Não teve nada de "Pior Gre-Nal da História" ou de "Clássico dos Esfarrapados". Mesmo que estivessem desesperançados na prévia do 448º encontro, Inter e Grêmio entregaram um espetáculo de entretenimento, com pênaltis, expulsão, polêmicas de arbitragem e muitos gols.
No final, melhor para os tricolores. Com um 3 a 2 de virada, depois de estar duas vezes atrás do placar, segurando boa parte do tempo com um homem a menos e tendo um pênalti contra si no último minuto, a equipe quebrou o período de quase dois anos sem vencer o rival, passou-o na tabela do Brasileirão e renasce na competição. Do lado colorado, será difícil sustentar Roger após a perda da única real estatística favorável. Pena que só 28 mil pessoas foram ao Beira-Rio ver isso tudo.
O Inter foi escalado na manhã de domingo. Thiago Maia fez tratamento para uma lombalgia, mas não conseguiu se recuperar. Alan Rodríguez, que tinha um desconforto muscular, ficou à disposição. A decisão de Roger foi escalar Richard como primeiro volante, devolver Bruno Tabata para a meia direita e recolocar Borré como titular no ataque, ao lado de Carbonero.
Já o Grêmio foi escalado na tarde de sexta-feira. No penúltimo treino antes do clássico, Mano Menezes decidiu montar o meio-campo com Cuéllar e Arthur nas duas primeiras funções, Edenilson mais à frente, Pavón na direita e o estreante Willian na esquerda. Carlos Vinícius, novo titular, completou o ataque. Marcos Rocha, recuperado, voltou à lateral direita.
O Gre-Nal começou com uma finalização para fora de cada time antes mesmo dos cinco minutos. Para o Inter, uma falta de Noriega foi cobrada por Alan Patrick para a área, Juninho desviou para fora. Para o Grêmio, Pavon foi lançado às costas de Bernabei e cruzou rasteiro, Vitão dividiu com Carlos Vinícius e, no rebote, Edenilson bateu por cima.
Logo depois, Pavon deu um passe errado, Arthur pisou no pé de Borré, mas Alan Patrick pegou o rebote. Ele clareou para Alan Rodríguez, que bateu da entrada da área, à direita de Volpi. Aos 12, o Grêmio tinha achado um espaço, o óbvio, pela direita. Pavon até ganhou de Bernabei, mas a conclusão da jogada, um misto de cruzamento terrível e chute horroroso foi direto para fora.
A sequência desse lance foi de ataque do Inter. Alan Patrick entregou para Bernabei, que entrava na área pela esquerda. Noriega entrou de carrinho, seu joelho acertou o calcanhar do lateral, que caiu. A bola seguiu rolando por mais dois minutos até que parasse e Marcelo de Lima Henrique fosse chamado ao VAR. Após revisão, ele apontou para a marca. Alan Patrick, aos 20, bateu forte, alto, cruzado. Volpi foi bem, ainda tocou a bola, mas não impediu o gol: 1 a 0.
A vantagem fez parecer que o Inter jogaria mais tranquilo. Teve uma falta ao lado da área, que Alan Patrick tentou surpreender Volpi, insistiu na frente. Mas o estreante Willian já dava mostras do que sabia fazer. Arrumou, minutos antes, um passe de calcanhar. Depois tinha achado Marlon. E na terceira participação, aos 29, descolou um passe de primeira para o lateral, na linha de fundo, e dele veio um cruzamento perfeito. Carlos Vinícius enganou Juninho e cabeceou, Rochet ainda bateu na bola, mas a bola caiu dentro do gol: 1 a 1.
O Inter voltou a assustar aos 35. Bernabei conduziu pela meia esquerda e chutou cruzado. Borré desviou de leve, a bola saiu à esquerda de Volpi.
Pouco antes do intervalo, os dois times perderam jogadores por lesão. No Inter, Alan Rodríguez não aguentou as dores musculares e saiu para a entrada de Bruno Henrique. No Grêmio, Carlos Vinícius se esticou demais para pegar um cruzamento de Pavón e sentiu a coxa. André Henrique entrou em seu lugar.
Deu tempo ainda para o Inter perder uma chance claríssima. Aos 44, Aguirre achou Tabata na direita, ele fez um cruzamento na medida. Carbonero, sozinho, dominou, ajeitou e chutou por cima.
O caso é que Carbonero ficou tão sozinho porque Marcos Rocha foi enganado por um desvio da bola a centímetros de sua cabeça. E o desvio foi de Noriega, com a mão espalmada. No VAR, Marcelo de Lima Henrique assinalou pênalti. A cobrança foi aos 50. Alan Patrick mudou o canto, Volpi não: Inter 2 a 1.
Mas o Inter não sustentou a vantagem nem três minutos. Aos 52, Willian cobrou escanteio no primeiro pau, ninguém da defesa subiu e André Henrique, no bolo, deixou tudo igual novamente.
Nem Mano nem Roger mudaram seus times no vestiário.
E os espaços também também continuaram inalterados. Pavón, às costas de Bernabei, recebeu no fundo e cruzou rasteiro, Rochet se antecipou a André Henrique e ficou com a bola.
A primeira chegada colorada foi aos oito. Aguirre cruzou rasteiro, Borré se antecipou a Noriega, que caiu na área, e desviou de pé esquerdo. A bola passou raspando a trave.
O panorama dos 15 minutos era de posse do Inter, mas pouca profundidade. O Grêmio fechava os espaços e tentava contra-atacar pelas pontas.
Aos 16, Mano mexeu na equipe. Saíram os dois pontas, Pavon e Willian, entraram Alysson e Cristian Olivera. E não precisou nem de um minuto para dar efeito. O Inter atacava pela esquerda. A bola foi cruzada para a área, Noriega afastou. André Henrique se antecipou e encostou para Alysson. Juninho foi mal na dividida e a bola ficou na feição para o jovem atacante gremista. Com calma, ele cortou Vitão e bateu no cantinho para virar para o Grêmio.
Imediatamente, Roger fez duas trocas (que já estavam na beira do campo). Luis Otávio e Romero dentro, Richard e Bruno Tabata fora.
O Grêmio baixou o ritmo do jogo. Deixou parado quase cinco minutos entre atendimentos a Cuéllar e Volpi. Nesse período, Mano trocou Edenilson e Cuéllar por Dodi e Cristaldo. No recomeço do jogo, Carbonero arrancou pelo meio e Arthur deu um carrinho forte, por trás, pegando na altura do joelho. No campo, o árbitro deu cartão amarelo. Chamado ao VAR, corrigiu para expulsão.
Com um mais, Roger chamou Ricardo Mathias. Ele entrou no lugar de Bruno Henrique. Era o tudo ou nada final do treinador colorado.
O centroavante quase deixou tudo igual aos 36. Carbonero cruzou, Mathias cabeceou e Volpi fez uma defesaça para impedir o empate. O goleiro fez outro milagre aos 38. Vitão cruzou, Carbonero, livre, cabeceou e Volpi espalmou.
Era pressão total. Ao Grêmio cabia resistir. E fez com sabedoria. O desequilíbrio colorado ficou evidente aos 45, quando Bernabei, que já tinha amarelo, foi expulso por falta em Kiki Olivera.
No último lance, aos 51 minutos, o terceiro pênalti. Alan Patrick teve a chance de empatar. Mas cobrou na trave, Borré perdeu o rebote. E os tricolores deixaram o Beira-Rio com a renovação da esperança. O Inter terá tudo para ser refeito.
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