Ainda que o câncer de próstata seja mais incidente na terceira idade, sendo que 75% dos casos ocorrem em homens a partir dos 65 anos, a doença também pode aparecer em jovens, segundo a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). O SCC10 conversou o urologista do Hospital Baía Sul, Vicente Codagnone Neto, para falar sobre a doença e os cuidados que os homens devem ter com a sua saúde.
Os fatores de risco devem ser uma atenção de homens de todas as idades, com alertas a sinais como:
- Sangue na urina ou sêmen;
- Dor ao urinar;
- Jato urinário mais fraco;
- Sensação de esvaziamento incompleto da bexiga;
- Dor óssea;
- Obesidade;
- Sedentarismo;
- Hereditariedade.
Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) estimaram cerca de 72 mil novos casos neste ano no Brasil. De acordo com o urologista, o câncer de próstata (CaP) é a neoplasia sólida mais comum e a segunda maior causa de óbito oncológico no sexo masculino.
“A próstata é uma glândula encontrada nos homens e tem o tamanho aproximado de uma noz. Está localizada entre o pênis e a bexiga, e é responsável pela produção do líquido prostático, que serve para nutrir o espermatozoide no processo de fecundação”, explica.O câncer de próstata pode ser assintomático
Ainda de acordo com o Dr. Vicente, apesar da atenção aos fatores de risco, os homens devem cuidar da sua saúde e fazer exames regulares, porque normalmente, no estágio inicial, quando há 90% de chance de cura, o câncer de próstata é assintomático.
“Em fase mais avançada, pode haver sangramento na urina e dor óssea, mas normalmente, já caracterizando o estágio avançado e/ou metástase”, explica o médico.Atualmente, cerca de 20% dos casos ainda são diagnosticados em estágios avançados.
“Mas é importante ressaltar que houve um declínio nas últimas décadas, em decorrência, principalmente, de políticas de rastreamento da doença e maior conscientização da população masculina. Por isso, é tão importante falar sobre o tema e impulsionar campanhas como a do Novembro Azul”, completa o urologista.Câncer de próstata não tem relação com a orientação sexual
Um mito em relação à doença é a sua relação com a orientação sexual das pessoas.“A própria SBOC esclarece que nenhum tipo de relação sexual, seja ela heteronormativa ou homossexual, é causa ou fator de prevenção para o câncer de próstata”, ressalta Vicente.
O que acontece é que pessoas nascidas homens, mas que passaram pelo processo de redesignação sexual, devem manter o exame de próstata, uma vez que o órgão geralmente não é retirado em cirurgias de redesignação. O exame de toque retal e PSA também devem ser mantidos nessa população.Principais cuidados
A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) recomenda que homens a partir de 40 anos procurem um profissional especializado para avaliação individualizada.O rastreio do câncer de próstata com PSA e toque retal devem ser feitos em pessoas da raça negra ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata a partir dos 45 anos e em todos os homens a partir dos 50 anos.
O rastreamento deverá ser realizado após discussão de riscos e potenciais benefícios, de acordo com cada caso. Após os 75 anos, o exame poderá ser realizado apenas para aqueles com expectativa de vida acima de 10 anos.Tipos de tratamento para cada caso
Para pacientes diagnosticados com tumores de baixo risco, é possível optar pela intervenção radioterapeuta ou cirúrgica, e também pelo regime de observação vigilante, que consiste em avaliações periódicas por meio de toque retal, dosagem do PSA e ressonância magnética da pelve, reservando a biópsia prostática para ser realizada em intervalos variados. O tratamento definitivo deve ser indicado caso seja identificada progressão da doença em pacientes com expectativa de vida maior que 10 anos.
Homens portadores de tumores classificados como de risco de progressão intermediário ou alto podem, em fases iniciais, serem adequadamente tratados e curados. A cirurgia robótica para o tratamento do câncer de próstata é atualmente o procedimento cirúrgico mais moderno e menos invasivo no tratamento do câncer de próstata, com ótimos resultados funcionais e oncológicos.