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A escassez de chuvas vem se agravando há dois meses em Maravilha e região, e além de afetar o abastecimento de água na cidade, vem gerando prejuízos milionários na zona rural. Em Maravilha um levantamento feito pela Epagri, junto a equipe da Secretaria de Agricultura, aponta um prejuízo superior a R$ 28,3 milhões aos agricultores, devido as perdas já acumuladas na produção de leite, milho e soja.
O levantamento tem como referência o dia 20 de dezembro de 2021, e portanto os números atuais são ainda maiores devido ao agravamento da estiagem. Conforme o técnico extensionista rural da Epagri de Maravilha, Jacob Luiz Kafer, os dados serão atualizados nos próximos dias e devem demonstrar um prejuízo ainda mais elevado.
20% NA PRODUÇÃO DE LEITE
Conforme o levantamento apresentado pela Epagri, no período de três meses de estiagem, a produção de leite em Maravilha sofreu uma queda média de 20%. Essa porcentagem representa um prejuízo médio de R$ 1,7 milhão em reais. Kafer explica que estiagem prejudica principalmente a alimentação do gado, o que reflete em queda na produção.
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45% NO MILHO
Na produção de milho, tanto para grão como para silagem, as perdas estimadas até o dia 20 de dezembro chegavam em 45%. Para o milho grão, o prejuízo calculado era de R$ 9,9 milhões e na silagem R$ 7,9 milhões, nas lavouras de Maravilha.
30% NA SOJA
Os dados se referem a primeira safra da soja, com uma perda estimada em mais de 30%, com uma queda na produção esperada. O valor do prejuízo já estimado é superior a R$ 8,7 milhões.
10% NO FUMO
Menos afetadas, as lavouras de fumo somavam uma perda média de 10% no final do ano passado, período de colheita antecipada para armazenamento da produção nos galpões.
Transporte de água é prioridade da Secretaria de Agricultura (Foto: Divulgação)
Falta de água se agrava no interior
Conforme o secretário de Agricultura, Pedro Gilberto Ioris, o transporte de água para o interior começou a partir do dia 20 de dezembro, especialmente para o consumo animal. Uma chuva que acumulou aproximadamente 40 milímetros no município minimizou um pouco o problema na última semana do ano, mas em janeiro a falta de chuvas novamente agravou o cenário.
Com várias comunidades enfrentando desabastecimento, inclusive para o consumo humano, a prioridade da secretaria de Agricultura, é o transporte de água para o interior com caminhões pipa. Ioris destaca que os poços artesianos vêm tendo um papel fundamental para o consumo humano, mas algumas comunidades já vêm enfrentando problemas com a queda no volume disponível, necessitando do apoio do município.
O transporte de água para o consumo dos animais também tem uma demanda crescente. O secretário pede o auxílio dos produtores para que se ajudem neste momento, para o transporte de água e acionem o município quando precisarem. Ele ressalta ainda que todos precisam colaborar com economia de água, gastando apenas o necessário para que não falte água para consumos dos humanos e animais.
ACUMULADO DE CHUVA NOS ÚLTIMOS DOIS MESES
O secretário de Agricultura destaca ainda que o acumulado de chuvas foi desigual em Maravilha. Uma região, a exemplo das comunidades próximas de Três Coqueiros e Chinelo Queimado, conseguiu acumular índices mais altos de chuva, chegando a 100 e até 150 milímetros nos últimos dois meses. Já a região próxima das linhas Consoladora, São Paulo, Tope da Serra e Primavera tiveram índices bem mais baixos, numa média de 45 milímetros neste período.
Baixo nível dos rios é histórico (Foto: Divulgação)
SECRETÁRIO CRÍTICA FALTA DE AUXÍLIO
O secretário de Agricultura Pedro Gilberto Ioris criticou a falta de auxílio do governo federal, em relação a programas e incentivos para os agricultores que amargam prejuízos com a estiagem. Ele lembra a visita da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do governo federal, Tereza Cristina, e do governador Carlos Moisés em Chapecó no último dia 12, sem anúncio de medidas imediatas para minimizar os prejuízos da estiagem.
Quanto ao governo do Estado, apenas estão mantidos, e antecipados neste ano, os programas já existentes, especialmente relacionados a proteção de fontes, perfuração de poços, instalação de cisternas e caixas de água, reformas e ampliação de reservatórios, entre outras ações que visam minimizar o desabastecimento de água no interior.