MÊS DAS NOIVAS - 30/05/2025 10:28 (atualizado em 30/05/2025 10:40)

No último ano, mais de 80 maravilhenses disseram o tão sonhado “sim”

Reportagem reúne dados, relatos e análises sobre casamento, fé, amor e os desafios da vida a dois
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Foto: Rafael Fontana/Divulgação
Casar ainda representa, para muitos, uma união sagrada. Em um tempo marcado por rotinas aceleradas e vínculos breves, dizer “sim” para esse compromisso é um gesto cheio de significado — uma escolha que envolve responsabilidade, afeto e permanência. 
De acordo com o Portal da Transparência do Registro Civil, Maravilha registrou 34 casamentos entre janeiro e maio de 2025. No ano passado, foram 89 registros ao longo dos doze meses. Cada um deles representa uma escolha feita a dois — um passo formal, mas carregado de significado.
Entre esses registros está a história de Geovanna Cembranel Scortegagna, que casou com Augusto Scortegagna no dia 16 de novembro de 2024. Para ela, o dia do casamento não foi apenas uma formalidade, mas a concretização de um sonho cultivado ao longo dos anos. O casal reuniu familiares e amigos em uma belíssima celebração, marcada por momentos emocionantes e afetivos – com destaque para a inesquecível entrada em direção ao altar. 
Ela conta que já morava com o noivo, então não teve muitas alterações em questão de rotina e vida a dois. Entretanto, com a oficialização da união, o que mais mudou foi justamente a conexão espiritual. “Foi tudo muito natural, mas depois desse passo sentimos vontade de nos aproximarmos ainda mais de Deus”, diz.  
Geovanna acredita que a cumplicidade e o diálogo são essenciais para um casamento feliz. “É sobre entender o outro. Nunca fomos dormir brigados, por exemplo. É valorizar a perspectiva do outro, entrar em consenso, não achar que só a sua opinião importa”, explica. 
Ela destaca ainda que, no casamento, é fundamental que tanto o homem como a mulher reconheçam e valorizem seus papéis naturais e complementares. “A mulher, na questão de feminilidade, sensibilidade, acolhimento. Já o homem, com segurança e proteção”, avalia. 

...HORA DE JOGAR O BUQUÊ! 
Foto: Rafael Fontana/Divulgação
O gesto de jogar o buquê pode até parecer uma simples brincadeira, mas carrega tradição e simbolismo. É um momento leve, cheio de significado e, em algumas vezes, o primeiro sinal de que uma história de amor está prestes a começar (ou se concretizar). No casamento de Geovanna e Augusto, foi assim que aconteceu.
Jéssica Estefano, uma das melhores amigas da noiva, foi quem pegou o buquê. Na época, ela e Henrique Hubner namoravam há cerca de um mês. Para ambos, foi um momento bonito, significativo e carregado de afeto. 
Alguns meses se passaram e o que era apenas um gesto simbólico se transformou em realidade: no início de maio, ela foi surpreendida com um pedido de casamento à beira-mar. A surpresa, inclusive, aconteceu durante uma viagem com os amigos, Geovanna e Augusto.
Jéssica conta que sempre sonhou em se casar. Para ela, a importância do matrimônio vai muito além da festa – é algo sagrado, uma conexão com o divino. Com a maturidade e a vivência de um relacionamento leve e saudável, sentiu que era a hora certa. "Se você tem um sonho, é porque ele faz sentido pra você. No meio do caminho, é normal duvidar, mas não deixe que isso te faça aceitar menos do que merece. As mulheres costumam ter uma intuição forte — vale a pena se escutar e lembrar do seu valor.”
Agora, o casal está planejando os detalhes para o grande dia. Ainda não há definições, mas ela adianta que o casamento está previsto para o próximo ano. “Está sendo uma fase muito gostosa”, garante.

O SAGRADO
Além do vestido branco, da cerimônia e da festa, há um significado mais profundo que nem sempre fica em evidência. Para casais que enxergam o matrimônio como uma vocação, a união é também um caminho espiritual, marcado pela fé, pela entrega e pelo compromisso diante de Deus.
No mês das noivas, período tradicionalmente associado ao romantismo e às celebrações matrimoniais, a reportagem propõe um olhar mais atento sobre o sentido mais íntimo do casamento, especialmente para quem o vive como sacramento. O matrimônio, nesse contexto, não é apenas um contrato social ou uma escolha afetiva, mas um chamado à vivência do amor com propósito, fidelidade e responsabilidade.
Para entender melhor esse sentido mais profundo e espiritual do matrimônio, conversamos com o Padre Firmino, que compartilha sua visão sobre o casamento como expressão de fé, parceria de vida e aliança sagrada.
“O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” 
1 Coríntios 13:4-7
Foto: Camilla Constantin/O Líder

Segundo a fé cristã, qual é o verdadeiro sentido do casamento?
Deus criou o homem e, percebendo que ele estava sozinho, criou a mulher para ser sua companheira, para que eles pudessem se relacionar e se completar. Ou seja, o casamento é um dom que Deus deu. Porém, quando não há o lado da espiritualidade, o casamento se torna frágil. Tudo é problema. Hoje falta muito Deus nos casamentos. Precisamos entender que é mais importante o lado espiritual do que aquilo que se faz nas festas – o status, o belo, o social, o que os outros vão falar.

