Com a promessa de um tratamento rápido e milagroso para emagrecer, clínicas ilegais em Santa Catarina produziam e adulteravam os remédios indicados aos pacientes. Segundo investigação da Polícia Civil, algumas vítimas chegaram a passar mal e foram internadas após ingerirem os medicamentos. Outros, relatam que as clínicas não informavam quais eram os componentes usados nos remédios.
“As vítimas, que passaram pela clínica originária, com a divulgação da operação, estão vindo à delegacia de polícia, trazendo até medicamentos que foram indicados, dizendo que ingeriram e passaram mal. Alguns tiveram que ficar internados no hospital”, afirma o delegado José Gattaz Neto.
Uma paciente da clínica comandada pelo empresário Felipe Francisco, em Joinville, que preferiu não se identificar, contou, com exclusividade ao Portal ND+, como agiam os profissionais do estabelecimento.
Com o objetivo de emagrecer, a vítima contratou um pacote de três meses de consultas com uma nutricionista. Já na primeira visita, a profissional indicou que ela tomasse medicamentos manipulados por eles mesmos, sendo um emagrecedor e um acelerador de metabolismo. “Eu falei para ela que ia pensar, porque eram R$750”, conta a paciente.
No dia seguinte, a mulher resolveu questionar a atendente da clínica sobre os nomes das medicações e suas composições. “Falei que precisava saber o que tinha no medicamento e ela falou que ‘infelizmente os componentes do medicamento a gente não pode falar’. E, eu falei ‘como vou tomar remédio que não sei o que é?’, lembra.
A partir disso, a atendente pediu que ela entrasse em contato com a nutricionista com quem fazia o tratamento, porém, a paciente decidiu não comprar ou tomar as medicações indicadas. A mulher conta que, por ter comprado um pacote, possui duas consultas pagas que ainda não foram realizadas.
Outra paciente, que também preferiu não se identificar, explica que pode ter sido lesada financeiramente, isso porque ela possui consulta e aplicação de medicamentos já pagos e que ainda não foram realizados. As clínicas alvos da operação foram interditadas.
Prisões após venda de remédios adulterados para emagrecer
Ao todo, 14 pessoas foram presas durante a Operação Venefica, que tem como alvo as clínicas ilegais de emagrecimento. Médicos, farmacêuticos e nutricionistas estão entre os presos, entre eles Felipe Francisco. O empresário já havia respondido pelo mesmo crime em 2017.Conforme a Polícia Civil, as clínicas estariam falsificando e adulterando medicações, exercer ilegalmente profissões da área da saúde, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.