Foto: Fernando Zimermann/ O Líder
Um estouro muito alto vindo da rodovia. Ivan Andreolli já sabe que é um acidente de trânsito. São tantos no local que espera por qualquer coisa e torce para que não seja grave. Ele mora na Linha Alto Biguá, em Iraceminha. Sua casa fica há poucos metros da BR 282. O trecho é conhecido pelo grande número de acidentes.
No ano passado a Polícia Rodoviária Federal registrou 37 acidentes entre o quilômetro 600 e 627 da rodovia federal. A maior parte deles no quilômetro 618, próximo ao Posto Máximo e Restaurante Tedesco, em Iraceminha.
Em 2019 foram 53. Para Andreolli que reside há anos próximo ao trecho, a maior parte das colisões ou saídas de pista é grave. Chegou a presenciar a morte de amigos e desconhecidos.
Na opinião do morador, três fatores são os principais causadores dos acidentes. O primeiro deles é a terceira faixa que é muito estreita. O segundo é a imprudência dos motoristas. “Um motorista que não conhece o trecho ultrapassa sem saber que não há espaço suficiente para os veículos na via”, afirma.
O terceiro motivo é a chuva. Um defeito na execução da obra ocasiona o acúmulo de água na pista. Foi isso que fez Daniel Sausen, colidir contra uma árvore no dia 25 de janeiro. Ele saiu da pista com o veículo que dirigia. O impacto foi grande, Sausen quebrou quatro costelas e sofreu cortes profundos no joelho e no rosto.
Segundo Sausen, que é empresário e trabalha com mecânica há 15 anos, chovia muito no dia do acidente e o carro estava dentro da velocidade permitida. A água no asfalto fez o veículo, ano 2008 revisado, ficar com a traseira em linha reta.
Daniel Sausen sofreu um grave acidente no trecho no dia 25 de janeiro deste ano
“Eu estava dirigindo sentido Maravilha a São Miguel do Oeste, dentro da velocidade permitida. O veículo perdeu a traseira na saída da curva. Senti muita dor após o impacto. Fiquei sem ar na hora. E hoje está bem difícil a locomoção, só consigo me levantar ou deitar com ajuda”, explica.
Sausen acredita que sua recuperação levará mais de dois meses. O veículo que dirigia ficou totalmente destruído. Na opinião dele, além da água, tinha óleo sob a pista. “Para resolver essa situação teria que fazer um asfalto digno com projeto para a chuva não ficar sobre a banda de rodagem”, declara.
PRF diz que a imprudência é a principal causa dos acidentes
“Esse trecho da BR 282 é muito movimentado, de pista simples, muitas curvas e poucos locais para ultrapassagens. A principal causa de acidentes é a imprudência dos motoristas, que muitas vezes ultrapassam em local proibido. Essa manobra provoca a colisão frontal, tipo de acidente que mais mata nas rodovias federais em Santa Catarina. A PRF recomenda que os motoristas tenham paciência, ultrapassando somente em local permitido e apenas quando tiver certeza da segurança da manobra”, disse Adriano Fiamoncini, chefe do Núcleo de Comunicação Social da Polícia Rodoviária Federal.
Última manutenção no local foi em novembro de 2020, informa DNIT
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) disse que o trecho em questão se encontra em uma rampa, com uma faixa adicional de tráfego no sentido São Miguel do Oeste a Maravilha. De acordo com o supervisor do Dnit, Diego Fernando da Silva, uma vistoria foi realizada no local. Segundo ele, a conclusão do órgão é que a causa predominante de acidentes é o excesso de velocidade, principalmente no trecho sentido Maravilha a São Miguel do Oeste, que é em declive. “Verificamos as últimas ocorrências, essas se deram em condições de pista molhada, após chuvas intensas, o que aliado a imprudência, potencializam a perda de controle dos veículos e é evidente diante dos danos observados nos veículos envolvidos. Entretanto, essas ocorrências e suas causas devem ser tecnicamente apuradas pelo órgão responsável”, declara.
Ainda conforme o órgão, as últimas intervenções realizadas no local foram em novembro do ano passado. O trecho também está contemplado pelas obras de adequação de capacidade e restauração das BR-282 e BR-158 e que estão em andamento entre Chapecó e São Miguel do Oeste.
Carro que Sausen dirigia ficou totalmente destruído
