
De Maravilha para a Superliga: qual a distância entre um sonho e o trabalho para sua realização?
A maravilhense Glaucia Aline Ludescher, 21 anos, vive um momento muito especial e repleto de trabalho no voleibol. Jogou em clubes da região e há mais de três anos atua profissionalmente como oposta e central na Abel Moda Vôlei, em Brusque. Com a equipe, na temporada 2024/2025, disputou a Superliga Série A, uma experiência muito marcante enquanto atleta e também em sua trajetória pessoal, pois simboliza o orgulho de realizar um sonho. “Se eu pudesse falar com a Glaucia criança, diria para não desistir do que tanto sonha, que a tão esperada Superliga iria chegar”, reflete.
Acabou de conquistar, no último 8 de novembro, a taça de bicampeã do Estadual Catarinense, em uma final intensa, disputada ponto a ponto contra a ACV Chapecó. A equipe de Brusque venceu a partida por 3 sets a 1, com parciais de 26/24, 23/25, 31/29 e 27/25, com direito a ralis e muita emoção.
Glaucia esteve em quadra com muita entrega e vibração, inclusive no ponto final, quando chorou de alegria para consagrar mais um ano de muito trabalho.

As oportunidades foram cercadas de dedicação, empenho e amadurecimento. Para ela, a virada de chave veio aos 17 anos, quando se mudou para Brusque. Naquele momento, tudo foi desafiador: foram dois anos sem a família por perto, aprendendo a viver e trabalhar sozinha no mundo do voleibol. “Jogar profissionalmente não é fácil, você aprende muito com seus erros e acertos, aprende a lidar com seus sentimentos e com o psicológico. Enquanto estive sozinha em Brusque amadureci meu psicológico e minha rotina”.
Em 2023, a família se mudou para Brusque, fortalecendo um laço que sempre foi a base de Glaucia. “Um momento que me fez chorar de emoção foi um dos primeiros jogos depois que meus pais vieram morar em Brusque comigo. Eles estavam, pela primeira vez, na arquibancada me assistindo, ao invés de estarem em Maravilha me acompanhando pela televisão”.


Foram muitas portas abertas com o esporte. A “Prô”, como é conhecida, é técnica de voleibol para mais de 115 crianças. Entre elas, tem a oportunidade de treinar a irmã, de 13 anos. “No mesmo rumo que eu”, comemora.
Além disso, está cursando a graduação em fisioterapia. Por isso, a rotina é muito organizada: inicia na escolinha às 7h onde trabalha até o meio dia. À tarde, o período das 13h30 até 15h30 também é dedicado às aulas de vôlei para as crianças. Das 16h30 às 18h30, treina com a equipe, e a aula da faculdade inicia às 18h30 e vai até 22h. “Deus tem propósitos enormes na minha vida, creio que muitos ainda estão por vir, mas eu sei que estou no caminho certo! Amo o que faço e faço com muito amor”.
Ao descrever um momento marcante em sua carreira, relembrou um ponto de bloqueio na Superliga, em casa, na Arena Multiuso: “Todo mundo estava me assistindo naquele dia, meus amigos, minha família e minhas alunas. O ponto foi lindo, a torcida vibrou, e o melhor de tudo foi que eu dediquei esse ponto de bloqueio para a minha família, que estava gritando meu nome. Foi arrepiante!”
Ela lembra de agradecer à família e aos primeiros técnicos em Maravilha, Thomas Zardo e Edinar Zardo. Para Glaucia, o esporte carrega um significado que transcende quadras e troféus, que vai além de dar o melhor de si em cada ataque ou defesa no vôlei.
