
Os crimes de estelionato têm se tornado cada vez mais sofisticados e preocupantes. Em Maravilha, o cenário acende um alerta. Segundo o Delegado João Luiz Miotto, responsável pela Delegacia de Polícia Civil da Comarca de Maravilha, o número de casos chama a atenção. “Aqui no município, os golpes de estelionato continuam preocupando. Só em 2024 foram mais de 340 casos, e em 2025 já passamos de 230 registros até setembro. Ou seja, quase todo dia alguém cai em algum golpe”, revela.
Segundo ele, os golpes são variados e estão em constante evolução. “Os criminosos se adaptam e criam novas estratégias para enganar. Usam promessas, ameaças, manipulação emocional... tudo isso com o objetivo de persuadir a vítima a entregar dinheiro ou dados pessoais”, explica o Delegado.
Geralmente, quando um golpe fica muito conhecido, os criminosos criam novas narrativas ou buscam se adaptar a situações que estão ocorrendo no momento, para enganar as vítimas. Os golpistas utilizam técnicas de engenharia social, explorando fragilidades humanas para aplicar os golpes. “São roteiros que exploram gatilhos como a confiança, medo, intimidade e urgência. Estas estratégias são utilizadas para que as vítimas não percebam que estão sendo manipuladas”.
Para o Delegado, os valores subtraídos através destes crimes contribuem para fortalecer o crime organizado. Esta tendência segue em alta por todo o país. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública revelou que, no Brasil, os registros de estelionato passaram a superar os de roubo a partir de 2020. Os dados apresentam uma crescente, que demonstra como a criminalidade tem se apropriado desta estratégia para obter ganhos financeiros.


Confira alguns exemplos de golpes que o Delegado Miotto já identificou em Maravilha e região. Segundo ele, ao conhecer algumas das estratégias utilizadas pelos criminosos, a comunidade pode redobrar ainda mais a atenção.
“Desconfie sempre de pressa, de ofertas boas demais e nunca compartilhe senhas ou códigos. Sempre confira os boletos e sites nos canais oficiais. E quando tiver dúvida, procure a Polícia Civil “, aconselha o Delegado Miotto. Ele também orienta que, tanto no âmbito familiar, quanto em empresas, sejam alinhados combinados ou processos internos diante de situações suspeitas que envolvem pedidos financeiros. Por exemplo, combinar pessoalmente uma palavra-chave ou um código no momento de falar sobre valores.
O delegado também compartilhou a possibilidade de a vítima acionar o Mecanismo Especial de Devolução (MED), uma solução exclusiva para o Pix, criada para facilitar as devoluções em caso de fraudes. Para fazer uso deste recurso é necessário registrar o pedido de devolução na sua instituição bancária em até 80 dias da data em que você fez o Pix, em caso de ser vítima de fraude ou golpe.
Atualmente, a devolução dos recursos é feita apenas a partir da conta originalmente utilizada na fraude – mesmo que ela seja de um banco diferente do seu. Contudo, os fraudadores buscam retirar rapidamente os recursos dessa conta e transferi-los para outras. Assim, quando o cliente faz a reclamação, é comum que a conta reclamada não possua fundos para viabilizar a devolução. Diante deste cenário, o Banco Central anunciou mudanças no mecanismo, visando identificar possíveis caminhos dos recursos. De acordo com a autarquia, essa identificação vai ser compartilhada com os participantes envolvidos nas transações e permitirá a devolução de recursos em até 11 dias após a contestação. A nova funcionalidade estará disponível para uso facultativo a partir de 23 de novembro e, a partir de 2 de fevereiro de 2026, a funcionalidade será obrigatória.
