Os termômetros devem seguir batendo recorde no Brasil nos próximos dias. Em meio ao calorão, a demanda por energia no país aumentará em até 15,6% nesta semana, na comparação com o período de 11 a 17 de novembro de 2022. Essa projeção é do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), por meio do SIN (Sistema Interligado Nacional).
Se esse número, que está no boletim mais recente do ONS, for confirmado, vai ser a primeira vez no ano que a variação, na comparação com o mesmo período do ano passado, apresenta uma alta de dois dígitos.
No boletim anterior, o operador nacional estimou que a demanda de novembro seria de 77.394 MWmed, alta de 7,6% na comparação com o mesmo período de 2022. A estimativa foi revisada para cima em reunião da entidade na última sexta (10).
Quanto à demanda por submercados, o boletim mais recente do ONS informa que o subsistema que abastece a região Norte deverá ter a maior variação no consumo de energia elétrica, de 15,6% (7.752 MWmed).
O subsistema das regiões Sudeste/Centro-Oeste, o mais importante do país, vem na sequência, com variação de 12,1%, e deve atingir uma carga de 45.513 MWmed. Depois, vêm Nordeste, com alta de 11,6% (13.407 MWmed), e Sul, com avanço de 4,4% (13.109 MWmed).
No boletim anterior, o ONS havia informado que a ENA (Energia Natural Afluente), quantidade de água recebida de forma natural por uma usina hidrelétrica e que pode ser transformada em energia, do Sudeste/Centro-Oeste deve fechar novembro em 113% da MLT (Média de Longo Termo).
Trata-se de um patamar superior ao que foi divulgado na primeira projeção, de 92%. A variação positiva tende a reduzir a necessidade de acionamento das usinas termoelétricas para abastecer as regiões, o que poderia ocasionar em um aumento das contas de luz. O movimento é diferente do enfrentado em alguns estados do Norte e do Nordeste, que sofrem com um período de seca.
O relatório mostra ainda que a energia armazenada nos reservatórios apresenta estabilidade, e está mantida a possibilidade de os subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Sul encerrarem novembro acima de 60%, números também superiores aos divulgados nas projeções anteriores.
Se o que está previsto para o Sudeste/Centro-Oeste se confirmar, o índice será 23,4 pontos percentuais superior ao de novembro de 2022, o melhor resultado para a época em toda a série histórica, iniciada em 2000. As indicações no Nordeste e Norte seguem o mesmo padrão.
Na tarde desta segunda-feira (13), o Brasil alcançou uma marca histórica de demanda de energia elétrica, atingindo 100.480 MW (megawatts), o equivalente a 100,542 GW (gigawatts).
Segundo o ONS, o recorde foi motivado pelo calor intenso na região Sudeste. A média de consumo de energia no país ao longo de um mês é de, aproximadamente, 73 mil MW.
A onda de calor que atinge o Brasil fez o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) emitir um alerta vermelho de grande perigo em seis estados e no Distrito Federal. As temperaturas nesses locais devem ficar 5°C acima da média por mais de cinco dias consecutivos.
A empresa MetSul meteorologia alerta sobre a possibilidade de haver interrupções no fornecimento de energia elétrica em várias cidades, causadas pelo calor extraordinário e sem precedentes. São cortes localizados, devido a problemas na rede de distribuição, em razão das altas temperaturas.
Ondas de calor como a desta semana, em que há aumento da demanda de energia, podem levar a rodízios de cortes, realizados para atenuar a carga sobre o sistema, como já acontece em outros países nos dias mais quentes, diz a MetSul.
O objetivo é evitar um apagão, que pode ser provocado pela pressão sobre a rede elétrica, causada pelo aumento do uso de equipamentos, caso não haja eletricidade suficiente disponível no sistema. Esse é o pior cenário para os operadores de rede em todo o mundo, o que eles lutam para evitar, com as ondas de calor extremo.