Deitar na cama e não conseguir dormir. Vira de um lado e vira do outro... Respira fundo e tenta desacelerar a mente. O dia amanhece e você nem conseguiu dormir direito, parece estar mais cansado do que na noite anterior.
Essa é uma realidade para mais de 73 milhões de brasileiros que sofrem com insônia, de acordo com pesquisa da Associação Brasileira do Sono (2021). O distúrbio do sono é caracterizado pela dificuldade de dormir e compreende uma vasta gama de condições clínicas que afetam a qualidade, o tempo ou a duração do sono e interferem na capacidade de uma pessoa funcionar adequadamente enquanto acordada. Um problema que provoca diversas consequências no dia a dia, podendo ser de curto (agudo) ou longo prazo (crônico).
O médico neurologista e coordenador do Centro de Diagnóstico de Distúrbio do Sono (CDDS), do Hospital Unimed Chapecó, Auney de Oliveira Couto, dia que as complicações na saúde ocasionadas por distúrbio do sono refletem em problemas psicológicos e físicos.
Na primeira situação ele destaca o baixo raciocínio, reação lenta, depressão, transtornos psiquiátricos e problemas de memória. Para a saúde física, os efeitos incluem o mau funcionamento do sistema imunológico, aumento da obesidade, hipertensão arterial, risco de doenças do coração e diabetes.
Apneia do sono e ronco
Outro diagnóstico bastante comum é a apneia do sono – condição definida por paradas repetidas e temporárias da respiração enquanto a pessoa dorme. Cada pausa dura, no mínimo, 10 segundos, no entanto, podem chegar até dois minutos.
“A apneia ocorre quando o ar suficiente não consegue ir até os pulmões durante o sono. Essa síndrome é caracterizada pela obstrução parcial ou total das vias aéreas enquanto a pessoa dorme, reduzindo de 30% a 100% do fluxo de ar do nariz ou da boca até os pulmões. Outros sintomas da apneia do sono são a sensação de que o sono não restaurou o cansaço do dia anterior, sonolência durante o dia, irritabilidade, esquecimento, engasgos noturnos, dores de cabeça pela manhã, entre outros”, explica o médico otorrinolaringologista e especialista em medicina do sono e médico cooperado da Unimed Chapecó, Rodrigo Kohler.
As principais queixas de apneia obstrutiva do sono estão relacionadas ao ronco, engasgos noturnos e despertares frequentes, sonolência excessiva diurna e fadiga crônica. Para o diagnóstico, é feita avaliação médica e exame de polissonografia (procedimento realizado enquanto a pessoa dorme no laboratório do sono), visando marcar os eventos respiratórios e estagiar o sono para verificar como o paciente dormiu naquela noite.
A endocrinologista Mari Cassol explica que a obesidade é um importante fator de risco para o desenvolvimento e a progressão da Apneia Obstrutiva do Sono (AOS). “A prevalência de apneia em pacientes obesos é quase o dobro do que em adultos com peso normal”, informa, dizendo que a perda de peso constitui uma importante intervenção para esses pacientes.
Boa noite de sono
O neurologista Auney destaca ainda que é importante estabelecer horários e rotinas para deitar e acordar. Manter o quarto confortável, controlar a temperatura, luminosidade e barulho, evitar o uso de tecnologias como celulares e computadores próximo aos horários de dormir e não consumir café ou outras bebidas estimulantes no período noturno.