Os líderes das organizações passaram a ser transferidos para unidades federais de segurança máxima. Foi quando o governo catarinense projetou uma cadeia com procedimentos de alto rigor no pequeno município de São Cristóvão do Sul, no Meio-Oeste de Santa Catarina. Neste mês de junho, cinco anos após a conclusão da obra, enfim a estrutura passa a receber presos.
Com espaço para 106 detentos, ela será dividida em duas áreas: uma para presos de alta periculosidade transferidos por decisão da própria secretaria e a outra com o chamado regime disciplinar diferenciado (RDD). Em ambos, os detentos ficam isolados, um por cela. Mas no RDD o procedimento é ainda mais rigoroso, com banho de sol em espaço anexo, sem qualquer transição dentro da unidade. Além disso, para que a pessoa seja enviada ao regime diferenciado é necessária uma decisão judicial.
Dentro do mesmo terreno onde ficará a ala de segurança máxima estão duas penitenciárias de 600 vagas cada uma. No entanto, Lima garante que ninguém vai se aproximar da nova unidade sem que seja notado. Prova disso, segundo ele, é que drones serão usados no monitoramento do entorno.
Segundo o secretário, os procedimentos de São Cristóvão do Sul se baseiam naqueles utilizados em unidades federais e de outros estados, como é o caso do interior de São Paulo, onde há presídios semelhantes. Na prática, pelo que mostram os números e as características da cadeia, com a nova estrutura Santa Catarina tem à disposição um novo equipamento de segurança à altura para reagir à criminalidade.
– A data de abertura e quantos presos não vou divulgar.
O que ele revela é: das 106 vagas, no máximo 60 devem ser ocupadas ao mesmo tempo. A “gordura para queimar” dentro da cadeia ajuda na segurança. Além disso, todos os procedimentos são feitos de forma individual. Sempre que um preso deixa a cela para qualquer deslocamento, todos os demais estão trancados. No caso do RDD, isso não ocorre.
Os impactos da unidade prisional na comunidade de São Cristóvão do Sul
– Um tempo atrás, as pessoas reclamavam até mais. Hoje, já não falam mais muito – diz a prefeita, Ilse Amelia Leobet (PSDB).
Eleita em 2020, a prefeita relatou ao Diário Catarinense que, embora a estrutura tenha a segurança reforçada, com o dobro de agentes e policiais, a situação não deixa de ser encarada como um problema, já que a cidade não recebe vantagens ou auxílio para as questões sociais que poderão surgir, como consequência.
A escolha do município em que seria erguida a penitenciária ocorreu há mais de seis anos. O martelo foi batido após acordo entre as gestões estadual e municipal. Na época, a prefeitura tinha no comando a pastora Sisi Blind (PP), que estava no segundo mandato.
Apesar dos possíveis problemas elencados pela prefeita Ilse Amelia Leobet, muitas empresas da cidade e da região são beneficiadas com a chegada de novos detentos. Isso porque, conforme a gestora, há 14 empresas funcionando dentro da unidade.
Defensora do perdão e das oportunidades de estudo e trabalho para a ressocialização, a prefeita da época não só se posicionou totalmente favorável à construção da penitenciária para o isolamento de detentos de alta periculosidade, como também garantia que as prisões movimentavam a economia local, já que todos os detentos trabalham com produção de produtos diversos.
– Agora, não adianta a gente dizer que não quer. E como eles (Estado) têm essa área, que é muito grande, acredito que ainda vão criar outras alas e trazer mais presos. O que seria de grande valia, que o governo deveria fazer, era ajudar o município, fazer melhorias – pondera a atual prefeita do município.