MATA-LEÃO EM POLICIAL - 09/02/2023 16:16

Vereador de SC dá mata-leão em policial para livrar jovem que chamou PM de ‘otário’

Caso aconteceu no último domingo (5) na cidade de Vargem. A ação do vereador foi levada ao Ministério Público de SC, que vai instaurar procedimento para análise da Polícia Civil
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Caso aconteceu em Vargem, no Meio-Oeste de SC — Foto: Reprodução
Uma abordagem da PM (Polícia Militar) terminou em tumulto e pessoas feridas na cidade de Vargem, no Meio-Oeste catarinense, na tarde do último domingo (5). Imagens da confusão viralizaram na internet e mostram que um dos militares chegou a ser agarrado pelo pescoço por Divonei dos Santos (PL-SC), vereador da cidade.
O ND+ teve acesso ao Boletim de Ocorrência do caso. No documento, os dois policiais envolvidos na ocorrência descreveram que tudo começou quando estavam atendendo a um chamado às margens da BR-282, por volta das 17 horas. Um Gol branco passou pela viatura em seguida, deu marcha ré e, com os vidros abertos, parou ao lado do veículo. O motorista, de 25 anos, teria questionado um dos soldados: “Tirou foto da minha placa, otário?”.
Ao perceber que o motorista estava com sinais de embriaguez, com fala enrolada e olhos vermelhos, o policial determinou que ele desembarcasse do carro, mas o homem acelerou bruscamente e fugiu, segundo o relato dos agentes no boletim. Foi quando iniciou uma perseguição ao veículo, que só parou na casa da mãe do suspeito.
As imagens obtidas pela reportagem do ND+ mostram os policiais armados na área externa da casa. Eles pedem que o suspeito saia do imóvel e se renda. “Vem para fora, bota a mão na cabeça e vem para fora”, diz o policial. O homem, no entanto, não obedece, fecha a porta e quebra um dos vidros da casa.
Os policiais afirmaram no documento que, diante do crime de flagrante de embriaguez, decidiram entrar na casa para prender o homem, o qual foi encontrado em um dos quartos. Os vídeos ainda mostram que, novamente, os militares pedem que o suspeito coloque as mãos na cabeça e se entregue, mas o rapaz reage e começa a luta corporal.
Os dois policiais tentam imobilizar o homem na cama, mas ele não se rende. “Estão me batendo”, grita o suspeito pedindo ajuda dos demais familiares. “Pelo amor de Deus, para com isso”, grita uma mulher. “Sai daqui”, diz o soldado para a mulher que tenta retirar o PM.
Vereador se envolve na confusão
Outras pessoas que estavam na casa entraram na confusão, entre eles o vereador Divonei dos Santos (PL-SC), de 49 anos, que aparece no vídeo empurrando o militar, de 37 anos, e tentando imobilizar o outro soldado, de 35 anos, com um mata-leão. O profissional teve lesões no braço direito e no pescoço, como mostram as imagens abaixo.
No BO, o militar descreveu que o parlamentar disse: “vocês não sabem com quem estão se metendo” e gritado que falaria com o governador de Santa Catarina para que transferisse os policiais militares envolvidos na ocorrência para outra cidade.
Diante do barulho do tumulto, não é possível no vídeo ouvir as afirmações feitas pelos militares no documento. As imagens mostram que os dois policiais são empurrados para fora da casa, um deles pelo próprio vereador Divonei. Enquanto isso, o rapaz que fugiu dos policiais diz: “Suma daqui, demônio, sumam daqui, diabedo, sumam daqui”.
Imagem anexada ao Boletim de Ocorrência mostra as lesões que ficaram no policial – Foto: Polícia Militar/Divulgação
Já fora da residência, de acordo com as imagens, os homens pedem que os militares atirem e xingam: “vagabundo, porco careca”. Enquanto isso, o vereador Dioveni conversa como se tentasse acalmar os policiais. Por fim, os militares seguem para a viatura e a confusão se acalma. Tudo o que aconteceu também foi registrado pelas câmeras acopladas no colete dos agentes, segundo o documento.
Os policiais pediram apoio de equipes de cidades vizinhas para controlar a situação. No BO eles disseram que “após a chegada dos policiais de Abdon Batista e Campos Novos, ainda com muita interferência do Divonei dos Santos, foi conseguido efetuar a prisão do autor do crime por desacato, embriaguez ao volante, resistência, desobediência, além do crime de direção perigosa”.
Todos foram levados para a Delegacia de Polícia Civil, prestaram depoimento e liberados em seguida. O vereador seria tio do homem que fugiu da polícia.
O que diz o suspeito?
O homem que fugiu da polícia disse no Boletim de Ocorrência que passou de carro pelo policial, voltou e perguntou porque ele fotografou o veículo. Em seguida, segundo o relato, o militar teria tentado tirar ele a força de dentro do veículo.
Lesões no braço da mulher e no pescoço do homem – Foto: PM/Divulgação
ssa versão foi confirmada por uma mulher de 26 anos, que estava com o suspeito no carro. Ela disse no documento que foi empurrada por um dos policiais e mostrou marcas no braço, assim como o suspeito.
O que diz o vereador?
O vereador Divonei dos Santos disse no Boletim de Ocorrência que escutou gritos de socorro e entrou na casa, momento em que observou os policiais em cima do suspeito. Ele confirmou que tirou o policial do local.
A reportagem do ND+ ligou para o vereador na manhã desta quinta-feira (9), a fim de obter mais informações sobre seu envolvimento no caso. Ele, no entanto, disse que estava na Alesc (Assembleia Legislativa de Santa Catarina), em Florianópolis, e não poderia falar naquele momento.
Retornamos a ligação no início da tarde, mas o vereador não atendeu mais os chamados e também não respondeu à mensagem. O espaço está aberto para posicionamento.
O que diz a Câmara de Vereadores de Vargem?
O presidente da casa disse ao ND+ que a Câmara de Vereadores não tem nada a ver com a vida particular dos vereadores e não comentou o assunto.
O que diz o Ministério Público de SC?
Em razão da agressão sofrida, o caso foi registrado pelos policiais em um Boletim de Ocorrência na última terça-feira (7).
Os relatos, bem como as imagens das câmeras acopladas nos militares, foram encaminhados para a 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Campos Novos.
A promotoria, por sua vez, informou ao ND+ que “nos próximos dias, a 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Campos Novos, que atua na área criminal, irá instaurar um procedimento para que a Polícia Civil analise os atos do vereador no referido episódio”.
O que diz a Aprasc?
A Aprasc (Associação de Praças de Santa Catarina) afirmou em nota oficial que os policiais militares envolvidos na ocorrência estão recebendo assessoramento jurídico:
Nota oficial 
Os policiais militares associados da APRASC que atuaram nesta ocorrência estão tendo todo o assessoramento jurídico necessário da entidade. Os advogados da APRASC estão verificando a situação para apurar o que ocorreu e tomarão as medidas cabíveis necessárias para defendê-los.
O que diz a Fenepe?
João Carlos Pawlick, presidente da Fenepe (Federação Nacional de Entidades de Praças Estaduais) avaliou que a história poderia ter um desfecho trágico e acrescentou que o setor jurídico está à disposição dos militares:
 A ação do Suposto vereador e demais envolvidos é um flagrante de agressão e obstrução do serviço da polícia. O caso em tela poderia ter tido um desfecho pior se não fosse o profissionalismo o treinamento neste tipo de cenário o qual passa a PMSC.  Há caso semelhante em outro estado que acabou em tragédia. E colocamos nosso setor jurídico a disposição dos policiais militares.


Fonte: ND +
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