Lurdes Wolter, moradora do Novo Bairro, conta que reside em Maravilha há mais de 20 anos e sempre viu o município ter problemas com o abastecimento de água, agravados principalmente no verão. No último mês, percebeu que a frequência das interrupções aumentou, resultado de uma operação da Casan que buscava vazamentos em tubulações, mas que segundo a Estatal já não afeta o abastecimento na cidade. A moradora, a exemplo de outros munícipes, cobra uma solução efetiva e mais investimentos nesse setor.
Moradora do Bairro Bela Vista, Nilce Techio afirma que nos últimos dias os cortes no abastecimento têm sido diários. “Tem faltado todo dia, às vezes é pela manhã, às vezes à tarde ou à noite, mas sempre tem corte em algum horário do dia”, lamenta. Nilce lembra que a família já encarou anos piores, quando teve até que se habituar a lavar roupa de madrugada, por ser o único horário com abastecimento na residência. Na época, eles não tinham caixa de água.
O QUE DIZ A CASAN?
Há pouco mais de um mês a Casan havia confirmado que os cortes no abastecimento de água eram resultado de uma operação que buscava grandes vazamentos nas redes da cidade. O chefe da agência local, André Tonello, disse nesta semana que 10 vazamentos já foram identificados e imediatamente corrigidos, pausando assim as interrupções no abastecimento há cerca de duas semanas.
Tonello disse ainda que a Casan segue o trabalho para buscar outros vazamentos, mas estes são menores e não geram grandes problemas no abastecimento.
Problemas em redes e equipamentos
Sobre a continuidade dos cortes pontuais no abastecimento da cidade, o chefe da agência local, explica que as demandas por consertos em tubulações, troca ou manutenção de equipamentos são praticamente diárias. Ele ressalta que muitos desses problemas são causados por terceiros, pessoas ou máquinas que danificam redes durante realização de serviços em calçadas ou terrenos, o que acaba resultando em cortes no abastecimento durante os consertos.
Danos pelo tempo de uso das redes, ou desgaste de equipamentos usados para captação, tratamento e distribuição da água também acabam resultando na necessidade de interrupções pontuais e temporárias no abastecimento, para realização dos consertos.
Embora confirme que esses problemas sejam rotineiros, André Tonello diz também que os investimentos da Casan no município são constantes, assim como o trabalho para melhorar a qualidade do serviço.
Estiagem
A Casan ainda confirmou, através da agência local, que a estiagem não vem afetando o abastecimento de água em Maravilha. A vasão do rio segue atendendo a demanda de captação para tratamento.
Prefeito diz que contrato pode não ser renovado
O Sandro Donati confirma que o município ainda não renovou o contrato com a Casan, vencido desde fevereiro. Ele explica que duas situações seguram essa renovação. “A primeira delas é que o município só vai renovar esse contrato se a Casan fizer os investimentos necessários. Temos uma deficiência muito grande na captação de água e a bomba do poço profundo que praticamente não funcionou ainda neste ano. Então a Casan tem que apresentar um projeto para solucionar a questão”, afirma.
Ele lembra que há um projeto para viabilizar um novo local para captação de água, que viria de Modelo, no entanto essa é uma medida paliativa e não resolve totalmente o problema no município.
O segundo motivo, relatado pelo prefeito, é o novo marco regulatório do saneamento básico. Donati explica que o governo do Estado, junto com a Casan, está demarcando Santa Catarina em regiões. A partir dessa demarcação, os municípios serão procurados pelo governo do Estado, e no caso de Maravilha quando o contrato já estiver vencido, o município poderá então decidir se pretende continuar com os serviços da Casan, municipalizar ou ainda privatizar o abastecimento de água.
Donati diz que o rompimento oficial com a Casan e privatização do serviço não está descartado pelo município, mas ainda precisa ser rigorosamente avaliado. O prefeito ressalta que além da qualidade do serviço é preciso considerar as taxas que seriam cobradas, caso o serviço passasse a ser oferecido por uma empresa privada.
FALTA DE INVESTIMENTOS
O prefeito destaca também que um dos grandes problemas do abastecimento de água são as perdas por problemas nas redes de distribuição, que são antigas e apresentam frequentes problemas de vazamento. “A Casan não investiu aqui em Maravilha, arrecadou bastante nestes 30 anos de concessão, mas faltou investimentos”, lamenta. Para finalizar o prefeito ressalta que se a Casan não atender a demanda de investimentos necessários a continuidade da parceria entre o município e a estadual fica inviabilizada.