É a primeira vez que o IPCC - um órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) - quantifica a responsabilidade das ações humanas no aumento da temperatura na Terra.
No entanto, o texto desta segunda-feira deve ser o único divulgado antes da Conferência das Partes (COP26), prevista para novembro em Glasgow, na Escócia.
A pesquisadora Mercedes Bustamante, professora da Universidade de Brasília (UnB) e uma das participantes do grupo de trabalho da terceira parte do relatório do IPCC, alerta que os dados exigem uma resposta urgente.
A especialista diz que um ponto importante a destacar é que está mais quente "em sistemas terrestres (onde vive a população) do que nos oceanos, pois a água segura mais as variações de temperatura". A alta da temperatura total do planeta, com influência humana e com a variação do próprio sistema climático, é de 1,09ºC (variação de 0,95ºC a 1,20ºC).
"É inequívoco que a influência humana aqueceu a atmosfera, o oceano e a terra. Ocorreram mudanças rápidas e generalizadas na atmosfera, no oceano, na criosfera e na biosfera" - IPCC.
"A gente não está mais discutindo se o homem foi um fator ou se é o um fator preponderante nas mudanças climáticas. Não se discute o 'se', mas o 'quanto'. É inequívoca a influência humana no clima da Terra e eles [IPCC] agora mostram quanto conseguem estimar em graus de temperatura", disse.
Em 2007, o IPCC e o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore receberam o Prêmio Nobel da Paz por seu trabalho de difusão do conhecimento sobre o aquecimento climático e sobre as medidas necessárias para limitá-lo.