Aos 31 anos, a brasileira Raquel Kochhann não teve um ciclo olímpico fácil. Afora os desafios inerentes de uma atleta olímpica, com rotina puxada de treinos e preparação física, a jogadora de rúgbi sevens precisou enfrentar um câncer de mama, que a afastou dos gramados por quase dois anos. Na sexta-feira, ela será porta-bandeira do Brasil, ao lado de Isaquias Queiroz, na cerimônia de abertura da Olimpíada de Paris-2024.
Em sua terceira Olimpíada da carreira, Raquel se tornará a primeira atleta brasileira a disputar os Jogos Olímpicos após se recuperar de um câncer. "Essa sensação de levar a bandeira para o mundo inteiro ver em uma cerimônia de abertura é algo que não consigo explicar em palavras. Trabalhamos muito no Brasil para que o rúgbi cresça e ganhe seu espaço. Sabemos que a realidade do nosso esporte não é ter uma medalha de ouro por enquanto, apesar de termos esse sonho. Mas sempre vi que quem carrega essa bandeira tem uma história incrível e representa uma grande conquista", celebrou a atleta.
Em pouco tempo, se tornou uma das líderes da seleção brasileira de rúgbi e participou dos Jogos Olímpicos do Rio-2016, quando a modalidade estreou no torneio, e em Tóquio, em 2021. Pouco antes da edição japonesa, entretanto, a jogadora notou um estranho caroço no peito. Ela chegou a se consultar com os médicos do Time Brasil durante a competição, mas nada de anormal foi detectado. Um ano depois, no entanto, o caroço havia dobrado de tamanho e células cancerígenas foram detectadas no local. Ela estava com câncer de mama.
Ao todo, foram dois anos de recuperação fora dos gramados. Em conjunto com a quimioterapia e radioterapia, a jogadora também realizava exercícios adaptados para se manter em forma e permanecia junto ao grupo da seleção brasileira para fortalecer o aspecto mental e o vínculo emocional do time.
No final de 2023, voltou a competir profissional pelo Charrua Rugby Clube, do Rio Grande do Sul, no Campeonato Brasileiro. E então, em janeiro de 2024, recebeu a notícia que tanto esperava: voltou a ser convocada pela seleção brasileira. Em conjunto com a equipe, fez uma forte campanha no cenário mundial e assegurou a vaga brasileira em Paris-2024.