Fúria do tempo - 13/12/2021 17:02 (atualizado em 13/12/2021 17:11)

Tornados que atingiram EUA causariam estragos irreversíveis se ocorressem em SC

Fenômeno deixou mais de 50 cidades devastadas nos Estados Unidos; na escala de frequência, tornados estão entre o quarto e quinto nível de perigo
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Os mais de 50 tornados que devastaram diversas cidades nos Estados Unidos acenderam um alerta para Santa Catarina, afinal o Estado é o que possui o maior número de registros do fenômeno em todo o Brasil.

O meteorologista Piter Scheuer explicou, em entrevista ao ND+, que “os estragos que poderíamos ter seriam até mesmo irreversíveis se um tornado como esse ocorresse na nossa região”. Além disso, o fenômeno “varreria parte das cidades e possivelmente deixaria um grande número de mortos”.

Veja a participação de Piter Scheuer no Atualidades da 103 FM explicando o fenômeno

Entretanto, ele explicou que esse tipo de tornado é raro. Na escala Fujita, utilizada para medir a intensidade destes fenômenos, as frequências que vão de F0 a F3 são normais. Esse tipo de tornado, inclusive, ocorre com frequência no Oeste de Santa Catarina.

Já os tornados que sobem para a escala F4 e F5 são muito raros. Segundo o meteorologista, são exatamente esses tornados que estão devastando casas nas regiões de Kentucky, Illinois, Tenessee, Arkansas e Missouri, nos Estados Unidos.

Para Piter, tornados nesses níveis são mais difíceis de ocorrer nas regiões catarinenses, por causa das especificidades requeridas para que eles aconteçam. Para esse tipo de formação, Piter explica que a atmosfera precisa estar “extremamente instável“.

As superfícies precisam estar oscilando entre calor e umidade na atmosfera, a pertubação de ondas curtas deveria ocorrer, além de ser preciso ter um padrão de ar quente e úmido, que vem da Floresta Amazônica.

Piter ainda comenta que a aproximação de uma frente fria e de um sistema de baixa pressão precisariam ser encontrados para “dar o pontapé inicial nas instabilidades. Aí sim você teria a formação de super células, que seriam as tornádicas”, completa.

Tornado raro e fora de época nos EUA

Uma sequência devastadora de tornados atingiu vários Estados do sudeste e centro-oeste dos EUA na madrugada deste sábado (11). O Storm Prediction Center do Serviço Meteorológico Nacional recebeu 36 relatos de tornados em Illinois, Kentucky, Tennessee, Missouri e Arkansas.

No Kentucky, um “tornado quádruplo” matou ao menos 70 pessoas, segundo o governador Andy Beshear. O “tornado quádruplo” foi excepcionalmente duradouro e forte para a época do ano, disseram os meteorologistas consultados pelo Estadão.

Segundo eles, o tornado que atravessou o Arkansas e Kentucky parece ter aberto um caminho de 386 quilômetros. Se tiver permanecido no solo sem interrupção, ele pode ter batido o recorde de mais longa pista de tornado da história dos EUA e se tornará o primeiro a cruzar quatro Estados.

O que chama atenção dos especialistas é que é incomum surgir uma tempestade tão severa no dezembro estadunidense, pois o ar quente instável que é necessário para formar os fenômenos são limitados nessa época do ano.

Agências internacionais consideram que o aumento recorde de calor no terço oriental do país foi o responsável por criar um ambiente de tempestades tão características de março ou abril em dezembro.

Entenda porque tantos tornados atingem Santa Catarina

Somente em setembro de 2021, três tornados assolaram os municípios de Seara, Irani e Guatambu, no Oeste catarinense. Para o professor Charles Alexandre de Souza Armada, da Univali (Universidade do Vale do Itajaí), os tornados vistos recentemente no Estado têm direta relação com as mudanças climáticas em todo o planeta.

“Uma das consequências do aquecimento do planeta é a mudança na dinâmica climática. O aumento de temperatura nos oceanos, na superfície, tem impacto no clima do planeta. E aí a consequência é a intensificação de fenômenos” diz o professor.

Além dos tornados que ocorrem com mais frequência no Oeste de Santa Catarina, as mudanças climáticas podem proporcionar eventos em outras regiões do Estado. Segundo Charles, “não é impossível” que no futuro tenhamos condições propícias para tornados até mesmo nas maiores cidades litorâneas.

“À medida que a situação continuar, que as concentrações dos gases de efeito estufa continuarem a se acumular na atmosfera, e, por consequência, a gente ter um aumento de temperatura, como estamos identificando – dos 21 anos do século 21, tivemos recordes de temperatura em 20 deles -, nós vamos ter uma deterioração dessa dinâmica climática global”.

Oeste de Santa Catarina é considerado “fora da reta”

Para o meteorologista Piter Scheuer, o Oeste é considerado um “ponto fora da reta” no mapa climático de Santa Catarina e é mais propício a ser atingido por eventos extremos. A região está em um “corredor” que possui muita interferência de um fluxo de ar quente e úmido.

Por ser um local mais plano, o Oeste é considerado uma área “altamente energética”. “Santa Catarina possui as quatro estações definidas, porém o Oeste é uma exceção. É uma região que possui muito contraste de temperatura, é mais ‘continentalizada’ e afastada do oceano. Por isso, o calor, o frio e as tempestades são extremos”, afirma o especialista.

Por isso, é mais comum também a ocorrência de tornados, vendavais, microexplosões, linhas de instabilidades, dentre outros fenômenos extremos na região. Com isso há a formação das chamadas “supercélulas”, que surgem nas formas de nuvens rotatórias e favorecem o surgimento desses eventos.

Com informações do Estadão Conteúdo.

Fonte: ND+
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