Pelo menos cinco deputados de Santa Catarina integram o grupo que defende que três questões do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) sejam anuladas. Gilson Marques (NOVO), Daniela Reinehr (PL), Rafael Pezenti (MDB), Julia Zanatta (PL) e Zé Trovão (PL) compõem o grupo que exige explicações imediatas do Ministério da Educação, do Governo Federal.
O ministro da educação, Camilo Santana, deve ser convocado para explicar no Congresso Nacional as questões na prova do Enem 2023 que abordam a atividade agropecuária no Brasil. De acordo com o deputado federal Rafael Pezenti três questões do Enem foram: “ideologizadas, mal formuladas e sem critério científico e acadêmico”.
A Frente Parlamentar da Agropecuária, além de convocar o ministro, deve requerer ao Ministério da Educação informações sobre a banca organizadora do Enem 2023, além de referências bibliográficas utilizadas para a construção do Exame. Nas redes sociais, a deputada Julia Zanatta também se manifestou, pedindo a anulação das questões das provas falando sobre: “a ideologia pregada pelo governo federal, aos candidatos”.
O deputado Gilson Marques cita um suposto “ataque ao agronegócio, críticas ao capitalismo, idolatria à releitura marxista por meio da Escola de Frankfurt e o entendimento raso sobre aquecimento global” como questões que colocam a credibilidade do Enem 2023 em xeque. O parlamentar espera que a Câmara possa “ouvir as explicações do ministro sobre cada um dos 11 apontamentos feitos”.
A deputada Carol de Toni (PL) não está listada entre os parlamentares que já assinaram o documento pedindo explicações ao ministro da Educação sobre as questões do Enem, mas evidenciou que as questões seriam uma “afronta à inteligência dos examinandos”. “Pediremos o afastamento de Camilo Santana, ministro da Educação de Lula. Além das providências que a bancada ruralista já irá tomar, entendemos que a saída deste ministro é necessária”, defendeu.
A FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária) divulgou uma nota em que pede ao Governo Federal explicações sobre três questões do primeiro dia de prova do Enem. No documento, é solicitada a anulação das questões 89, 70 e 71, pois, na avaliação da entidade, as perguntas “são mal formuladas, de comprovação unicamente ideológica” e permitem “que o aluno marque qualquer resposta, dependendo do seu ponto de vista”.
A questão 89 abordou fatores negativos do agronegócio no Cerrado, mencionando, por exemplo, a “superexploração dos trabalhadores” e as “chuvas de veneno” (uma referência ao uso de agrotóxicos). Já a questão 71 trata da nova corrida espacial financiada por bilionários e a questão 70 tem como mote o avanço da cultura da soja e o desmatamento na Amazônia.
Os parlamentares defendem que houve “negacionismo científico” contra um setor que confere “segurança alimentar ao Brasil e ao mundo”.
Após prova do Enem, deputados ligados ao setor do agronegócio apontam números no país
Nos pedidos de anulação das questões do Enem e em defesa ao setor do agronegócio no Brasil, a frente divulgou dados da cadeia produtiva no país. Segundo as informações, o movimento neste ano já superou os R$ 2,63 trilhões. Cerca de 24,4% do PIB nacional.
Os parlamentares também apresentam dados que o setor tem um superávit de emprego e renda para 28 milhões de brasileiros. Os números ainda demonstram que o território nacional tem 66,3% das áreas preservadas e de proteção à vegetação nativa. Desses, 33,2% estão em propriedades privadas.
Inep diz que não interfere na elaboração das provas do Enem
Inep diz que não interfere na elaboração das provas do Enem
O ministro da Educação, Camilo Santana, ainda não e manifestou sobre os pedidos dos parlamentares. Em resposta, o órgão do governo responsável pela elaboração da prova, o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), afirma que o banco de questões é formulado por professores independentes selecionados por edital.
“As questões do Exame Nacional do Ensino Médio são elaboradas por professores independentes, selecionados por meio de edital de chamada pública para colaboradores do Banco Nacional de Itens (BNI). O Inep não interfere nas ações dos colaboradores selecionados para compor o Banco. O processo envolve as etapas de elaboração e revisão pedagógica dos itens, além de validação pelo trabalho de uma comissão assessora”, diz a nota divulgada.
Além disso, os deputados petistas de Santa Catarina, Ana Paula Lima e Pedro Uczai comentaram sobre a valorização da educação que está sendo proposta pelo Governo Federal e elogiaram o tema proposto na redação, que falou sobre o trabalho das mulheres.
Em Brasília, o consenso entre os parlamentares que são da base governista, divulgado em redes sociais, destaca que o Ministério deve respeitar a formulação feita pelos professores e que “o posicionamento da FPA é político”.
A possiblidade de as questões serem anuladas só serão divulgadas no dia 24 de novembro, quando for apresentado o gabarito oficial do Exame. Em 2022, uma questão de matemática, com um erro de digitação foi anulada no Enem.
O Enem é uma forma de ingresso em universidades e institutos públicos e privados. É realizado por estudantes ao término da educação básica. No primeiro dia de provas, os estudantes realizaram: 45 questões de linguagens (40 de língua portuguesa e 5 de inglês ou espanhol); 45 questões de ciências humanas, além da redação.
