O primeiro caso ocorreu em 12 de abril, quando Géssica Dias Tizon, de 21 anos, foi esfaqueada pelo pai após tentar defender a mãe de agressões. O homem está preso. Ainda no primeiro semestre, uma bebê de quase 2 anos e uma menina de 5 anos foram assassinadas pelos pais em Santa Catarina.
A vítima não morava mais no imóvel com os pais e vivia em Gaspar. Quando soube da separação dos pais e da solicitação de medidas protetivas que a mãe fez à Justiça, saiu do trabalho em Timbó e foi direto para a casa dos avós.
O segundo caso aconteceu em 7 de junho, quando uma bebê de 1 ano e 11 meses foi morta. O pai dela, de 25, foi preso e indiciado pela polícia junto com a mãe da vítima, que responde por omissão.
A morte de Evelyn Vitória Modrok poderia ter sido evitada. É o que diz a tia da menina, Marcieli de Souza. A criança foi morta na casa onde os pais casaram, a mãe engravidou e onde a menina morou por quase toda sua vida. O homem de 39 anos confessou o crime e foi preso preventivamente. A mãe de Evelyn já tinha denunciado ameaças do homem.
- Ela foi no conselho tutelar pedir ajuda. A primeira vez que ela fez um boletim de ocorrência foi quando ele fez ameaças de matar a menina. Ela apresentou isso para o conselho, mas eles falaram que não poderiam fazer nada - conta Marcieli.
Na cidade de Rodeio, por exemplo, quando o pai de Géssica a matou, o homem tentava agredir a ex-companheira. No dia do crime, a mãe da jovem foi até a delegacia e pediu uma medida protetiva contra o autor feminicídio. Os avós da vítima e o tio dela também foram atacados.
- Aí a gente vê casos bem comuns de violência doméstica que culminou em feminicídio. Isso está presente nos dois casos - afirma a advogada e especialista em questões de gênero, Tammy.
Dados obtidos via Lei de Acesso à Informação mostram que em todos os casos os suspeitos foram identificados. Os responsáveis por 19 mortes foram presos e apenas um segue foragido.
Além disso, a delegada afirma que é preciso prevenir casos iniciais de violência, para evitar que ocorram feminicídios.
A advogada Tammy Fortunato defende que o caminho para zerar a tabela de mortes é construção de políticas públicas e cita o exemplo da Lei 14.164, que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. O novo texto prevê a inclusão de conteúdo sobre prevenção da violência contra a mulher nos currículos da educação básica e institui a Semana Escolar de Combate à Violência contra a Mulher.