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Só dez anos depois, em 1999, foi publicado o primeiro artigo que descreveu o roedor como uma espécie diferente, batizada de Cavia intermedia - o animal é o único de seu gênero a ter um número diferente de cromossomos, por exemplo. A família à qual pertence o preá-de-moleques-do-sul conta com bichos bem conhecidos, como a capivara e o porquinho-da-índia.
- A população dos preás é muito particular, muito interessante - comenta o biólogo Carlos Salvador, especialista em ecologia de populações e conservação da natureza. Carlos está acostumado a trabalhar com populações insulares, ou seja, de animais isolados e confinados em ilhas. - Eles estão isolados há oito mil anos. Em 2003, quando fiz meu mestrado, essa população ainda não tinha status de conservação definido, ou seja, não se sabia quantos havia, se estavam ameaçados... Como resultado do meu trabalho, essa população foi classificada como "globalmente ameaçada".
- Para entender o conceito de raridade, é preciso levar em conta que existem duas medidas: quantidade de animais e distribuição geográfica - esclarece Carlos, a respeito do porquê de os preás-de-moleques-do-sul serem considerados alguns dos pequenos mamíferos "mais raros" do mundo. - Em relação à distribuição geográfica, poderíamos sim dizer que esse é o mais raro em vida livre, pois não se conhece outro mamífero com distribuição geográfica tão pequena. Já quanto à quantidade de indivíduos, é mais difícil afirmar, pois há outras espécies com números próximos. O rinoceronte de java, por exemplo, tem algo entre 40 e 100 indivíduos.
- A maior ameaça do preá é o uso indevido da ilha - afirma o biólogo Carlos Salvador. - Por exemplo, pessoas não autorizadas que fazem acampamento e fogueira: isso pode causar incêndio e acabar com a vegetação, que é o alimento da espécie. Eles também podem levar um predador, como um cachorro ou gato; um competidor, como um coelho ou cabra; podem levar doença de preá...
- Não precisávamos criar uma unidade de conservação para a espécie, porque ela já vive em uma unidade de conservação - aponta. - O plano de ação foi criado em 2018 e entrou em vigência em 2019. Ele dura cinco anos, ou seja, vai até o final de 2023. A instalação das câmeras de monitoramento faz parte desse plano de ação.
- No caso desse projeto das câmeras, o financiamento vem do GWC (Global Wildlife Conservation) e do Centro de Pesquisa Greensboro, ambas instituições dos Estados Unidos - explica. - Lógico que sempre será preciso alguém local para botar a mão na massa, mas existem esforços em outros níveis, atuando de outras formas.