Uma média de 500 crianças e adolescentes sofrem abuso sexual por mês em Santa Catarina, segundo dados do Programa Sentinela Estadual, divulgados pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). Porém, a estimativa é que o número seja muito maior. Na avaliação do Ministério Público, cerca de 90% dos casos não são denunciados, por medo dos abusadores ou por desconhecimento do problema.
Os dados compilados pelo MPSC revelam que, no período de janeiro de 2019 a maio de 2023, foram registrados 21,4 mil casos de violência sexual contra pessoas vulneráveis no Estado, sendo 85,91% contra vítimas do sexo feminino.
Esses crimes ocorrem predominantemente no período da tarde, entre 12h e 17h59min. O perfil dos agressores também é notável, com 97% dos registros envolvendo homens, sendo que em 43% dos casos, eles têm idades entre 25 e 50 anos.
Essas informações fazem parte de um mapeamento da violência sexual que possui a finalidade de identificar as características do abuso sexual de menores em Santa Catarina. Luciana Uller Marin, coordenadora do Centro de Apoio Operacional Criminal e da Segurança Pública do MPSC faz parte do projeto, e explica que pela análise dos perfis é possível identificar que a maioria dos casos ocorre dentro do núcleo familiar:
Para a coordenadora, crianças e adolescentes precisam saber diferenciar práticas abusivas de práticas de carinho, já que não é raro que o autor desses abusos seja alguém inserido no contexto familiar, e com algum tipo de autoridade sobre eles.
O Fórum Catarinense Pelo Fim da Violência e da Exploração Sexual Infanto-Juvenil, criado em 1998 com o intuito de prevenir o crime no Estado, recomenda que os filhos sejam orientados a respeito dessa problemática. Além disso, o ambiente familiar precisa ser seguro para os pequenos conversarem sobre esse assunto.
A menina confessou a uma amiga na escola, dizendo que tinha passado pelo mesmo caso da ex-apresentadora de TV. O colégio avisou a família, e o abuso foi confirmado por um psicólogo, que ouviu a menina. O caso ocorreu em 2012.