ECONOMIA - 08/03/2022 07:20 (atualizado em 08/03/2022 07:30)

Mulheres pagam 40% a mais em impostos do que os homens, revela estudo

Produtos destinados à elas são mais caros, apesar das mulheres ganharem 77,7% do salário dos homens, segundo o IBGE
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As mulheres brasileiras recebem menos que os homens, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2019. Além disso, também pagam mais em produtos que fazem parte da rotina feminina e destinados a elas. É o que aponta um estudo do IBGPT (Instituto Brasileiro de Gestão e Planejamento Tributário), sediado em Balneário Camboriú.

Do valor de uma bolsa, que tem como alvo o público feminino, por exemplo, os impostos vão de 39,95% a 41,52%. O IBGPT pesquisou o valor médio dos produtos vendidos pela internet e calculou a taxação sobre eles, chegando ao preço que seriam comercializados sem os impostos.

Dos produtos listados, nenhum tem menos de 20% de taxas e quase 80% do valor de um perfume importado, por exemplo, é só a tributos. Outro estudo do núcleo de Direito Tributário do Mestrado Profissional da FGV (Fundação Getúlio Vargas), também aponta esta diferença, e chegou a conclusão de que as mulheres brasileiras pagam cerca de 40% a mais de impostos em relação aos homens.

O advogado tributarista Thiago Alves, que faz parte do IBGPT, explica que o Instituto, ao realizar o levantamento, pretende ajudar a conscientizar a população sobre a alta taxação existente sobre o consumo no Brasil, o que reflete diretamente na redução do poder aquisitivo e, consequentemente, menos qualidade de vida, especialmente quando itens relevantes acabam saindo da cesta básica das famílias.

Mais da metade dos impostos coletados no Brasil, ou seja, 58%, incidem sobre o consumo, enquanto 42% da arrecadação vem da renda. “Em tese, quanto menor a renda e maior o consumo, mais imposto o contribuinte brasileiro paga, o que afeta drasticamente a população mais pobre e vulnerável”, pondera Alves.

Conta não fecha

A conta é cada vez mais difícil de fechar: 45% dos lares brasileiros são chefiados por mulheres, segundo dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) de 2018, e os produtos e serviços dedicados aos homens são, em média, 12,3% mais baratos, segundo estudo da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) de 2018.

“Soma-se a esta realidade imposta pelos tributos, a questão da renda salarial das mulheres, que historicamente é menor do que a dos homens para cargos e funções equivalentes, o que torna a gestão financeira pessoal e familiar, para as mulheres, uma luta diária”, reflete o advogado.

Segundo pesquisa do IBGE, em 2019, as mulheres brasileiras receberam salários equivalentes a 77,7% do salário dos homens. À medida que os cargos sobem, como diretores e gerentes, a diferença é ainda mais acentuada: o salário delas é cerca de 38% menor para cargos de liderança. A disparidade entre o salário de homens brancos e mulheres negras é de 44,4%.

E se pensar em presentear com um buquê de flores alguma mulher nesta data, pergunte antes se ela gosta, e já vá ciente de que 17,71% do valor será destinado ao Tesouro Nacional. Mas este percentual fica pequeno diante de uma necessidade mensal das mulheres, que deveria fazer parte da cesta básica por sua importância (até a título de saúde pública), e é taxado em 34,48%, o absorvente higiênico feminino.

Com o peso tributário, recai sobre a responsabilidade das mulheres o peso dos afazeres domésticos e cuidado com as pessoas. Elas dedicam-se cerca de 21,3 horas semanais aos trabalhos não remunerados, enquanto os homens contribuem com 10,9 horas.

Fonte: ND+
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