aviação - 08/10/2021 07:09

O que explica aviões voando em círculo e perto do solo em duas cidades de SC nos últimos dias

Moradores ficaram apreensivos com rasantes de aeronaves
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Avião da Aeronática fez sobrevoo baixo para inspeção de equipamentos em Joinville(Foto: Infraero, Divulgação)
Dois casos de aviões que voaram baixo e fazendo manobras em círculos no céu de Santa Catarina chamaram a atenção de moradores catarinenses. O primeiro episódio ocorreu no sábado (2), em Chapecó. Um avião comercial da companhia Azul que partiu de Campinas sobrevoou o aeroporto em movimentos circulares por cerca de meia-hora antes de conseguir pousar na pista do aeroporto Serafin Enoss Bertaso. Segundo informações da companhia aérea, a situação teria sido causada pela condição meteorológica.
O caso mais recente ocorreu nesta terça-feira (5), em Joinville. Uma aeronave voando baixo causou forte barulho e instigou moradores. A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) informou que a aeronave é do Grupamento Especial de Inspeção de Voo (GEIV), órgão responsável por inspecionar equipamentos de auxílio à navegação e instrução de pouso.
A reportagem do Diário Catarinense consultou o especialista em aviação e mecânico de aeronaves Lito Sousa, dono do canal Aviões e Música, para questionar sobre os episódios ocorridos em SC.
Ele explica que as duas situações ocorreram por motivos distintos. No caso do voo comercial, a manobra em círculo é feito quando a aeronave se aproxima do aeroporto, mas não há condição para pouso. Nesses casos, o piloto deve ir para um ponto determinado em uma carta de navegação e sobrevoar o local em círculos, aguardando a possibilidade de pouso.
– O combustível do avião é calculado para espera de até 45 minutos no aeroporto de destino. Se após 45 minutos as condições não melhorarem, ele alterna para outro aeroporto. De repente, as pessoas vão ficar ‘encucadas’ de ouvir um avião passando, porque essa órbita costuma durar cinco minutos – conta Lito Sousa.
A altitude em que o avião faz essas manobras enquanto aguarda condição de pouso também varia. Quanto mais próximo o local for do aeroporto, mais baixo será a altura desse sobrevoo.

Inspeção causou voos rasantes em Joinville
Já no caso do sobrevoo baixo e em círculos visto em Joinville, a explicação é outra. A aeronave do GEIV, que passou pela região, costuma fazer missões para inspecionar instrumentos de auxílio à navegação aérea. São conferências de itens que auxiliam o voo, os pousos, verificação de distância dos obstáculos e de possíveis interferências.
– Até entendo as pessoas se assustarem, mas são operações completamente normais. É um serviço essencial para garantir a segurança de voo. Os instrumentos de aviões são checados diariamente pela manutenção, mas os instrumentos do aeroporto nem sempre são. Não tem como averiguar se um trem passando ao lado de estação que emite sinal de rádio não vai comprometer a comunicação, por exemplo – explica Lito.

O que pode fazer aviões voarem baixo ou em círculos?
Os registros dos últimos dias em SC não foram os primeiros. Muitas pessoas relatam já terem visto aviões voando muito abaixo da altura a que estamos habituados a ver ou até mesmo em círculos. Mas o que faz com que as aeronaves façam sobrevoos deste tipo? O especialista em aviação explica que em geral são três os motivos:

1. Meteorologia
Como no caso do voo de Chapecó, a condição de tempo às vezes não permite o pouso em condições seguras. Nesse caso, as aeronaves podem voar em círculos em volta de um ponto fixo definido em cartas de navegação. Em geral, ficam próximos aos aeroportos. O procedimento é chamado de “órbita”. Se em até 45 minutos não houver condições de pouso, o piloto pode partir para o aeroporto alternativo indicado para o voo.

2. Separação de tráfego
A segunda situação mais comum é chamada de “separação de tráfego”. Quando há muito movimento de aeronaves, o controlador pode solicitar para o piloto que ele espere em órbita.
– O controle tem que manter uma separação de determinados minutos entre os voos que vão para o mesmo lugar. A única maneira é sequenciar. É como se fosse um sinal vermelho, indicando para esperar um pouco a passagem de outras aeronaves – explica Lito.

3. A pedido do piloto
O terceiro motivo que costuma fazer aviões sobrevoarem em círculos é menos comum. Ocorre a pedido do próprio piloto, quando ele deseja resolver algum problema na aeronave antes de partir para o pouso. Pode ser solicitado para ler o checklist ou revisar procedimentos para o pouso.

Como diferenciar um voo em círculo normal de um perigo?
Para quem está em terra, avistar um avião em baixa altitude e voando em círculos sempre desperta alguma preocupação. Nem sempre é fácil identificar se trata-se de uma situação normal na aviação ou de algum perigo real. No entanto, Lito Sousa dá algumas dicas que as pessoas podem tentar observar diante de sobrevoos desse tipo.

1. Barulho do motor
Nem sempre a altura vai permitir, mas tentar observar se o barulho do motor está normal ou apresenta algum problema pode ser um ponto importante para diferenciar as situações.

2. Trem de pouso
Outro sinal importante pode ser verificar se o avião está sobrevoando a mesma região em círculos com o trem de pouso já abaixado.
– Geralmente a espera é feita com avião “limpinho”, como dizemos. Só se abaixa o trem de pouso na hora de efetivamente pousar. Se o avião já está com o trem de pouso abaixado, é um indício de que pode não ser somente um problema meteorológico – explica.

3. Aplicativos de voo
A terceira dica envolve aplicativos de celular e computador que permitem acompanhar os voos pela internet e pode exigir um pouco mais de domínio sobre o assunto.
– Se nesses aplicativos o transponder dele não estiver com o código 7700, que é o código de emergência, é porque está tudo bem – sinaliza.
O código costuma ser indicado no campo "Squawk code", mas em alguns aplicativos está disponível apenas em versões pagas.
Fonte: DC
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