"Nós estaremos lançando brevemente um edital voltado para a redução de filas de exames e procedimentos de saúde. Com relação às cirurgias, nós temos a meta de chegar neste ano a 500 mil cirurgias numa avaliação ainda imprecisa, porque temos na medida em que o processo começa, de que temos 1 milhão de cirurgias a serem realizadas", disse Nísia em entrevista à TV Brasil.
"As mais comuns são as cirurgias ortopédicas, apesar de haver grande variação no Brasil. Nós temos também cirurgias que não podem aguardar, como é o caso das cirurgias voltadas para a área de oncologia, e que naturalmente têm que ter tratamento de prioridade", completou a ministra.
Em decorrência da pandemia de Covid-19, o SUS está com mais de 1 milhão de procedimentos hospitalares em atraso, em comparação aos anos anteriores (2014-2019). Os dados são de um documento elaborado por pesquisadores do MonitoraCovid-19, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), e do Proadess (Projeto de Avaliação do Desempenho do Sistema de Saúde).
"Procedimentos com finalidades diagnósticas e cirúrgicas apresentaram expressiva diminuição desde 2020. Em algumas causas, observa-se recuperação dos níveis históricos de atendimento, entretanto a oscilação observada no período pandêmico apresenta relação temporal direta com ondas de aumento de casos subsequentes de Covid-19 no país, possivelmente relacionada ao impacto da atenção à doença nos serviços de saúde", diz o documento.
Os principais procedimentos prejudicados foram: cirurgias do aparelho digestivo, do aparelho geniturinário, do aparelho circulatório, das vias aéreas superiores, pequenas cirurgias e cirurgias de pele, tecido subcutâneo e mucosa, ainda de acordo com o levantamento das instituições.
Cargo
Recentemente, parlamentares fizeram pressão junto ao Palácio do Planalto para que o posto ocupado pela ministra fosse vago. No entanto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não tem planos para demiti-la. Na entrevista, Nísia foi questionada sobre a cobiça do Centrão pelo cargo e respondeu que está "tranquila e feliz".
"O cargo é muito importante, mas tenho trajetória dedicada ao SUS e à democracia. Eu creio que neste momento aperfeiçoar as relações com o Poder Legislativo tem que ser o foco do governo e tem sido. Como de fato chegarmos num equilíbrio nessa relação e isso é o objetivo central. A permanência no cargo é prerrogativa do presidente, sou ministra de Estado, tenho carreira e trajetória voltada à defesa do SUS e fico tranquila e feliz", afirmou Nísia.
"O importante para o Brasil é que o Ministério da Saúde se fortaleça. Passamos por uma crise gravíssima, a pandemia de Covid-19 teve um efeito muito maior do que poderia ter, uma vez que perdemos 700 mil vidas, houve negacionismo e a desestruturação do SUS, que é um patrimônio nosso. A minha convicção é de fortalecer esse trabalho o máximo possível enquanto merecer essa confiança do presidente, que é quem define o seu ministério", acrescentou.
Febre maculosa
Ainda na entrevista, a ministra da Saúde relembrou que há medicamentos disponibilizados pelo SUS contra a febre maculosa, doença que matou cinco pessoas que frequentaram festas numa fazenda localizada em Campinas (SP).
"Existe medicamento e é disponibilizado pelo SUS e é possível, com isso, evitar que as pessoas que contraiam a doença cheguem ao agravamento da sua saúde ou até mesmo infelizmente a morte como aconteceu", relatou.
Segundo Nísia, a posição do ministério neste momento é de se colocar junto à Secretaria de Saúde de São Paulo, onde foram registrados os casos, fazer um mapeamento da melhor forma possível e contribuir com o manejo clínico.