As mulheres brasileiras recebem menos que os homens, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2019. Além disso, também pagam mais em produtos que fazem parte da rotina feminina e destinados a elas. É o que aponta um estudo do IBGPT (Instituto Brasileiro de Gestão e Planejamento Tributário), sediado em Balneário Camboriú.
Do valor de uma bolsa, que tem como alvo o público feminino, por exemplo, os impostos vão de 39,95% a 41,52%. O IBGPT pesquisou o valor médio dos produtos vendidos pela internet e calculou a taxação sobre eles, chegando ao preço que seriam comercializados sem os impostos.
Dos produtos listados, nenhum tem menos de 20% de taxas e quase 80% do valor de um perfume importado, por exemplo, é só a tributos. Outro estudo do núcleo de Direito Tributário do Mestrado Profissional da FGV (Fundação Getúlio Vargas), também aponta esta diferença, e chegou a conclusão de que as mulheres brasileiras pagam cerca de 40% a mais de impostos em relação aos homens.
O advogado tributarista Thiago Alves, que faz parte do IBGPT, explica que o Instituto, ao realizar o levantamento, pretende ajudar a conscientizar a população sobre a alta taxação existente sobre o consumo no Brasil, o que reflete diretamente na redução do poder aquisitivo e, consequentemente, menos qualidade de vida, especialmente quando itens relevantes acabam saindo da cesta básica das famílias.
Conta não fecha
“Soma-se a esta realidade imposta pelos tributos, a questão da renda salarial das mulheres, que historicamente é menor do que a dos homens para cargos e funções equivalentes, o que torna a gestão financeira pessoal e familiar, para as mulheres, uma luta diária”, reflete o advogado.
Segundo pesquisa do IBGE, em 2019, as mulheres brasileiras receberam salários equivalentes a 77,7% do salário dos homens. À medida que os cargos sobem, como diretores e gerentes, a diferença é ainda mais acentuada: o salário delas é cerca de 38% menor para cargos de liderança. A disparidade entre o salário de homens brancos e mulheres negras é de 44,4%.
E se pensar em presentear com um buquê de flores alguma mulher nesta data, pergunte antes se ela gosta, e já vá ciente de que 17,71% do valor será destinado ao Tesouro Nacional. Mas este percentual fica pequeno diante de uma necessidade mensal das mulheres, que deveria fazer parte da cesta básica por sua importância (até a título de saúde pública), e é taxado em 34,48%, o absorvente higiênico feminino.