Santa Catarina contabiliza 43 variantes do coronavírus em circulação pelo Estado em meio ao aumento de casos da doença nas últimas semanas. O número é quase o dobro de sublinhagens identificadas há cinco meses. As informações são do último Boletim de Vigilância Genômica do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), divulgado na sexta-feira (18).
A quantidade de tipos de coronavírus, com diversas mutações, aumentou 86% de junho a novembro. No entanto, todas elas pertencem à linhagem da variante Ômicron, que se tornou predominante no Estado e foi o único rótulo da OMS em transmissão durante o período. Cinco meses atrás, a variante Delta ainda estava em circulação e apenas 23 cepas do SARS CoV-2 foram registradas pelo levantamento anterior.
De acordo com o boletim do Lacen, a Ômicron possui o maior número de mutações em envelopes, membranas e "spikes". Isso possibilita o aumento da transmissão da doença, que por sua vez pode levar a mais mudanças nas características biológicas do vírus.
— Quanto mais pessoas infectadas, mais mutações. A grande maioria não traz nenhuma consequência, mas nós podemos utilizá-las, por exemplo, como uma assinatura para poder saber se o vírus veio ou do Brasil, da Itália ou da China. As mutações é que vão levar, por exemplo, a nova variante ou, se depois se essa variante passar a ser algo realmente importante, será classificada como uma linhagem — explica o pesquisador Felipe Naveca em uma publicação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Entre as sublinhagens da Ômicron identificadas em Santa Catarina está a BQ.1, a nova cepa de preocupação internacional com alto índice de transmissibilidade. Segundo o boletim, o novo vírus possui a capacidade de evadir respostas imunes do organismo humano e por isso pode até infectar pessoas imunizadas ou que já contraíram a doença. Cinco casos já foram registrados no Estado, porém não há dados epidemiológicos suficientes que sugiram um aumento na gravidade da doença.
Casos da Covid-19 aumentam 251% em SC
O avanço da Covid-19 no Estado é registrado desde o início do mês. Santa Catarina chegou a contabilizar 6 mil casos ativos da doença após três meses com o índice bem abaixo da marca. No dia 1º de novembro, 1.809 pessoas estavam transmitindo o vírus, mas nesta terça-feira (22) são 6.356. Em 21 dias, o número aumentou 251%.
O crescimento da transmissão fez a Secretaria de Estado da Saúde (SES) recomendar novamente o uso de máscaras. O comunicado foi feito em uma nota técnica, divulgada pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive-SC) em 9 de novembro. O texto cita o risco de aumento nos casos de síndrome gripal e Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) nas próximas semanas.
