A frase de Maira Caleffi, chefe do serviço de Mastologia do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, é a explicação para um período anterior da história do silicone, quando o procedimento ultrapassou a lipoaspiração e passou a ser o mais popular do Brasil. Hoje, o implante continua com alta procura, mas também está em ascensão a busca para a sua reversão pelas pacientes que já fizeram o procedimento.
Mesmo que a cirurgia para colocar a prótese ainda seja a mais frequente (15% do total no mundo), os dados sinalizam uma possível mudança de comportamento: a retirada do silicone já está na lista das 20 intervenções mais procuradas (2% do total) - em 2010 nem era mencionada no relatório.
"Teve uma onda dos [cirurgiões] plásticos de achar mais bonito, de ficar mais durinho e tal. As mulheres também foram muito convencidas a fazer, entende?! Não é só culpa das mulheres. Teve aí uma superindicação do lado dos médicos" - Maira Caleffi.
Junto a isso, uma síndrome relacionada ao uso da prótese também passa a influenciar algumas mulheres: a Asia (síndrome autoimune-inflamatória induzida por adjuvante). O primeiro registro na literatura é de 2011.
A Asia é uma doença autoimune e está relacionada à presença do implante mamário. Ela é consequência de uma reação inflamatória do organismo à presença do silicone.
O que os dois especialistas esclarecem é que a doença é extremamente rara. Ter os sintomas não necessariamente é um problema relacionado ao silicone -- a resposta correta será dada apenas após consulta com um médico especialista, um mastologista.
Caso haja a manifestação, mesmo que "muito, muito, muito rara", é possível fazer a retirada da prótese. O silicone continua sendo a principal alternativa para pacientes que precisam de intervenção estética para aumento do seio, e isso também é importante para algumas mulheres.
"O que mais evoluiu nas próteses é a questão da cápsula. Do tipo de invólucro dela, não tanto o material dela lá dentro. A gente vê que temos próteses muito mais resistentes, com menos chance de vazamento e tudo mais", disse Caleffi.
A alternativa para o aumento do seio sem o uso de uma prótese é o uso da gordura do próprio corpo. "Nesse caso, realiza-se uma lipoaspiração para coletar gordura, prepara-se essa gordura e realiza-se o enxerto imediatamente", completou o médico.