Quando você escuta falar sobre o autismo, o que vem na sua cabeça? Para muitos podem ser coisas boas e compreensivas, mas para tantos outros pode ser considerado ou classificado como: frescura, manha, falta de umas palmadas ou até mesmo querer chamar atenção.
Mas, você sabe de fato o que é autismo e o que ele causa?
O autismo é um espectro, isso significa que pode se manifestar de diversas formas e intensidades. Os principais sinais geralmente aparecem nos primeiros anos de vida e incluem as dificuldades na interação social e na comunicação; comportamentos repetitivos ou interesses restritos; e alterações na forma como percebem estímulos sensoriais, como a luz, som, toque, entre outros.
Segundo a associação de pais e profissionais de saúde, o Autismo e Realidade: “o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-5 rotula estes distúrbios como um espectro justamente por se manifestarem em diferentes níveis de intensidade. Uma pessoa diagnosticada como de grau 1 de suporte apresenta prejuízos leves, que podem não a impedir de estudar, trabalhar e se relacionar. Um indivíduo com grau 2 de suporte tem um menor grau de independência e necessita de algum auxílio para desempenhar funções cotidianas, como tomar banho ou preparar a sua refeição. Já o autista com grau 3 de suporte vai manifestar dificuldades graves e costuma precisar de apoio especializado ao longo da vida.”
De forma geral, o tratamento combina diversas abordagens terapêuticas com o objetivo de desenvolver e aprimorar competências sociais, comunicativas, de adaptação e de organização. A rotina de intervenções pode envolver atividades voltadas à comunicação funcional e espontânea; brincadeiras que estimulem a interação social; ensino e reforço de novas habilidades; além de estratégias para promover comportamentos positivos e reduzir condutas inadequadas. Entre as práticas mais utilizadas, destacam-se a Análise do Comportamento Aplicada (ABA) e a Terapia Cognitivo-Comportamental.
Município
O Município de Maravilha oferece terapias através do programa Maravilha TEAcolhe, que foi instituído através do grupo Mães Azuis. Também oferece o serviço de Terapia ABA, considerado padrão ouro no tratamento de autistas com maior grau de suporte e encaminhamentos para consultas e demais terapias através do SUS.
Além disso, a vice-prefeita, Nadia Signor, destacou que está acontecendo a reestruturação do programa TEAcolhe, com a expectativa de ainda este ano inaugurar a Casa do Autista, onde oferece atendimento Educacional Especializado, e intervenção precoce, atendendo a um grande anseio e necessidade da comunidade.
Atualmente, cerca de 90 autistas estão sendo atendidos pelo município, porém muitas crianças ainda estão em fase de confirmação de diagnóstico. Para Nadia, o maior desafio é encontrar profissionais: “Hoje, nosso maior desafio é a contratação de profissionais para avaliar/diagnosticar e também para as terapias. Os profissionais estão com muita demanda e a espera muitas vezes atrasa o diagnóstico, resultando em angústia e sofrimento para as famílias. Somos sensíveis a isso, inclusive buscando readequar valores que possam atrair os profissionais para o serviço público e atender melhor a nossa população, que é o nosso grande objetivo. ”
A Casa Azul ou a Believe Intervenção ABA como também é conhecida, é um espaço destinado ao trabalho de integração e tratamento de pessoas autistas do nível 01 ao 03. A instituição desenvolve serviço baseado na Análise do Comportamento Aplicada. A Diretora da Believe, Andrea Rigotti, especialista em ABA, explica que o espaço foi pensado por uma mãe de autista no nível 3, ativista da causa, para socialização e intervenção de crianças em ABA.
A diretora ainda destaca que os atendimentos aconteciam nas residências no Oeste Catarinense, mas agora a casa possui um espaço estrategicamente pensado para atender essas crianças e adolescentes, além de contar com uma equipe capacitada para lidar com as situações.
Atualmente, são 14 crianças atendidas pela prefeitura, entre outras que são atendidas e acompanhadas pelos profissionais da Casa Azul. Cada criança possui um currículo individualizado que pode ser acompanhado virtualmente pelos pais, no qual apresenta as atividades realizadas, desenvolvimento da criança ou adolescente em gráfico e anotações feitas pela equipe.
A Apae de Maravilha também oferece atendimento gratuito para essas crianças, adolescentes e adultos, com profissionais qualificados e espaço estratégico para eles. Além disso, destaca seu compromisso com a inclusão e desenvolvimento dos autistas, proporcionando um local seguro, com especialistas e atividades pensadas para essas pessoas. A Apae de Maravilha atende 50 educandos com autismo ,desde a estimulação precoce até os idosos.
Além do poder público, Apae e da Casa Azul, em Maravilha existe o Lions Clube TEAcolhe, no qual tem como missão a conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista e promover ações que visem a inclusão das pessoas com autismo e também de suas famílias. O clube atualmente auxilia em parceria com o Poder Público Municipal na compra de terapias, disponibilizadas através do programa TEAcolhe, com alimentos quando necessário e com eventos voltados à inserção social e convivência.