O Brasil testemunhou o resgate de 3.151 trabalhadores que se encontravam em condições de escravidão, conforme relatório da Agência Brasil. Esse número representa o maior registro desde 2009, quando 3.765 pessoas foram libertas de situações de trabalho degradantes. No entanto, esta estatística preocupante também aponta para um retrocesso no país, dado o baixo número de auditores fiscais do trabalho, que atingiu o seu menor nível em 30 anos.
O trabalho no campo continua liderando as estatísticas de buscas. O cultivo de café registrou o maior número de trabalhadores libertados, com 300 pessoas resgatadas, seguido pelo plantio de cana-de-açúcar, que contabilizou 258 resgates. Em termos de estados, Goiás registrou o maior número de resgates, com 735 casos, seguidos por Minas Gerais (643), São Paulo (387) e Rio Grande do Sul (333).
Uma trabalhadora idosa, resgatada apresentou sua experiência: “Foram 30 anos sem ganhar salário. Até cheguei um ponto em que ela não queria mais que eu comesse, que eu tomasse café. Eu só podia ir para meu quarto tarde da noite, não podia conversar mais com ninguém.” Infelizmente, ela faleceu devido a uma parada cardiorrespiratória antes de receber qualquer indenização da Justiça.
“Isso era esperado, já que nos últimos quatro ou cinco anos não tivemos ações diretas de combate ao trabalho escravo. Isso foi feito em um acúmulo de pedidos de ajuda de trabalhadores em situação análoga ao trabalho escravo. Portanto, não vemos isso como uma surpresa, mas sim como uma carência. Temos poucos auditores do Ministério do Trabalho realizando fiscalizações“, explicou Roque Renato Pattussi, coordenador de projetos no Centro de Apoio Pastoral do Migrante.
O Ministério do Trabalho e Emprego registra a falta de pessoal, mas destaca que o governo conseguiu aumentar o número de resgates, mesmo com o menor número de auditores fiscais do trabalho desde a criação da carreira em 1994.