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O aumento da população em situação de rua não é algo restrito apenas a grandes cidades. A questão é complexa e vem sendo observada em todo o país, atingindo números significativos. De acordo com a estimativa, o Brasil conta atualmente com mais de 280 mil pessoas nestas condições.
Em 2022, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) de Maravilha atendeu 121 pessoas em situação de rua. No ano anterior foram 75, o que representa aumento de 61%. A maior parte dos atendidos (108) estava em trânsito, sendo apenas realizadas as intervenções necessárias, incluindo a concessão de eventual benefício. De acordo com a secretária de Assistência Social, Kathiucya Lara, o município fornece passagem para os andarilhos.
Conforme informações repassadas para a equipe de reportagem do Jornal O Líder, a maioria eram argentinos, venezuelanos e brasileiros. Ao parar no sinal vermelho, você certamente já se deparou com alguns deles fazendo malabares. Após alguns dias, a maioria decidia seguir viagem e partia para o próximo destino.
Entretanto, 13 pessoas permaneceram por mais de um mês em situação de rua na cidade – e alguns seguem nesta condição, sendo na maior parte brasileiros.
ATENDIMENTO
Entre os principais fatores que podem levar as pessoas a morar nas ruas estão: ausência de vínculos familiares, perda de algum ente querido, desemprego, violência, alcoolismo, uso de drogas e doença mental.
Em Maravilha, a maior demanda das pessoas que permanecem em situação de rua está relacionada principalmente a dependência química: álcool e outras drogas, seguido por transtornos de saúde mental e conflitos familiares.
São ofertados atendimentos psicossociais, sendo que o acesso ao serviço ocorre através de demanda espontânea, contato com familiares, busca ativa e denúncias. O serviço conta com articulação e encaminhamento para as demais políticas públicas.
QUESTÃO COMPLEXA
A secretária de Assistência Social destaca que, mesmo com apoio, muitos preferem ficar na rua. “Sabemos que é difícil entender, mas tem pessoas que optam por esse estilo de vida. Muitas vezes julgamos que a família abandonou, mas não são em todos os casos que isso acontece. Precisamos ter entendimento, muitas vezes essas pessoas são ajudadas, mas querem voltar para a rua. Muitos se sentem em casa ali”, destaca.
Kathiucya afirma ainda que a maioria não busca ajuda para sair dessa situação ou arrumar trabalho. Conforme Pesquisa Nacional sobre a População em Situação de Rua, em muitos casos essa escolha está relacionada a uma percepção de liberdade proporcionada pela rua, o que acaba sendo um fator fundamental para explicar a permanência. Bem como a dificuldade de efetuar as mudanças de hábitos propostas em acompanhamento pela equipe técnica.
ORIENTAÇÕES
Às vezes, o desejo de ajudar quem se encontra em situação de rua pode ser prejudicial. O que a secretária recomenda é que, ao invés de oferecer dinheiro, a ajuda seja na forma de doação de alimentos prontos. “Muitos enfrentam problemas sérios com bebida e uso de drogas. Oferecer dinheiro não vai ajudar”, diz.
Além de alimentos, ela lembra que é possível fazer doação de roupas e cobertores. Muitos contam com a companhia de animais de estimação, então doar ração também é uma opção para quem deseja ajudar.
O CREAS reforça que, ao ver uma pessoa desmaiada (alcoolizada), é preciso acionar o Corpo de Bombeiros (193) ou SAMU (192), sempre visando atender a demanda que se apresenta, nesse caso de saúde. Em caso de dúvidas ou verificação de alguma situação específica, é possível entrar em contato diretamente com o CREAS, pelo número 3664– 2286.