Sem regras - 09/07/2021 07:53

Tem 'xepa' da vacina da Covid em SC? O que as 10 maiores cidades do Estado fazem com as sobras

Estado orienta que as doses não devem ser descartadas e prefeituras organizam protocolos individuais para utilizar sobras dos imunizantes
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Sem “xepa” da vacina, as 10 maiores cidades de Santa Catarina organizam estratégias próprias para evitar sobras de imunizantes contra a Covid-19. Isso porque diferente de outros municípios no Sudeste do Brasil, as prefeituras catarinenses optaram por não fazer fila de espera. Esse protocolo, porém, desperta a pergunta: e se? E se no fim do dia restar uma dose no frasco? O que será feito? A reportagem foi atrás dessas repostas.

Conforme as secretarias de Saúde das cidades, as prefeituras fazem buscas ativas geralmente em cadastros já existentes, mas somente com o público que já está sendo imunizado. O problema é que mesmo com a mobilização, alguns dos esquemas apresentam falhas. Pelo menos dois dos municípios, Palhoça e Itajaí, admitiram que já houve perda de doses, mas justificam que o fato se enquadra na “perda técnica” prevista pelo Ministério da Saúde.

O que ficou conhecido como “xepa” é a distribuição de vacinas que sobram em frascos abertos perto do horário de fechamento dos pontos de vacinação. Isso acontece porque as ampolas são multidoses. Um frasco da CoronaVac, por exemplo, pode imunizar até 10 pessoas. Pfizer, Janssen e Astrazeneca também têm um número específico por ampola e todos têm diferença do tempo em que um frasco pode ficar aberto (confira os detalhes abaixo).

No mesmo momento em que Santa Catarina não organiza a "xepa" da vacina — o Estado não estabelece regra específica sobre o tema —, estados como São Paulo já estão desde junho liberando a vacinação com as doses remanescentes. Segundo a secretaria de Saúde da capital paulista, são aplicadas, por dia, cerca de duas mil doses que sobram. As pessoas maiores de 18 anos sem comorbidades, que querem participar da xepa, precisam se cadastrar nas unidades de saúde para serem chamadas seguindo a ordem de prioridade.

Ao menos duas pessoas fora do grupo prioritário, que preferem não se identificar, falaram à reportagem que tomaram sobras de doses em Florianópolis. Outras usam as redes sociais para anunciar que participaram da xepa no Estado. Porém, o Ministério Público afirma que não recebeu nenhuma denúncia de casos com sobra de doses e as prefeituras reafirmam os seus protocolos individuais.

A única recomendação de SC é clara: as doses não devem ser descartadas. O secretário André Motta Ribeiro, inclusive, já se posicionou contra a “xepa” da vacina. O modelo não é recomendado pela SES.

— Há uma certa discussão se é válido. Não estamos fazendo porque praticamente não temos resíduos e sobras. Mas temos discussões diárias, se houver avanço, iremos utilizar — disse ao colunista, Ânderson Silva.

O professor do Departamento de Saúde Pública na UFSC, Fernando Hellmann, destaca que seria muito importante que o Ministério da Saúde ou, ainda, a Secretaria de Estado da Saúde definissem medidas unificadas:

— Seria interessante que esses órgãos abordassem o tema em notas técnicas para o melhor aproveitamento das vacinas nos municípios. Principalmente pelo fato de que as vacinas ainda são recursos escassos que não podemos desperdiçar — explicou o especialista em saúde pública.

Enquanto não há uma medida unânime a ser seguida em Santa Catarina, cada cidade se organiza de uma forma para fazer com que não haja sobras de doses de vacinas contra a Covid-19. Perguntamos às 10 maiores como funciona o esquema. Confira abaixo.

Veja a quantidade de doses por frasco e validade de cada vacina
Sinovac/Butantan: 10 doses por frasco e validade de 6h após a abertura.
Pfizer (Comirnaty)/Wyeth:  6 doses por frasco e validade de 6h após a abertura.
Janssen-Cilag/Johnson & Johnson: 5 doses por frasco e validade de 6h após a abertura.
AstraZeneca/Fiocruz: 10 doses por frasco e validade de até 6h ou 5 doses por frasco e validade de até 48h.

Veja como ocorre a xepa da vacina nas 10 maiores cidades de SC
Joinville
A prefeitura de Joinville diz que em caso de sobra de vacina são chamadas as pessoas que têm agendamento marcado para o dia seguinte. Se não conseguir localizar, é realizado contato por ordem decrescente de idade entre as pessoas que fizeram pré-cadastro no site da administração municipal.

Podem se cadastrar pessoas que estão no público-alvo para a vacinação. O cadastro pode ser feito no site. É necessário fornecer o CPF.

A prefeitura nega que haja desperdício de doses.

Florianópolis
Em Florianópolis, os frascos são abertos já contabilizando as pessoas dos grupos elegíveis. No começo da campanha de vacinação contra a Covid, em caso de sobras, as doses eram aplicadas em voluntários envolvidos na ação de vacinação. Todas essas pessoas precisavam estar inscritas na fundação Somar ou em outras parceiras, como da UFSC e IFSC.

