Santa Catarina tem o registro de 35 espécies, que possuem distintos tamanhos, cores, formas, hábitos e produção de quantidade de mel. Em levantamento feito pela equipe de apicultura e meliponicultura da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) no ano de 2011 foram encontradas 27 destas espécies em diferentes regiões do Estado.
– Elas vão se adaptando aos espaços que têm porque naturalmente essas abelhas entram em enxameação e multiplicam os enxames todo ano e procuram novos lugares. Na ausência de árvores grossas o suficiente, que tenham ocos propícios para colher um ninho de abelha, elas vão procurar outros buracos e acabam se alojando em lugares nem sempre adequados – afirma a engenheira ambiental e meliponicultora Stefânia Hofmann.
Uma prática que tem se tornado muito comum é a criação desses insetos em caixas nos quintais e varandas, a chamada meliponicultura. Essa ação ajuda na preservação, colabora com o equilíbrio do meio ambiente e também fomenta a economia dos pequenos produtores.
Lembre-se que por ser uma abelha nativa também é importante incentivar ações que também preservem o habitat natural. Afinal, manter as espécies na natureza favorece o criador que garante um melhoramento genético natural e também promove a proteção dos ecossistemas.
– Já que vai ser um lugar artificial, não é um lugar que a abelha faz a escolha, é necessário ter uma caixa adequada com uma espessura suficiente para ter um conforto térmico e espaço suficiente. Agora para quem pensa em fazer o manejo, reproduzir e formar novas colônias para aumentar o plantel, precisa ter uma melhor capacitação, porque as abelhas que vivem em colônias têm uma sociedade bastante complexa e qualquer intervenção que seja inadequada vai ter problemas – afirma.
– Criar abelhas sem ferrão é uma grande responsabilidade, para se ter sucesso na criação e não colocar em risco esses insetos que são essenciais para o equilíbrio dos ecossistemas. A recomendação é que sempre a pessoa busque inicialmente por informação. Temos bastante materiais técnicos sobre abelhas nativas, por isso, antes de ter é preciso se capacitar. Além disso, é necessário saber quem são os fornecedores, para isso é possível pegar indicações com a equipe técnica da Epagri ou um meliponicultor experiente – explica.
Também há regras em âmbito estadual como a lei nº 16.171/2013 e a 17.099/2017, que envolvem a criação, o comércio e o transporte de abelhas sem ferrão. As atividades também devem respeitar as disposições previstas no plano diretor municipal.
A planta de origem africana, que foi introduzida no Brasil como árvore ornamental e integra o paisagismo de muitas cidades catarinense, tem uma substância nas flores com ação inseticida que pode ser tóxica para abelhas sem ferrão.
Existem no mundo mais de 400 espécies dessas abelhas, no Brasil são aproximadamente 300 espécies. Segundo a Epagri, em Santa Catarina ocorrem naturalmente pelo menos 35 espécies, porém por ter exigências específicas em relação às condições climáticas, muitas espécies são encontradas somente em determinadas regiões.
Em termos gerais tem as opções das mandaçaia, as mirins e a jataí para apartamento. Em casa, com um quintal maior, é possível ter tubunas, e se tiver lugar mais úmido, teria as guaraipos. Para a parte mais Oeste do estado tem a iraí, a borá para espaços amplos – afirma.
– Qualquer pessoa pode criar abelhas sem ferrão em casa. Sabemos que muitas pessoas têm pânico ou pavor pelo simples fato de chamar abelha por associar a abelha com ferrão. Para essas pessoas a criação é contraindicada.
As abelhas sem ferrão estão ameaçadas com a derrubada de florestas, queimadas, aumento das áreas de monocultura e pastagens, avanço das cidades e o uso abusivo de agrotóxicos.
Ela explica que quando ocorre a criação de abelhas sem ferrão em cidades pode ser reinseridas as espécies em locais que antes existiam em abundância.