O Copom (Comitê de Política Monetária), do BC (Banco Central), afirmou, nesta terça-feira, que a continuidade da deflação, verificada nos últimos meses, pode possibilitar a redução da taxa de juros em agosto. A informação foi divulgada na ata da reunião, encerrada na última quarta-feira, a sétima seguida em que os diretores da entidade decidiram manter a taxa Selic em 13,75% ao ano.
"A avaliação predominante foi de que a continuação do processo deflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião", diz o documento.
Com isso, os membros do Copom, responsáveis por fixar a taxa de juros básica da economia, afirmaram que a queda da Selic vai ocorrer de forma gradual e cuidadosa, o que pode ter início já na próxima reunião do grupo, marcada para o início de agosto.
Segundo os diretores do BC, o processo de queda da inflação, ainda em ritmo lento, “demanda serenidade e paciência na condução da política monetária para garantir a convergência da inflação para suas metas”.
A ata confirma a estimativa de alguns especialistas, anterior à reunião, de que o BC poderia iniciar o ciclo de flexibilização em agosto, quando o aperto monetário mais longo da história do comitê completa um ano. Essa avaliação levava em conta um conjunto de notícias favoráveis sobre o cenário inflacionário, posteriores à reunião realizada em maio.
“O Copom conduzirá a política monetária necessária para o cumprimento das metas e avalia que a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado tem se mostrado adequada para assegurar a convergência da inflação", diz a ata referente aos encontros da semana passada.
Nela, o comitê usa as palavras cautela e parcimônia e afirma, ainda, "que irá perseverar até que se consolide, não apenas o processo de desinflação, como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”.
A forma como o BC tem conduzido a política de juros no país é alvo de críticas do governo, de membros do Congresso Nacional e de setores empresariais. Os membros do Copom, entretanto, defendem seu posicionamento, dizendo que cortes de juros “exigem confiança” na trajetória de queda da inflação, e que reduções “prematuras” dos juros podem gerar “reacelerações do processo inflacionário”.