “Hoje, todos os nossos alunos em idade ativa estão inseridos no mercado
de trabalho com acompanhamento da instituição”, afirmou Irma. O centro também
promove cursos gratuitos de Libras para empresas e profissionais da saúde,
visando ampliar a comunicação acessível na sociedade.
Outro diferencial destacado foi o atendimento psicossocial
oferecido às famílias, com visitas domiciliares anuais e apoio constante. A equipe
também realiza intermediação da comunicação em empresas e atendimentos médicos,
reforçando o papel da instituição na inclusão efetiva das pessoas com
deficiência auditiva.
A APAS mantém ainda um portal da transparência, onde é
possível acompanhar os convênios firmados, as atividades desenvolvidas e os
currículos dos profissionais. “Falamos tanto de acessibilidade, mas muitas
vezes esquecemos da acessibilidade comunicacional. Libras também é inclusão”,
reforçou Cláudia.