Um levantamento divulgado nesta segunda-feira (29) pela SBCO (Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica) aponta que 53,8 mil cirurgias de câncer não foram realizadas pelo SUS durante a pandemia. O estudo considera o período de janeiro de 2020 a junho de 2022.
A partir de dados do DataSus, a SBCO identificou que foram feitas 19,1 mil cirurgias a menos em 2020, comparado a 2019; 15,4 mil a menos em 2021 e 19,2 mil a menos em 2022.
De acordo com a entidade, o panorama está melhorando por conta da queda dos números da Covid-19 e o avanço da imunização, mas ainda é preciso trabalhar para retomar as cirurgias e também os exames periódicos.“O maior complicador é que não houve redução do número de casos de câncer. O que ocorreu foi o represamento destas cirurgias. E muitas que foram realizadas chegaram em fase mais avançada”, alerta o cirurgião oncológico e presidente da SBCO, Héber Salvador.
Até 2040, a demanda por procedimentos relacionados ao câncer deve crescer 52%, segundo estudo da revista The Lancet, chegando a 13,8 milhões de cirurgias.Para dar conta deste cenário, segundo a SBCO, são necessários mais profissionais da medicina: pelo menos 200 mil cirurgiões e 87 mil anestesistas.
Segundo o DataSUS, foram registrados 351 mil novos casos de câncer em 2020 e 358 mil em 2021 no Brasil. A estimativa do INCA (Instituto Nacional do Câncer) era de pelo menos 626 mil novos casos por ano no Brasil no triênio 2020/22.
O levantamento da SBCO mostrou que a pandemia também refletiu no rastreamento e no diagnóstico precoce do câncer.
Em 2019, por exemplo, foram realizadas 43 mil biópsias de mama, número que caiu para 34,8 mil em 2020 e 41 mil em 2021.