Nos primeiros meses de 2023 foram notificados 18 casos de meningite bacteriana em Santa Catarina. Pelo menos quatro pessoas morreram em decorrência da doença, segundo a Dive (Diretoria de Vigilância Epidemiológica). Com a criança de 11 anos que faleceu em Itajaí, e que não constava nos dados da Dive até essa quarta-feira (1º), o número sobe para cinco.
Pelos dados do sistema da Dive, as mortes — registradas entre janeiro e fevereiro — são de pessoas que residiam em Timbó, Xanxerê, Ilhota e Itajaí. Veja as idades:
- 57 anos residente de Timbó- 6 meses morador de Xanxerê
- 24 anos morador de Ilhota
- 55 anos residente de Itajaí
- E a morte da menina de 11 anos, Júlia Eduarda Medeiros, também em Itajaí, mas que ainda não foi computada pela Dive.
Ainda conforme a Dive, esses números não são absolutos e podem sofrer alteração, pois os municípios têm prazo de até 60 dias para atualizar o banco de dados.
De acordo com os dados atuais disponíveis na Dive, o número de mortes pela doença é menor neste ano, se comparado com os registrados no mesmo período de 2022. No ano passado, sete pessoas morreram nos dois primeiros meses por conta da doença em Santa Catarina.
O número de casos notificados até o momento também é menor neste ano — são 11 a menos que em 2022, quando foram registrados 29 casos de meningite bacteriana, entre janeiro e fevereiro.Vítima recente da doença
Uma menina de 11 anos morreu na última sexta-feira (24) no Hospital Pequeno Anjo em Itajaí, Litoral Norte de Santa Catarina, por meningite bacteriana. A morte de Júlia Eduarda Medeiros, de 11 anos, foi confirmada pela família.A criança foi levada ao hospital após sentir fortes dores na cabeça e febre. Na unidade foi dado o diagnóstico de meningite bacteriana. Ela chegou a ser intubada, mas o quadro era irreversível e ela teve morte cerebral.
Redução gradual na cobertura vacinalA cobertura vacinal de imunizantes que protegem contra diferentes tipos de meningite registra uma queda gradual ao longo dos últimos anos. Em 2022, a cobertura atingiu índices melhores que no ano de 2021, contudo foi mais baixa que anos anteriores.
“Temos, infelizmente, a cobertura abaixo da meta para todas as vacinas. Então, é preocupante, porque com a cobertura baixa podemos registrar um aumento no número de casos, e de crianças e adolescentes ficando doentes por meningite”, destaca a gerente de imunização da Dive, Arieli Fialho.
A gerente acrescenta que vários fatores podem colaborar para abaixa cobertura vacinal. Entre eles, Arieli destaca que, muitas vezes, pais e responsáveis acabam deixando de levar os filhos vacinar, por trabalharem nos horários que as unidades estão funcionando e aplicando a vacina.Outro fator seria a propagação de informações falsas, que tentam desacreditar a eficácia e a importância dos imunizantes.
“Atribuímos a diversos fatores, um dos principais é o próprio sucesso da vacinação, porque com a implantação de várias vacinas no calendário vemos a diminuição de várias doenças. Isso pode causar uma falsa sensação de segurança na população, que pode acreditar que a doença não exista mais. Mas, pelo contrário, precisamos continuar vacinando para que algumas doenças não retornem ou para não apresentarem aumento no número de casos”, explica.Arieli salienta serem disponibilizadas na rede pública cinco vacinas que protegem contra vários tipos de meningite e estão disponíveis para a população. Os imunizantes fazem parte, principalmente, da vacinação da primeira infância, mas há vacina que pode ser aplicada em adolescentes, por exemplo.
“Os pais e responsáveis precisam ficar atentos e levar as crianças e adolescentes, com as cadernetas de vacinação, para uma unidade de saúde, onde o vacinador irá olhar e colocar em dia as que faltam ser aplicadas”, diz.“Importante que procurem as unidades para manter a vacinação em dia”, reforça. Segundo ela, a vacina é importante para não agravar a doença, e evitar hospitalizações e óbitos.