Com o lema "o país não está à venda", a paralisação geral foi convocada pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), a maior central sindical do país, a partir do meio-dia (mesmo horário em Brasília), por um período de 12 horas. A Confederação de Trabalhadores Argentinos (CTA), segunda maior central sindical, também aderiu, assim como setores do peronismo.
Os bloqueios fazem parte do “protocolo antipiquetes”, contra os bloqueios de vias, adotado pela ministra da Segurança Patricia Bullrich em dezembro, em que só se permite que os manifestantes fiquem nas calçadas. Em dezembro não funcionou, e polícia e manifestantes entraram em confronto em Buenos Aires em um protesto contra as medidas de Milei.
Apesar da paralisação, muitos comércios estão funcionando normalmente na capital argentina nesta quarta-feira (24).
Governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, participa da paralisação em meio à multidão. Ele chegou à concentração da CGT por volta do meio-dia e foi criticado por Bullrich: como governador, ele tem que fazer cumprir a lei, não a violar. Gostaríamos que ele/ela estivesse trabalhando e não participando de uma mobilização", disse a ministra.
Contra as medidas econômicas
O objetivo é protestar contra o "decretaço", uma Medida Provisória que faz diversas modificações na economia e nas leis trabalhistas e outros setores, e contra a chamada lei omnibus, projeto de lei prevê "superpoderes" para Milei e prevê a privatização de empresas estatais, entre outras questões. As duas precisam de aval do Congresso —a diferença é que o "decretaço", por ser uma Medida Provisória, já está em vigor.
A Argentina vive uma das piores crise econômicas de sua história recente: cerca de 40% da população vive na pobreza e a inflação chegou a 211,4% em 2023, o maior nível desde a hiperinflação de 1990. O governo Milei, que assumiu em 10 de dezembro, diz que as medidas servem para tentar estabilizar a economia, equilibrar as contas públicas e reduzir a inflação.
Os manifestantes marcharam em direção ao Congresso com o objetivo de pressionar os deputados e senadores a não aprovar as leis. Ao contrário do que planejava inicialmente, o governo Milei tem cedido em alguns pontos para aprovar a lei omnibus.