Avenida Padre Cacique, 681, Porto Alegre. Um milagre foi registrado nesse endereço na tarde de 7 de dezembro de 2025. Precisando ganhar do Bragantino e torcer por dois de três resultados paralelos para ficar na Série A, o Inter entrou quase desacreditado.
Menos por 21.170 colorados nas arquibancadas da escaldante tarde de sol. Foram eles que conduziram o 18º da 37ª rodada ao 16º da última. Incrivelmente, o Colorado está na Série A em 2026.
Abel repetiu a equipe que, em sua avaliação, fez a melhor partida, contra o Santos. Assim, usou Rochet; Aguirre, Vitão, Mercado e Bernabei; Thiago Maia, Bruno Gomes, Alan Rodriguez e Alan Patrick; Vitinho e Borré. Um 4-4-2 clássico na despedida da temporada.
O calorão de 32ºC, aumentado pelo sol, fez a partida começar em ritmo mais lento do que se previa. O Inter não conseguiu, nos primeiros minutos, impor a pressão que poderia se prever. Tampouco o Bragantino deixava. Trocando passes e cavando faltas, os visitantes faziam o jogo correr como eles queriam.
Essa talvez seja a explicação para que a primeira conclusão demorasse 16 minutos para ocorrer. Bruno Gomes lançou Vitinho, o goleiro Cleiton saiu com o pé e impediu o chute. Alan Rodriguez pegou o rebote, na intermediária, e abriu na ponta. Vitinho cruzou, Borré deixou passar, Alan Patrick ajeitou e Aguirre concluiu por cima do travessão.
Ao mesmo tempo em que esses lances ocorriam, os placares eram alterados. Os gols de Ceará e Fortaleza reduziram as esperanças, mas o empate dos paulistas devolveu alguma sensação positiva.
O Bragantino chegou aos 28. Sasha tabelou com Pitta, recebeu de volta e chutou, da meia-lua. Nem foi tão forte assim, mas Rochet espalmou e teve de correr para evitar o rebote, que foi anulado por impedimento.
Aos 32, sim, uma chance clara. Alan Rodriguez foi acionado por Alan Patrick na direita. Ele cruzou, a bola ficou na área, Borré ajeitou e Bruno Gomes bateu de primeira. A bola explodiu na trave e não entrou.
Foi o único lance ofensivo digno de registro até o intervalo. O arrastado primeiro tempo terminou como se fosse um amistoso para um time desesperado. Só o empate do Botafogo, já durante as entrevistas, motivou alguma reação no estádio.
Segundo tempo
Abel não mexeu na equipe no vestiário. O que mudou foi o ânimo do estádio com o gol do Botafogo, da virada sobre o Fortaleza. O Beira-Rio voltou a cantar. Àquela altura, o time precisava de um gol para escapar.
Quase que ao mesmo tempo, aos três minutos, um sopro de festa. Vitão pegou uma sobra do lado direito e cruzou para a área. Mercado, sozinho, saltou e cabeceou. Cleiton falhou, a bola quase não passou pela linha. Mas passou: 1 a 0. Incrivelmente, a combinação de resultados nesse momento era favorável, e o Inter não seria rebaixado.
Durou pouco essa sensação. O gol do Fortaleza devolvia ao Inter a necessidade de fazer mais um gol.
Ele quase veio aos 14. Alan Patrick cobrou falta para a área, ninguém cortou, o rebote caiu atrás de Borré, que ainda conseguiu desviar. Mas a bola tocou em Alix e saiu por pouco.
A boa sensação voltou mesmo com esse erro. O Palmeiras havia virado sobre o Ceará e o resultado favorecia ao Inter. Logo depois, o Palmeiras fez o terceiro. Só que o Vitória havia marcado contra o São Paulo, devolvendo o Inter ao Z-4. Era preciso mais um gol.
Para isso, Abel mexeu no ataque. Saíram Vitinho e Borré, entraram Carbonero e Ricardo Mathias.
Talvez os atletas colorados não soubessem dos resultados. Porque quando demorou para repor a bola em um tiro de meta, os torcedores reagiram gritando:
"Mais um! Mais um!".
Aos 30, aconteceu o lance esperado no Beira-Rio. Em um cruzamento da esquerda, Alan Patrick não conseguiu pegar, mas Aguirre, sim. E ao dominar a bola, foi abalroado por um adversário. Pênalti. A cobrança de Alan Patrick ocorreu aos 32 minutos. Goleiro de um lado, bola do outro: Inter 2 a 0. Se nada mais acontecesse, o Inter ficaria na primeira divisão.
Até aconteceu, mas favoravelmente. O Bragantino atacava pela direita quando o Inter recuperou a bola. Alan Patrick foi esperto e deu um passe de primeira para Ricardo Mathias. O centroavante deu a assistência perfeita para Carbonero, que avançou, avançou e, na frente de Cleiton, estufou a rede: 3 a 0. Agora, era aguardar os resultados paralelos.
A explosão veio quando o Botafogo marcou o terceiro gol. Agora era só segurar. Mas não por muito tempo. Aos 40, John John, de fora da área, chutou no alto e Rochet não chegou: 3 a 1.
Àquela altura, o que restava era acompanhar o Botafogo. E tentar não levar mais. Seriam seis minutos de acréscimos e de sofrimento no Beira-Rio. O quarto gol do Botafogo foi a desforra que faltava. O Inter ficou na primeira divisão.
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