Quais conselhos o senhor daria para casais que desejam manter um casamento saudável e duradouro?
Trabalhar mais esse lado da espiritualidade. Os dois se perceberem como filhos de Deus, como amantes de uma relação bonita. Que participem da comunidade, que tenham um cantinho de oração em casa, que rezem. Deus em primeiro lugar. É amor físico e espiritual. 

Como a Igreja orienta os casais a enfrentarem as crises no matrimônio?
Crises todo mundo tem, mas é importante se preparar antes do casamento, às vezes casam rápido demais. Nós temos o curso de noivos, por exemplo, com diversas orientações. Quando surge a vontade do casamento é importante já buscar a Igreja e entender esse passo a passo, antes mesmo de marcar data e local. Temos uma nova proposta, mais duradoura, que se estende com alguns encontros depois do casamento. Não é apenas um dia de preparação, mas um acompanhamento. 
Da pandemia para cá, aumentou muito o número de casamentos em Maravilha. Porém, hoje não há mais paciência e diálogo. Nesses momentos de crise, é preciso conversar. Sentar e conversar entre o casal, não com os outros. Peçam orientação ao Espírito Santo e tomem decisões juntos. 

Qual passagem bíblica pode servir de inspiração para os casais?
Eu gosto muito de João 2:1-11, em que Jesus transforma água em vinho (É o relato de como um casamento foi tocado pelo poder de Deus. Nessa passagem, narra-se o primeiro milagre de Jesus, onde ele transforma água em vinho durante uma festa de casamento. A mãe de Jesus, Maria, preocupada com a situação, avisa que havia acabado o vinho e então Jesus realiza o milagre). 
Essa questão do vinho novo no casamento, é o próprio Cristo. Ilustra a importância de ter Deus no casamento. Ao realizar este milagre, Jesus demonstra que está presente para abençoar e restaurar o casamento. Aconselho ler e entender realmente essa passagem, que é muito bonita. 

O CASAMENTO ALÉM DO ALTAR: ENTRE O SONHO E O COTIDIANO
O casamento é um dos rituais mais antigos da humanidade. Para alguns, ele representa um compromisso espiritual; para outros, um sonho pessoal. Mas, na prática, manter uma vida a dois envolve desafios, ajustes e escolhas constantes. 
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou neste mês os dados do Registro Civil de 2023, que inclui informações sobre divórcios. A média de idade entre os homens que se divorciaram foi de 44,3 anos, e as mulheres 41,4. Ainda segundo o IBGE, Maravilha registrou mais de 50 divórcios naquele ano. 
Na sequência, a psicóloga Adriana Luísa Bublitz aborda desafios, idealizações e estratégias para lidar com as diferenças. 

O que geralmente é idealizado no casamento e acaba causando frustração?
Nas relações conjugais, uma das idealizações mais comuns é a crença de que irá viver um conto de fadas em que o companheiro (ou, a companheira) é a “pessoa certa” e, por isso, tudo acontecerá de forma perfeita e natural. Associado a isso, há a fantasia muito presente e, por vezes, alimentada desde a infância de que ao se relacionar com a “pessoa certa” não existirão conflitos, que o parceiro sempre será compreensivo, afetuoso e disponível para suprir as necessidades emocionais do outro. 
Psicóloga Adriana Luísa Bublitz realiza atendimentos em Maravilha (Foto: Divulgação)
Na prática clínica, vejo com frequência mulheres que buscam por psicoterapia após perceberem que o parceiro não corresponde às suas expectativas. Quando um dos parceiros não têm suas expectativas correspondidas, surgem sentimentos de frustração associados aos pensamentos ou a sensação de que estão “falhando” ou de que “escolheram errado”. 
Outra idealização comum nos relacionamentos conjugais é a visualização do casamento como um marco de plenitude, como se o casamento fosse uma garantia de estabilidade, segurança e pertencimento, onde não existirão dificuldades ou conflitos. Contudo, quando um dos parceiros ainda se vê sozinho, inseguro ou ansioso dentro desta relação, é que surge o sofrimento. Esse sofrimento é desencadeado, na maioria das vezes, por existir uma discrepância entre a idealização construída e a realidade que o indivíduo vive. 
É importante lembrar que o casamento – e qualquer outro relacionamento – é uma construção diária, que exige diálogo, disposição para lidar com imperfeições/diferenças e compromisso com o crescimento individual e conjunto. Quando isso não é compreendido, há maior risco de conflitos constantes, ressentimentos e afastamento emocional, o que, com o tempo, pode comprometer o vínculo afetivo e a saúde mental dos envolvidos.

