Conversamos com a infectologista Drª. Priscila Rodrigues Garrido Bratkowski para esclarecer dúvidas sobre HIV e AIDS. A especialista é formada em Medicina pela Universidade de Caxias do Sul, com residência médica em Infectologia no Hospital Geral da mesma cidade e pós-graduanda em Controle de Infecção Hospitalar.
1 - Qual é a diferença entre HIV e AIDS? É possível que pessoas possam conviver com o vírus sem desenvolver a AIDS?
- HIV é o agente da infecção (o vírus HIV) e AIDS (sigla em inglês para síndrome da imunodeficiência adquirida - SIDA) é a doença que o vírus do HIV pode causar quando ocorrem manifestações clínicas ou laboratoriais da baixa imunidade.
As pessoas que detectam o vírus do HIV precocemente, iniciam o tratamento e o fazem de maneira regular dificilmente vão desenvolver AIDS.2 - Quais os avanços da terapia antirretroviral, e como eles contribuem para frear os riscos de transmissão do vírus?
- Os medicamentos utilizados contra o HIV têm ficado mais fáceis de tomar (menos comprimidos diariamente) e com menos efeitos colaterais. Eles reduzem a carga viral de forma a ficar não detectável na corrente sanguínea, auxiliando na manutenção da imunidade e diminuindo a chance de transmissão do vírus para outras pessoas.
3 - Se uma pessoa que vive com HIV realizar o tratamento e os demais cuidados de acordo com as recomendações médicas, é possível que a carga viral se torne indetectável no sangue?- Sim. É um dos objetivos do tratamento.
4 - Os tratamentos atuais causam menos efeitos colaterais? Como isso impacta na qualidade de vida das pessoas que convivem com o HIV?
- Sim. Com menos efeitos colaterais, fica mais fácil a adesão aos medicamentos. Da mesma forma, a qualidade de vida do paciente é normal.5 - De quais formas a infecção por HIV pode ocorrer? E como não ocorre?
- A transmissão se dá, na maior parte das vezes, durante relação sexual desprotegida (anal, vaginal ou oral). Pode ser transmitido pelo contato com sangue contaminado, como em casos de acidentes com perfurocortantes ou filhos de mães soropositivas que não estão em tratamento durante a gestação ou amamentação.
O vírus do HIV não é transmitido pela saliva, pelo suor, pelo abraço.6 - O que a pessoa deve fazer diante do diagnóstico do HIV? Como funciona o acesso ao tratamento pelo SUS?
- Pelo SUS, o paciente pode procurar sua Unidade Básica para receber o devido encaminhamento. Caso não se sinta à vontade para conversar com a equipe, deve procurar locais com o nome de SAE (Serviço de Atendimento Especializado) ou CTA (Centro de Testagem Anônima), que são serviços vinculados ao programa de HIV do Ministério da Saúde. Se for no particular, o paciente deve procurar um infectologista.
O tratamento é todo fornecido pelo Ministério da Saúde, independente da origem do paciente.7 - A condição sorológica de uma pessoa pode ser divulgada sem autorização?
- Não, não pode.8 - O que são a PrEP e a PEP, e em quais situações cada uma é indicada?
- Ambos os esquemas são utilizados por pessoas que não tem HIV e que precisam de uma proteção, uma profilaxia.PEP é o uso da profilaxia após a exposição de risco, como no caso de relação sexual desprotegida ou acidentes com materiais perfurocortantes.
PrEP é a profilaxia PRÉ exposição, ou seja, o uso de medicação em pessoas que tem comportamentos com maior risco de adquirir HIV. Os medicamentos são usados de forma programada ou contínua.9 - Você acredita que a falta de informação contribui para a criação de estigmas e preconceitos em torno do HIV?
Acredito que sim. Como para qualquer outra infecção ou doença, desinformação ou informações falsas atrapalham pacientes e profissionais de saúde.Para saber mais sobre as ações de prevenção ao HIV e demais ISTs em Maravilha, clique aqui.