Santa Catarina chegou a nove casos de gripe aviária após dois novos episódios terem sido confirmados pelo Ministério da Agricultura (Mapa). A doença foi detectada na última quinta-feira (3) em pinguins-de-magalhães em São Francisco do Sul, no Litoral Norte do estado, e em Laguna, no Litoral Sul.
Os novos focos não comprometem o status sanitário de Santa Catarina, já que envolvem aves silvestres, e não uma espécie comercial. Isso é motivo de alerta para autoridades e produtores rurais.
O estado já teve oito confirmações envolvendo aves silvestres desde que o primeiro foco veio a público, em 27 de junho, e uma que trata de ave de subsistência, do mês passado.
Potencial devastador
A gripe aviária mostra baixa probabilidade de infectar humanos, mas tem potencial devastador no caso de atingir aves comerciais, em especial em Santa Catarina, o segundo maior produtor de frango do país.— Ela causa uma mortalidade muito alta e em pouquíssimo tempo. E, com uma confirmação, o Brasil perderia o status atual e não conseguiria mais vender produtos de origem aviária para outros países. Então seria uma crise muito grande: tem o problema para o animal e também para o lado social, porque milhares de famílias e indústrias vivem disso — disse o veterinário Diego Torres Severo ao NSC Total em fevereiro, quando confirmações em países vizinhos já causavam alerta em Santa Catarina.
Severo é diretor de defesa agropecuária da Cidasc, órgão estadual de defesa sanitária em Santa Catarina. Na ocasião em que conversou com a reportagem, ele já havia adiantado que o principal foco de transmissão da influenza são as aves silvestres migratórias, caso do pinguim-de-magalhães.
Esses animais podem transmitir o H5N1, causador da doença, para aves locais, que, eventualmente, podem passar o vírus para aves dométicas, de criação comercial ou não.
Como identificar a doença e o que fazer
A Cidasc afirma que eventuais episódios de mortalidade em massa de um grupo de aves já é motivo de alerta, mesmo que ocorra, por exemplo, em alguma praia de Santa Catarina, muito distante das granjas que se concentram no Oeste do estado.Além da alta incidência de morte, a doença pode ser reconhecida pela dificuldade da ave em respirar e pelos sinais clínicos neurológicos, com o animal se debatendo e em posição de torcicolo.A Cidasc alerta que aves silvestres mortas ou com sinais clínicos da doença não devem ser manipuladas.
Para o caso de eventual suspeita de ocorrência da gripe aviária, a Cidasc faz atendimento pelo telefone 0800-643-9300. É possível ainda procurar a unidade mais próxima do órgão, além do IMA, com gerências regionais espalhadas por Santa Catarina, e da Polícia Militar Ambiental (PMA).
O Mapa também recebe notificações por qualquer meio de cada Superintendência Federal de Agricultura e Pecuária ou pelo sistema e-Sisbravet.