Resultado do teste: amarelo (positivo) / rosa (negativo)(Foto: Arquivo Pessoal/Luísa Rona)
Um casal de pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) desenvolveu um teste para Covid-19 mais rápido e barato do que o RT-PCR. O resultado do kit criado em Florianópolis sai em apenas 30 minutos e tem a mesma precisão.
Luísa Rona, professora de genética da UFSC, e André Pitaluga, pesquisador da Fiocruz, são especialistas em doenças tropicais. No início da pandemia, em março de 2020, eles tiveram a ideia de desenvolver um novo teste para Covid, a partir de uma conversa entre vizinhos.
— Um dia nós estávamos subindo a rua do nosso condomínio e um casal de vizinhos muito queridos falou que tinha feito o teste de RT-PCR, para trazer a mãe pra ficar com eles na quarentena. Tinham pago muito caro e ia ficar pronto em três dias. Na hora, o André falou: 'nossa eu faria esse teste em 30 minutos' — relata Luísa.
Os dois vizinhos, que eram empreendedores, enxergaram uma oportunidade de negócio, e o teste começou a ser desenvolvido. A partir daí, os pesquisadores começaram a estudar mais sobre a Covid e deram início às pesquisas na UFSC.
Como funciona o teste
A primeira etapa de um teste para diagnosticar a Covid é obter a amostra, seja por swap (uma espécia de cotonete que coleta a secreção nasal) ou saliva. Com o material extraído, o teste passa para a segunda etapa, que é analisar a amostra para detectar a doença.
Para a primeira etapa, o casal desenvolveu um método próprio de isolamento da amostra, que é mais simples e rápido. Em seguida, ao invés de detectar a doença por meio do PCR, eles optaram por usar o Lamp, uma tecnologia que já existia no mercado.
— Nós conseguimos extrair o RNA viral da amostra do paciente em menos de cinco minutos, sem precisar nem de energia elétrica. A gente pinga uma gota da amostra, num cassete, que é um quadrado plástico, coloca outras soluções para filtrar e depois adiciona isso na reação de Lamp. A visualização do resultado é colorimétrica. Se for negativo, a solução fica rosa, se for positivo, amarela — explica Luísa.
Esse é um dos motivos que torna o kit barato, já que não são necessários equipamentos caros para identificar o resultado. Conforme os pesquisadores, enquanto o custo de produção de um teste PCR está em torno de R$ 100, o teste desenvolvido por eles custa cerca de R$ 25 a R$ 30.
Segundo Luísa, a precisão obtida com a amostra por meio do swab foi a mesma do PCR, de 96%. Recentemente, eles começaram a utilizar amostras de saliva e obteram sensibilidade de 98%.
Próximos passos
Em maio deste ano, o casal entrou com um pedido de patente do teste. Agora os pesquisadores estão levantando os dados para submeter o pedido de aprovação à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
— Esperamos ter aprovação da Anvisa o quanto antes e depois de disso vamos buscar parceiros para produzir. O objetivo sempre foi distribuir nos postos de saúde do Brasil inteiro. É um kit tão simples, mas ao mesmo tempo muito eficiente e robusto — explica André.