Como lidar com as diferenças de rotina e hábitos dentro de casa?
Cada indivíduo é ensinado de uma forma única e constrói os próprios hábitos, por isso, no início da vida a dois podem surgir conflitos devido a costumes diferentes, formas distintas de lidar com tarefas e até prioridades opostas. A terapia cognitivo-comportamental nos ensina que o sofrimento não está apenas na situação em si, mas na interpretação que fazemos dela. Ou seja, quando vejo o outro não colaborando com algo que eu considero importante, posso interpretar de formas disfuncionais, como “ele não se importa comigo” ou “ele não é a pessoa que eu esperava”, quando, na verdade, ele pode simplesmente ter uma percepção diferente de organização, tempo ou prioridade. Para lidar com essas diferenças na rotina e nos hábitos dentro de casa, algumas orientações importantes incluem: pare de esperar que o outro tenha comportamentos iguais aos seus, pois cada pessoa tem um padrão de funcionamento diferente; aprenda a conversar com o seu parceiro, com o objetivo de compreendê-lo sem julgamentos; expresse os seus sentimentos sobre a situação vivenciada de forma clara; estabeleça acordos e crie uma rotina que respeite a individualidade de cada um. 
Quando as diferenças são tratadas com rigidez ou são evitadas, o relacionamento tende a se tornar disfuncional e entra em ciclos de estresse, que podem aumentar sintomas de ansiedade, gerar afastamento e, muitas vezes, levar à desconexão emocional.

Na sua opinião, como as transformações ao longo dos anos, como o uso excessivo das redes sociais e o culto à individualidade, têm impactado os relacionamentos?
Essas transformações evidenciam aspectos importantes, como a importância do autocuidado,
da independência emocional, da liberdade de escolha. Porém, quando levadas ao extremo,
podem prejudicar a construção de vínculos afetivos. Por exemplo, o uso excessivo de redes sociais nos coloca diante de uma vitrine de relacionamentos perfeitos – até porque ninguém compartilha brigas ou momentos difíceis. Essa exposição pode favorecer comportamentos de comparação e distorcer a realidade, impactando a autoestima, gerando frustração, cobranças e até um sentimento de insuficiência constante. 
Já o culto à individualidade pode ser confundido com a ideia de que se relacionar é perder a própria autonomia, criando barreiras emocionais e medo de tornar-se dependente afetivamente. Como consequência, encontramos relações cada vez mais distantes, dificuldades em construir intimidade e uma constante tentativa de “provar” que não se precisa do outro. Mas a verdade é que relacionamentos saudáveis exigem reciprocidade e entrega, e isso não significa abrir mão de si, mas sim encontrar um equilíbrio entre o cuidado consigo e o cuidado com a relação.

Quais estratégias um casal pode adotar no dia a dia para melhorar a comunicação e evitar mal-entendidos?
A comunicação é um dos pilares mais importantes de um relacionamento saudável, mas é também uma das maiores dificuldades entre os casais. Comunicação não é um aprendizado comum entre todas as culturas ou famílias e, por não saber se comunicar de forma clara, as pessoas podem utilizar-se de estratégias como o silêncio, as críticas ou as explosões para expressar suas emoções. Saber se comunicar também não é “dizer tudo que pensa”, mas sim, saber escolher como dizer. Algumas estratégias práticas incluem:
– Escutar ativamente, ou seja, ouvir sem interromper e sem julgamentos, apenas escutar com presença;
– Falar sobre sentimentos sem buscar culpados: quando você diz “me senti frustrada com essa situação”, a mensagem transmitida é diferente de dizer “você me deixou frustrada”;
– Criar momentos para conversar: o diálogo é importante na relação como um todo, não apenas quando existe um conflito prestes a explodir;
– Saber validar o outro: antes de querer resolver o problema, aprenda a reconhecer o sentimento do outro (às vezes, o que o outro mais precisa é se sentir compreendido).
Quando a comunicação é falha, os mal-entendidos se acumulam, os conflitos se intensificam e o distanciamento emocional se instala. Isso pode gerar sentimentos de rejeição, insegurança, ansiedade e, em muitos casos, levar ao desgaste silencioso do relacionamento que corrói o vínculo afetivo até que ele se rompa.
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Fonte: Camilla Constantin/ WH Comunicações
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