MÁSCARAS IMPRÓPRIAS - 17/09/2021 18:53

Escolas de SC recebem máscara transparente imprópria contra Covid

Fornecedora entregou itens fora do padrão; laudo atestou que equipamento não era adequado e governo confirma compra irregular
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O governo de Santa Catarina, por meio da Secretaria de Estado da Educação (SED), distribuiu máscaras impróprias para escolas no combate a covid-19. As unidades receberam o item fora do padrão licitado pela própria secretaria. Uma investigação do Ministério Público de Contas (MPC) também apontou irregularidades no processo de compra do equipamento pela pasta.
Em outubro do ano passado, a SED deu início a um processo de compra de Equipamentos de Proteção Individual, os Epis, para escolas da rede estadual. O documento especificava que as máscaras deveriam ter no mínimo três camadas, clips nasal e filtragem bacteriana acima de 95%.
A reportagem da NSC TV recebeu uma denúncia sobre a qualidade das máscaras. Após visitar cinco colégios em Florianópolis, encontrou em um deles modelos fora do padrão licitado pelo governo do Estado. Outro item em desacordo com a licitação foi denunciado pela mãe de um aluno à reportagem.
Ele frequenta uma unidade no Norte da Ilha. Segundo Mônica Silveira de Almeida, a mãe do estudante, o garoto recebeu a máscara em um dia em que ficou sem o item. O equipamento tinha apenas duas camadas de tecido e um elástico para suporte nas orelhas.
— Eu não vejo proteção alguma com esse tipo de máscara que eles oferecem. A gente sabe que o Estado pede para usar máscara de qualidade. O Ministério da Saúde também fala bastante sobre isso na televisão, que seja pelo menos uma PFF2 ou uma N95 e essas aqui para mim são dois TNT juntos — disse  Mônica Silveira de Almeida, mãe do estudante.
A máscara, segundo Mônica, ficava muito úmida ao ser utilizada e chegava a rasgar na boca.
Uma outra máscara, com apenas uma camada, também foi encontrada pela equipe da NSC TV. O modelo estava em um saco lacrado e etiquetado no estoque de uma escola em Florianópolis. Dentro dele haviam alguns modelos diferentes, com uma, duas e três camadas.
As máscaras com uma e duas camadas foram analisadas pelo microbiologista e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Carlos Rodrigo Zarate.
le primeiro avaliou o item usado pelo aluno. Para Zarete, a máscara não oferece proteção contra o coronavírus, pois não tem capacidade de filtração.
— O tecido em si é absolutamente transparente. Imagino que esta não deve proteger adequadamente para filtragem de partículas que queremos. Dá para ver que a trama é bem grande, então a filtração vai ser mínima — diz Zarate.
Ele destaca que vários estudos mostram a importância de três camadas nas máscaras e que cada uma delas oferece um tipo de proteção.
— A camada interna tem a função de absorver as partículas de água que a pessoa emite quando fala. A segunda camada tem a função fundamental de filtração e de retenção das partículas que vêm de fora. E a primeira tem a principal função de repelir as partículas que possam entrar na máscara — coloca.
O modelo com apenas uma camada não tem clips nasal e os elásticos, segundo o especialista, são frouxos.
— Uma camada não oferece a proteção que deve oferecer. — conclui.
Como foi a compra das máscaras
A empresa vencedora da licitação para compra de máscaras foi a Rama Comércio e Importação de Produtos Personalizados, que hoje tem o nome de WWT Comercial Importadora e Exportadora Ltda.
A companhia de Palhoça venceu o pregão eletrônico por  R$ 4 milhões. A previsão era de entrega de mais de 21 milhões de máscaras.
A entrega deveria ter acontecido em dezembro de 2020. Contudo, alegando que o item estava em falta com seus fornecedores, a Rama pediu prorrogação do prazo de entrega duas vezes.
Foi solicitada também pela empresa da Palhoça, a troca do fabricante das máscaras. A marca apresentada no edital foi substituída pela Art Cor Brasil, com sede em São Paulo.
A ação foi aceita pelo governo e, em abril, uma comissão de servidores assinou cinco termos de recebimento dos itens. Uma vistoria não apontou a presença de nenhuma máscara diferente do que foi licitado.
A empresa chegou a enviar um laudo que mostrava a qualidade das máscaras do novo fabricante para o governo de SC. A veracidade foi atestada por meio de uma troca de e-mails com o laboratório responsável pela perícia.
O laudo mostra que a máscara tem mais de noventa e cinco por cento de filtração de bactérias. Contudo, ele foi feito em uma de três camadas, diferente da que foi encontrada em escolas estaduais.
Uma denúncia sobre a qualidade das máscaras chegou a ser feita na época pela deputada estadual Luciane Carminatti (PT). A legisladora apresentou representação sobre o caso ao Tribunal de Contas de Santa Catarina (TCE/SC). O caso segue em tramitação.

Fonte: Diário Catarinense
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