O mundo registrou o mês de junho mais quente da história em 2023, consequência do aumento da temperatura nos oceanos, uma série de mudanças climáticas e o retorno do fenômeno El Niño, anunciou nesta quinta-feira (6) o observatório europeu Copernicus.
A temperatura média planetária em junho foi de 16,51ºC. As previsões sobre o rumo do verão boreal (hemisfério norte, inverno no Brasil) são difíceis, mas os recordes de temperatura são batidos ao redor do mundo desde abril, sempre de acordo com os dados do Copernicus, o que aumenta os temores de grandes incêndios florestais e secas.
Ao mesmo tempo, a temperatura ficou abaixo da média no oeste da Austrália, oeste dos Estados Unidos e o oeste da Rússia.
Há 15 anos, o mês de junho supera com frequência as médias do período 1991-2020, mas "junho de 2023 está muito acima dos demais, é um tipo de anomalia com a qual não estamos acostumados", explicou à AFP Julien Nicolas, cientista do observatório europeu. O recorde anterior de temperatura era de junho de 2019, quando ficou 0,37ºC acima da média.
"O recorde de junho de 2023 se deve em grande parte às temperaturas elevadas na superfície do oceano, que constitui 70% da superfície do globo", destacou o Copernicus. As temperaturas já haviam registrado níveis recordes em maio no Oceano Pacífico devido ao fenômeno El Niño.
Em junho, o Atlântico Norte experimentou ondas de calor marinho "que surpreenderam muitas pessoas, com níveis verdadeiramente sem precedentes", afirmou Nicolas. "Um dos fatores é menor velocidade do vendo em amplas zonas do Atlântico Norte", devido a um anticiclone nos Açores que foi o "mais fraco para um mês de junho desde 1940".
"Ondas de calor marinho extremas" foram medidas no Mar Báltico, assim como ao redor da Irlanda e da Grã-Bretanha, país que confirmou há alguns dias o recorde de temperatura para o mês de junho.
Ao mesmo tempo, "o gelo marinho antártico teve sua menor extensão no mês de junho desde o início das observações de satélite, ou 17% a menos que a média", segundo o observatório Copernicus, e novamente por uma margem significativa.