ROTINA - 02/02/2024 07:35 (atualizado em 02/02/2024 07:38)

Frustração e desânimo no retorno ao trabalho? Psicóloga que atua em Maravilha traz explicações sobre a “depressão pós-férias”

Ana Paula de Oliveira repassa orientações sobre como lidar com essa situação
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Ana Paula de Oliveira é mestre em Biociências em Saúde, especialista em Avaliação Psicológica e pós-graduada em Saúde Pública (Foto: Divulgação)
Depois das tão sonhadas férias, o esperado é voltar ao trabalho com as baterias recarregadas – o que nem sempre acontece. Sentir tristeza ou desânimo no retorno das atividades é considerado normal, mas é preciso estar alerta se esses sentimentos continuam com o passar dos dias. 
Pensando nisso, a equipe de reportagem do Jornal O Líder conversou sobre o assunto com a psicóloga e coordenadora do CAPS de Maravilha, Ana Paula de Oliveira. Confira a seguir quais são os principais sintomas da chamada “depressão pós-férias”, como lidar com a situação e quando é o momento para buscar ajuda. 

Jornal O Líder: O que é a "depressão pós-férias" e quais são os principais sintomas?
Ana Paula de Oliveira: Não é raro que a volta ao trabalho gere incômodos, como frustração, desmotivação e tristeza - o que ficou conhecido popularmente como depressão pós-férias. É muito importante ressaltar que a “depressão pós-férias” não se constitui uma doença mental ou psicológica, porém pode afetar o bem-estar e a saúde mental dos indivíduos e pode ser um alerta para questões mais graves. O termo mais correto seria dizermos tristeza pós-férias, visto que depressão e tristeza são condições diferentes. 
É um conjunto de sintomas, tais como frustração e desânimo, que ocorrem no retorno ao trabalho. Pode ser resultado do choque do período de folga com antigos problemas, como relacionamento com chefe e colegas, ou atuação em uma área profissional indesejada. Muitas vezes, isso acontece pela manifestação de problemas que já se acumulavam no plano profissional, mas que estavam latentes. 
Em vários casos, as férias já são planejadas devido ao estresse intenso e o início dos sintomas depressivos, que são amenizados com o prazer do descanso e tempo livre para o lazer. Quando as férias acabam, essa sensação de que tudo volta ao normal não ocorre e, assim, aparecem os sintomas de tristeza. É importante pensarmos que o problema pode não estar nas férias, via de regra, e sim no contexto do trabalho.

O Líder: O que fazer para evitar essa situação e lidar com o retorno ao trabalho de forma leve e natural?
Ana Paula: Primeiramente é importante analisar o que está sentindo e buscar respostas do por que estes sentimentos estão presentes, pode ser que nesta reavaliação você encontre respostas relacionadas a sua satisfação no trabalho. 
A preparação para evitar o desconforto começa antes de sair de férias. Tente não deixar nenhuma tarefa pendente, projeto inacabado ou tarefa por fazer. Essa ideia de que deixou coisas em aberto gera ansiedade.
As férias são um momento para descansar. É importante tentar relaxar, mesmo nos últimos dias. Evitar ficar pensando no que deve fazer ou em problemas que terá ao retornar para o trabalho.
Ao retornar é importante compreender que os primeiros dias são de adaptação e observação, visto que é preciso se familiarizar com o que está acontecendo no local de trabalho. Outro ponto importante é fazer coisas legais e prazerosas não apenas no período de férias, pensar em atividades, marcar de ver amigos e familiares.
Fazer uma lista do que você precisa fazer nos primeiros dias de trabalho pode ajudar a diminuir a ansiedade. Planejar as próximas férias também pode ajudar.

O Líder: Essa condição costuma durar por quanto tempo? Quando é o momento de procurar ajuda?
Ana Paula: Quando a sensação de desconforto permanece por mais de um mês, já que, normalmente, leva-se de uma semana a 15 dias para se readaptar a rotina profissional, é hora de ficar ainda mais atento aos sintomas e buscar ajuda profissional. A combinação desses sintomas, na verdade, pode representar um quadro de estresse, que não necessariamente tem ligação direta com o fim do recesso. Além de apontar que algo já não vai tão bem no ambiente de trabalho ou mesmo em aspectos pessoais, pois quem está feliz com a própria carreira, tende a se sentir motivado com a volta. 
Esse desconforto com duração de longo período não é normal e pode estar relacionado a diversas situações pessoais e profissionais.  É muito importante fazer uma avaliação geral e refletir sobre os incômodos relacionados ao trabalho, olhando para os seus desejos profissionais e também para questões pessoais que podem ter ligação com os sinais de estresse e tristeza. 

Fonte: Camilla Constantin/ WH Comunicações
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