O World Population Prospects 2022, levantamento anual feito pela ONU, estima que, apesar de a população mundial ter levado 12 anos para crescer de 7 para 8 bilhões de pessoas, em 2030 o globo atingirá a marca de 8,5 bilhões de habitantes. Em 2080, esse número pode chegar a 10,4 bilhões.
"Deverá aumentar de 10% em 2022 para 16% em 2050. Espera-se que o número de pessoas com 65 anos ou mais em todo o mundo seja mais do que o dobro do número de crianças com menos de cinco anos, e aproximadamente o mesmo que o número de crianças com menos de 12 anos", relata o site das Nações Unidas no Brasil.
Além desse aumento, o relatório aponta que a taxa de fecundidade caiu acentuadamente nas últimas décadas. Atualmente, dois terços da população global vive em um local com uma média de fecundidade abaixo de 2,1 nascidos por mulher.
Esse é um dos motivos apontados pela professora Yeda Aparecida de Oliveira Duarte, da Escola de Enfermagem e da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo) e líder do grupo de pesquisa "Saúde Pública e Envelhecimento", para o aumento da população idosa.
Na prática, segundo a docente, isso significa que "nascem menos crianças, quem nasce não morre (mortalidade infantil diminuída) e vive mais (comparado às décadas anteriores)".
O crescimento da qualidade de vida, de forma geral, trouxe diversos avanços que possibilitaram o salto da expectativa de vida de 45,5 anos, estimado em 1940, para 77 anos em 2022, segundo dados recentes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Porém, os países devem manter vigilância nessa transição demográfica, pois ela também implica em uma transição epidemiológica. Sendo assim, a morbimortalidade (condições de adoecimento e morte) muda.
Essa readaptação contempla cuidados de saúde universais e de longo prazo, bem como uma melhoria na sustentabilidade de programas de previdência social.
Para Rosa, a sociedade deve se perguntar sobre o que é necessário para atender a esse público e quais as principais carências existentes nessa faixa etária. A resposta para essas questões está nas políticas públicas.
Ela cita como exemplos, "centros de convivência, universidades abertas à terceira idade, cursos em comunidades, centros onde eles possam se reunir para que tenham relações sociais".
O idoso deve praticar diferentes atividades que beneficiem a saúde em um geral, por exemplo, de memorização, de socialização e físicas.
O Brasil está preparado para isso?
"O Centro Dia, hoje, está surgindo como uma alternativa para as pessoas que estão em casa, mas que têm algum tipo de fragilidade. A família leva esse idoso de manhã para esse local e vai buscar no período da tarde. Então, ele não vai ficar sozinho só vendo TV, ele vai ter companhia, ele vai ter uma boa alimentação balanceada, vai ter um cuidado", explica a professora Faculdade de Saúde Pública.
De acordo com dados da Prefeitura de São Paulo, em 2021, o município contava com 19 CDIs, com 570 vagas. O Plano de Metas do projeto tem a intenção de implantar mais 16 unidades até 2024.
Porém, na capital paulista, por exemplo, existem apenas três unidades. "Não podemos ficar só nos modelos, a gente tem que multiplicar o que está dando certo", diz Rosa.
"[As] ILPIs, hoje, são mais controladas, a vigilância sanitária está mais em cima, não é um depósito para idosos, mas sim a continuidade do trabalho, do cuidado da família dentro de casa", relata a professora.
A velhice é uma fase difícil e exige atenção especial. Os cuidadores de idosos, profissão regulamentada apenas em 2019, também deveriam integrar uma política pública, para que todas as famílias necessitadas pudessem ter a presença desse profissional de forma gratuita.
"De um lado, eu posso inchar os diferentes serviços, e do outro, porque este serviços estão inchados, as pessoas podem não ser adequadamente atendidas nas suas necessidades. Aí eu estou comprometendo a qualidade de vida dela", finaliza Yeda.