Depois que os voluntários foram vacinados, a prefeitura começou a orientar que cada ponto de vacinação, com auxílio dos Centros de Saúde, fizesse uma lista de pessoas que têm dificuldade de locomoção ou que estão acidentadas e precisam receber o imunizante em casa.

O protocolo de sobra de doses envolve enviar com agilidade as doses remanescentes para o Centro de Saúde, que deve vacinar "pessoas contempladas em algum dos grupos prioritários em uma das fases do Plano Municipal de Operacionalização da Vacinação contra a COVID-19, a partir de lista previamente elaborada".

A prefeitura afirma que nunca desperdiçou doses contra Covid.

Blumenau
Blumenau usa o esquema de agendamentos para auxiliar na busca ativa em caso de sobra de doses. No período da tarde as equipes da Central de Vacinação começam a organizar e controlar a abertura de novos frascos conforme demanda agendada. Quando as pessoas do grupo prioritário não comparecem ao agendamento, a vacina segue à disposição para aplicação em outro morador. Cabe ao usuário faltante agendar novo horário para receber a vacina.

São José
Segundo a prefeitura de São José, há uma equipe pronta para aplicar as doses remanescentes após o horário de vacinação. Essas vacinas são usadas para imunizar idosos acamados, pacientes domiciliados e grupos prioritários.

Apesar disso, os locais de vacinação buscam minimizar a quantidade de doses que sobram diariamente verificando o número de pessoas na espera pela vacina e abrindo os frascos de acordo com a necessidade.

O município informou que a perda de doses pode ocorrer eventualmente em virtude do tempo de vencimento após aberto e essas situações são "minuciosamente monitoradas pelas equipes de saúde".

Chapecó
Em Chapecó, o protocolo também é de busca ativa em pessoas que fazem parte do público-alvo da campanha. Essa procura é feita, segundo a prefeitura, em meios de comunicação e na rede de atenção básica. São chamadas, por exemplo, grávidas e pessoas com doenças consideradas comorbidades. A prefeitura de Chapecó nega que haja desperdício de doses.

Criciúma
Os frascos que sobrarem após o expediente normal das Unidades Básicas de Saúde (UBSs), são encaminhados ao Setor de Imunização, que abre o site do município onde estão concentrados os dados do Plano Nacional de Imunização (PNI) e inicia o chamado das pessoas cadastradas e que se encaixem na faixa etária e/ou nos grupos priorizados pelo PNI, até conseguir utilizar todas as doses.

Itajaí
Em Itajaí a vacinação contra Covid-19 funciona por agendamento. Ao final do dia, quando as doses sobram, a equipe de imunização entra em contato com os pacientes da área que integram os grupos prioritários ou a faixa etária que está sendo vacinada. A prefeitura informou que já registrou perda de doses em situações isoladas e “sem grande impacto nos números totais da vacinação”. Segundo o órgão, os profissionais de saúde esgotam as possibilidades de aplicação da dose antes de descartá-la.

Jaraguá do Sul
Jaraguá do Sul centraliza a aplicação das doses contra a Covid em apenas um local, o que, segundo a prefeitura, facilita o controle e o acompanhamento da imunização para evitar as perdas técnicas.

Quando sobram doses na cidade, as equipes de saúde contatam, com os dados de um sistema de gerenciamento de saúde, as pessoas que estejam na faixa etária e/ou grupo prioritário determinado. O município, por vezes, para não abrir um novo frasco de dose, pede para que as pessoas do final da fila voltem no outro dia e recebam a vacina.

Segundo relato dos profissionais da saúde, o trabalho de controle das doses era mais difícil quando estava sendo aplicada apenas a CoronaVac, que tem 10 doses. Porém, com diferentes opções de imunizantes, o trabalho foi facilitado.

Palhoça
Palhoça controla a abertura de frascos de doses no final do expediente. Segundo a prefeitura, quando está chegando ao final da fila, a equipe de saúde só vacina até terminar o número de doses que estão disponíveis nos frascos abertos.

Palhoça ainda informa que quando o imunizante é Astrazeneca, a flexibilidade é maior, já que o frasco de 5 doses tem durabilidade de 48 horas após aberto.

A perda de vacinas já ocorreu no município no início da campanha e foi notificada como "perda técnica", prevista pelo Ministério da Saúde.

Lages
Quando sobram doses em Lages, os profissionais da saúde que ainda não foram imunizados e se cadastraram em uma listagem da prefeitura no início da vacinação, recebem as doses.

A lista tem em torno de 5,5 mil pessoas cadastradas, porém a maioria já foi vacinada. Dessa forma, a prefeitura de Lages abriu um novo cadastro para os profissionais da saúde que ainda não foram vacinados, mas que fazem parte das profissões elencadas no Plano Nacional de Imunização (PNI).

Quando sobram doses, a equipe de saúde entra em contato com o profissional e faz a aplicação das doses sobressalentes na sede da Vigilância Epidemiológica.

A prefeitura de Lages nega que haja desperdício de doses.

Fonte: DC
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