Santa Catarina já registrou 21 mortes por afogamento em praias, piscinas e balneários desde o início da temporada de verão. Segundo o último boletim da operação veraneio dos bombeiros, divulgado nesta semana, todas as vítimas fatais são homens. Para a corporação, o número desproporcional de óbitos entre os gêneros está relacionado ao comportamento masculino, que leva os homens a se colocarem em situações de risco, e é uma realidade mundial.
Do total, 12 mortes aconteceram em água salgada, no litoral do Estado. Dessas, sete aconteceram em áreas sem monitoramento de guarda-vidas e cinco em locais com a presença dos profissionais.
Outros nove óbitos foram registrados em áreas de água doce, como piscinas, rios, lagos e açudes. Todas ocorreram em locais sem a atuação dos bombeiros e, portanto, em áreas que não são cobertas pelos trabalhos da operação.O número total de mortes desde o início do monitoramento das praias, no dia 17 de dezembro, é maior em relação ao mesmo período da operação anterior. No verão 21/22, foram seis óbitos em água salgada e 12 em água doce.
Nesta temporada 22/23, cinco das vítimas são pescadores que se afogaram durante a pesca. Quatro deles estavam em costões, áreas de pedras e sem faixa de areia, quando caíram no mar e morreram. Um dos casos aconteceu quando um homem estava em uma embarcação. Os locais de pesca, geralmente mais distantes, são de difícil acesso para os guarda-vidas, o que torna a situação ainda mais perigosa para esses homens.
De acordo com o tenente-coronel Fabiano Bastos, comandante da 1ª Região de Bombeiros Militar, o número de mortes de homens em situações de afogamento é maior do que de mulheres também no Brasil e no mundo. Ele cita que a diferença é uma característica universal.— Organizações internacionais calculam que os homens morrem afogados cinco vezes mais do que as mulheres, na média mundial. Mas, no Brasil, esse número chega até sete vezes mais, dependendo da faixa etária — informa o tenente-coronel.
A idade média entre os homens que morreram por afogamento em Santa Catarina é de 36 anos, de acordo com o boletim. Apesar dos 1.384 salvamentos feitos pelos guarda-vidas incluírem mulheres, de 17 de dezembro de 2022 a 8 de janeiro de 2023, nenhuma delas foi a óbito.Comportamento masculino e situações de risco
O comandante explica que os motivos que contribuem para a morte de mais homens nos balneários são comportamentos internalizados pelo gênero masculino, e que são vistos com frequência. Muitas vezes, eles realizam ações e tomam decisões para fortalecer um conceito de masculinidade construído socialmente.— O senso comum aponta que é pelas características de ser mais impetuoso e impulsivo, de querer provar que é corajoso. Isso leva o homem a se colocar muito mais em risco e pode levar a uma fatalidade — cita o bombeiro militar.
O relato de quem trabalha com salvamentos é de que as mulheres, ao frequentar o mar, ficam em uma área mais segura no começo da faixa de areia. Já os homens, regularmente são vistos em locais mais distantes e que até dificultam o trabalho de resgate.— O que a gente percebe é que as mulheres são mais cuidadosas e ponderadas com relação à segurança no mar — afirma o comandante Bastos.
Dicas para evitar afogamento
O tenente-coronel indica que, para evitar sustos no mar e afogamentos, é possível observar algumas questões no momento de ir à praia. Veja a lista:- Entrar no mar em um local perto de um posto de guarda-vidas
- Verificar e respeitar a sinalização das bandeiras que indicam a condição do mar no posto de guarda-vidas
- Não entrar no mar em pontos da praia com a bandeira vermelha fixada, pois indica uma zona perigosa
- Pedir orientação antes de entrar no mar